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Duas dúvidas

 Duas dúvidas - Jornal do Centro
21.03.25
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 Duas dúvidas - Jornal do Centro

Será que Trump ajudou Putin a recuperar Kursk?

Como é sabido, em Agosto, os ucranianos tomaram umas centenas de quilómetros quadrados de território russo em Kursk. Uma surpresa, uma humilhação parao Kremlin, uma  pedra no sapato russo para as negociações de paz.

No exacto dia em que Trump e JD Vance fizeram uma emboscada a Volodymyr Zelensky na Casa Branca, publiquei aqui, no Olho de Gato, esta ironia: “quando é que Donald Trump manda os seus marines ajudar Vladimir Putin na recuperação do território de Kursk ocupado pelos ucranianos?”

É claro que não houve marines em Kursk. Houve 12 mil soldados norte-coreanos. Mas Trump fez a sua parte: a três de Março, cortou o acesso da Ucrânia a informações militares, o que permitiu aos russos avançar em força. Sem informação, os ucranianos tiveram de fazer uma retirada às cegas, meia caótica, embora nunca tenham estado cercados.

Em Kyiv, fervem especulações sobre o que aconteceu. Por exemplo, Roman Sheremeta acredita que “a derrota da Ucrânia em Kursk pode ter sido o resultado de um acordo secreto entre os EUA e a Rússia, semelhante ao Pacto Molotov-Ribbentrop de 1939.”

Fica a dúvida.

Será que o eleitorado vai mesmo castigar as avenças de Luís Montenegro?

O primeiro-ministro decidiu sujeitar o país a umas eleições antecipadas que nem o presidente da república nem nenhum partido queria. Nem tão pouco o PSD e o CDS, os partidos da coligação governamental.

O país vai a votos por decisão pessoal de Luís Montenegro e, por trás desta decisão, só pode estar o seguinte raciocínio do líder laranja: os portugueses não querem saber das suas “espinhosices” e das suas avenças.

Será que Montenegro tem razão? A verdade é que “o governo não parte em más condições para esta eleição”, como constata o politólogo Pedro Magalhães. É que as falhas éticas costumam ter “um efeito eleitoral menor do que poderíamos pensar”. Os indefectíveis vêem os falhanços dos líderes com “lentes partidárias”, o seu voto não muda. Parte do eleitorado fica mesmo zangada, mas outra parte oscila entre o clássico “são todos iguais!” e o não menos clássico “ok, ele é isso, mas faz!”

Fica a dúvida até 18 de Maio à noite.

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