protesto santa casa viseu
proteção civil carregal do sal
Dgartes - Ribolhos - Terra do Barro Negro
261121083019a9f55af575cc44675655afd52fd8ee0b7e8852f2
221221102816ea5e4a48ad2623f3eea1d59d63cf34ae78d05d1d
140122144234ddd8df4b510d3e43d02babb42d9dd1f2fb699a5c

Antes de começar a renovação de qualquer divisão na sua casa, é…

27.11.24

Hoje apresentamos a Sharon, uma cadelinha Maltez com 11 anos. Vem de…

26.11.24

O espaço de arquitetura, em colaboração com a Finstral, organizou mais uma…

26.11.24
photo-1542751371-adc38448a05e
criaverde concreta
pentagnum mangualde
Home » Notícias » Covid-19 » Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa

Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa

 Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa
08.10.23
fotografia: Jornal do Centro
partilhar
 Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa
27.11.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa

O psicanalista e professor da Universidade de São Paulo Christian Dunker considera que há hoje uma industrialização da depressão que a desliga da forma como as pessoas vivem, focadas em resultados como se fossem uma empresa.

Em conversa com a Lusa, considera que o atual sistema socioeconómico, que denomina de neoliberal, põe o próprio indivíduo a ver-se como uma empresa – a entender como naturais conceitos como produtividade, concorrência, rentabilidade, métricas, em que tudo é sujeito à “lógica mercantil”, ao “custo benefício”, o trabalhador é “capital humano” e os filhos um “investimento no futuro” – e a sofrer por não conseguir cumprir tudo o que lhe é exigido e por sentir que os seus sonhos não são adequados.

“O paciente depressivo olha para si e julga que é insuficiente, que não está à altura”, afirma o psicanalista brasileiro e professor de psicologia da Universidade de São Paulo.

“Se a gente quer melhorar alguma coisa nos índices de saúde mental, quais são os procedimentos? Racismo zero, bullying zero, assédio sexual e moral zero, cuidado com a condição de desemprego, com a violência doméstica. Esta ligação óbvia, evidente, foi desfeita”, disse o psicanalista brasileiro no lançamento do livro “Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico”, que decorreu no Museu do Aljube, em Lisboa.

Para os organizadores do livro, Christian Dunker, Vladimir Safatle & Nelson da Silva Júnior, investigadores do Laboratório de Pesquisa em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da Universidade de São Paulo, a depressão (termo usado até para descrever a crise financeira de 1929, a Grande Depressão) foi-se tornando paulatinamente “a categoria clínica central” do sofrimento psíquico, individualizando o sofrimento.

“Sofrer passou a ser, de alguma medida, estar no espetro que vai da depressão para a ansiedade e da ansiedade para a depressão”, afirmou Dunker na apresentação do livro.

Na conversa com a Lusa, Christian Dunker diz que “não é que não exista a depressão, mas há uma industrialização do sofrimento depressivo, do hiper-diagnóstico, do excesso de medicação”, em que se pensa a depressão como défice de neurotransmissores (falta de serotonina ou dopamina, como “se fosse uma diabetes mental” em que se repõe insulina) e “não como resultado da forma como se trabalha, fala e ama”.

Para Dunker, tal é evidente no mundo do trabalho caso de quando se fala de aumentos salariais e as empresas respondem com a produtividade.

“Essa discussão sintetiza a moralidade que define o neoliberalismo, vamos ter de pressionar mais você, deixar você com mais medo, mais insegurança alimentar, mais insegurança no emprego para que você produza mais”, afirma.

Dunker considera mesmo que se passou de um tempo em que havia a ideia de que se devia proteger os trabalhadores (com férias, descanso, ergonomia), pois assim produziam mais, para um tempo em que se “prescinde disso, o neoliberalismo pressupõe que haver oferta de trabalho já é uma benesse” e se usa o medo como estratégia, entendendo que “as pessoas com medo trabalham mais”. Para o investigador, são paradigmáticos os sistemas de avaliação nas empresas, nas escolas, nos hospitais.

“Há uma cultura em que as pessoas precisam de saber do valor agregado que estão a produzir ou entram no espectro do desemprego. O que é a cultura da avaliação? É a cultura que incita a sofrer individualmente. Se você perdeu o seu emprego é porque você fez algo errado, é administrar a culpa e individualizar a culpa”, considera.

Para Dunker, tudo isto “modifica a nossa relação connosco, com outros e implode toda relação de solidariedade”, pois “o outro é concorrente, que pode produzir mais valor”.

Christian Dunker considera ainda que nesta cultura tem sido instrumental o uso do conceito de austeridade, um conceito moral que virou económico e em que quem não concordar com ele não é uma pessoa moralmente correta.

“Não pode gastar muito, não pode sonhar muito, se conforme em ser pequeno, austero. O depressivo tem o sentimento de estar aquém do que gostaria, o desejo dele é algo secundário. Afeta a capacidade de o sujeito se envolver com os seus desejos, a anedonia”, diz.

 Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa

Outras notícias

pub
 Depressão está ligada a vivermos como se fossemos uma empresa

Notícias relacionadas

Procurar