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SARS-CoV-2, Monkeypox e agora Langya. Os anos 20 do novo milénio têm-nos presenteado com tremendos desafios de saúde pública no que diz respeito a doenças infeciosas emergentes e reemergentes. Uma infeção emergente é definida como uma nova infeção que não era conhecida anteriormente ou uma infeção conhecida que tem um aumento recente na sua prevalência.
Os surtos do vírus da imunodeficiência (HIV) e do coronavírus responsável pela síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV) são exemplos de doenças infeciosas emergentes que o público não enfrentava antes dos anos 1980 e 2003, respetivamente. Uma infeção reemergente é uma infeção conhecida que se repete com regularidade. As pandemias do vírus da gripe A de 1918, 1957, e 1968 são exemplos de infeções reemergentes.
Diversos fatores contribuem para o aparecimento destas doenças. Alguns destes são complexos, mas podem ser classificados em três categorias diferentes: fatores virais, fatores humanos, e fatores ambientais.
Os fatores virais dizem respeito à evolução dos agentes virais e da sua adaptação ao ambiente onde estes estão inseridos. A maior parte dos vírus que causam doenças emergentes têm taxas de mutação muito elevadas o que leva à sua rápida evolução e adaptabilidade ambiental, permitindo-lhes atingir o equilíbrio adaptativo dentro do seu hospedeiro muito rapidamente.
Outra questão diz respeito à crescente desconfiança na ciência e a recusa em vacinar crianças e adultos, o movimento conhecido como Anti-Vax. As vacinas são um dos maiores triunfos da ciência e foram as responsáveis pelo declínio massivo de doenças potencialmente perigosas como o sarampo e a poliomielite. A falta de vacinação contra doenças facilmente evitáveis com recurso às mesmas, leva ao ressurgimento de doenças infeciosas outrora tidas como extintas.
Os fatores humanos dizem respeito ao crescimento da população, à globalização e à urbanização. Surpreendentemente, a evolução dos vírus não parece ser a principal causa de aparecimento de novas doenças uma vez que estes são estáveis dentro do seu nicho ecológico particular.
Os fatores humanos são na realidade os fatores que mais impulsionam o aparecimento de doenças. Uma vez que os agentes virais precisam de ser introduzidos na população humana e, subsequentemente, propagar-se e manter-se na população, uma população com maior dimensão favorece naturalmente a propagação e perpetuação de doenças. Não é por acaso que os últimos surtos de doenças infeciosas têm origem em países asiáticos com populações de largos milhões de habitantes. Relacionado com o crescimento da população está o aumento de densidade humana numa determinada área, o processo denominado por urbanização.
A urbanização traz consigo os problemas de habitação, saneamento, poluição, água potável e infraestruturas de cuidados de saúde. Todos estes fatores contribuem para a propagação de vírus uma vez que em más condições sanitárias, as pessoas tornam-se mais suscetíveis a infeções pulmonares e gastrointestinais. A natureza global, interligada e social do mundo moderno também contribui para a transmissão de doenças entre as pessoas de forma muito eficaz. Atualmente, qualquer doença infeciosa está a apenas um voo de distância.
Finalmente os fatores ambientais dizem respeito às alterações climáticas e à proximidade com a vida selvagem. Com o aumento da temperatura global, o planeta está a sofrer alterações não só no ambiente, mas também nos habitats animais e na sua interação com o ser humano.
Um planeta mais quente e húmido levará inevitavelmente ao ressurgimento de várias doenças. As chuvas fortes e subsequentes inundações, por exemplo, podem sobrecarregar os esgotos, levando à contaminação das reservas de água e a surtos de doenças como a cólera. Por outro lado, as temperaturas mais quentes e o aumento da precipitação estão a permitir que populações de mosquitos tropicais se aproximem cada vez mais dos polos, propagando doenças transmitidas por vetores como a malária.
O denominador comum destas doenças é a sua transmissão de animais para o ser humano (75% são zoonoses), ainda que existam várias teorias (de conspiração?) que apontem para a criação dos vírus que causam estas doenças em laboratório. Zoonose é uma doença que é transmitida por um agente infecioso entre uma espécie animal humana e não-humana. A crescente proximidade do ser humano com a vida selvagem quebra as barreiras entre espécies e provoca a transmissão de vírus que não são patogénicos no seu hospedeiro natural, mas ao atravessar a barreira da espécie, podem levar à doença no novo hospedeiro.
O surgimento destas doenças infeciosas é altamente complexo e quase nunca devido a uma causa única. E embora alguns agentes patogénicos estejam, de facto, a mostrar sinais de um ressurgimento, muitos mais são os que são derrotados diariamente através de esforços de saúde pública coordenados e em larga escala.
A ciência e as suas conquistas não devem ser negligenciadas. Contudo, a atual situação global favorece o aparecimento de novas (e outrora extintas) doenças, e será inevitável que tenhamos que lidar com mais surtos ou pandemias no futuro próximo. Quanto mais não seja pelo simples facto de que a COVID-19 mudou a nossa perceção sobre as doenças infeciosas e estamos agora muito mais alerta e informados sobre as mesmas.
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