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“Foi uma iniciativa muito bonita. Incentiva as pessoas a deixarem a internet e o telemóvel e lerem. Que acho que é uma coisa que se foi perdendo”, disse ao Jornal do Centro, Fátima Rodrigues, uma das doentes que ouviu duas histórias.
Ao fundo do corredor da enfermaria de cardiologia do hospital de Viseu vislumbrava-se um conjunto de cadeiras, distribuídas por filas, num cenário pouco habitual. Mas a razão era simples: os doentes iam assistir a uma “hora do conto”, uma das iniciativas que a Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) realizou para assinalar o dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor (23 de abril).
O contador foi José Pedro Ramos, da Quinta Oficina, uma associação localizada em Coutos de Viseu. Criada em 2019, “pela vontade e sinergia entre vários artistas e técnicos” viseenses, a instituição junta a cultura e a vertente social.
“Foi com muita satisfação que pude vir, porque contar histórias é uma coisa que me dá muito prazer, não sei se deram conta, independentemente do resultado, a mim dá muito gozo”, afirmou.
Para José Pedro Ramos, este foi um dia especial também para ele, que já tinha estado num hospital no papel de palhaço, mas não como “Trocador de Histórias Desbocadas”.
“Como palhaço já fiz muita coisa em hospitais, até em África, em contextos diferentes, mas contar uma história, criar um ambiente certo para se ouvir uma história não é fácil”, revelou.
Durante alguns minutos, os doentes ouviram duas histórias que José Pedro Ramos adaptou para um contexto hospitalar. “As histórias que contei são histórias de tradição oral do Médio Oriente, por isso é que eu venho com este aspeto”, conta entre sorrisos e fazendo alusão, por exemplo, ao lenço que trazia na cabeça.
Já sobre este tipo de iniciativas em instituições como o hospital, José Pedro Ramos acredita que “fazem sentido”. “Todos nós temos uma responsabilidade social e estamos todos para o mesmo, nós, Quinta Oficina, e o hospital. E estar todos para o mesmo é sermos felizes e relacionarmos uns com os outros, e contribuirmos uns para os outros”, destacou.
Além da “hora do conto”, dirigida aos doentes, a ULSVDL organizou um conjunto de iniciativas para toda a comunidade e para os profissionais da instituição, como uma feira do livro no átrio do hospital de São Teotónio, em parceria com a FNAC de Viseu ou uma atividade que desafiou os participantes a escrever uma história a várias mãos. Também a biblioteca do hospital abriu portas para quem quisesse requisitar livros.
“Pensámos em iniciativas para toda a comunidade e profissionais, mas também queríamos chegar aos utentes que estão internados, que não têm a possibilidade de se deslocar. Foi uma forma também de eles acederem a outra realidade e a outras perspetivas, nomeadamente o exterior. Porque muitos deles estão aqui há algum tempo”, explicou a ULSVDL.
E porque esta também é uma história que lhe contamos, terminamos como Zé Pedro Ramos naquele dia em que os livros e histórias foram a receita no hospital de Viseu: “e esta história que acabou, foi aqui que ela ficou [mãos junto do coração]”.