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É com gente nas aldeias e gado nos terrenos que se criam “bolsas de segurança” contra os incêndios

Vítor Figueiredo, que já foi responsável pela Proteção Civil Distrital, diz que este ano reuniram-se condições únicas para os incêndios serem uma catástrofe

 É com gente nas aldeias e gado nos terrenos que se criam “bolsas de segurança” contra os incêndios
28.09.24
fotografia: Jornal do Centro
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 É com gente nas aldeias e gado nos terrenos que se criam “bolsas de segurança” contra os incêndios
29.09.24
Fotografia: Jornal do Centro
 É com gente nas aldeias e gado nos terrenos que se criam “bolsas de segurança” contra os incêndios

O concelho de S. Pedro do Sul foi um dos mais afetados pelos fogos deste mês, à semelhança do que aconteceu em Castro Daire, Nelas, Carregal do Sal, Penalva do Castelo e Mangualde. O autarca, que já foi responsável pela Proteção Civil Distrital, diz que este ano reuniram-se condições únicas para os incêndios terem sido uma catástrofe. Vítor Figueiredo assume que só com gente nas aldeias se criam bolsas de segurança. Acredita que a unidade especial militar de combate aos fogos, como a que atuou no seu concelho vinda de Espanha, seria uma mais-valia para o combate

Como é que um incêndio se torna tão catastrófico como os que assistimos há cerca de duas semanas?
A partir do momento que existe muito vento e poucos meios no terreno. Para que se tenha uma ideia, eu próprio estive numa frente de combate e quando demos conta olhamos para trás e havia fogos a iniciarem-se a centenas de metros o que fez com que todas aquelas pessoas que estavam a combater a frente, nomeadamente bombeiros e populares, eles próprios tiveram de se deslocar para outros sítios para ajudar a combater o fogo nos sítios em que se estão a iniciar. No caso concreto de S. Pedro do Sul, o fogo entrou pela zona nordeste vindo de Castro Daire durante a noite e depois à hora do almoço apareceu-nos o fogo a norte, numa altura em que tínhamos poucos bombeiros e meios para ajudar a combater esses incêndios porque os meios que tínhamos até estavam em Penalva do Castelo e Albergaria. Já cansados tiveram de vir dessas frentes para vir combater a nossa terra.

Falou-se que houve falhas e os autarcas sentiram-se abandonados, ainda recentemente numa reunião entre autarcas e Pedro Nuno Santos. A que falhas se referem, além das já conhecidas faltas de meios?
Foi efetivamente a falta de meios. Repare, nos tínhamos as populações todas rodeadas…

Mas há falta de bombeiros ou não?
Os bombeiros que existem serão os suficientes para as nossas terras. Não serão os suficientes para os fogos que tivemos. Na terça-feira, por exemplo, estávamos com uma grande frente de fogo com muitas projeções que terminam em muitas frentes. Ou seja, não há bombeiros suficientes para todas estas situações, nomeadamente em alturas de vento conforme o que aconteceu.

A questão do ordenamento do território, a falta de limpeza das matas também não são falhas?
Nós temos diversas falhas no que diz respeito à questão da programação dos incêndios em Portugal. Primeiro é a falta de gente no interior e eu bato sempre nesta tecla. Não havendo gente não conseguimos combater os fogos da mesma forma que se conseguia combater antigamente. A falta de gente implica que as nossas aldeias também estejam reduzidas a menos população e isso faz com que as nossas terras agrícolas junto das aldeias estejam todas cheias de mato. E tudo isto faz com que o mato chegue mesmo ao pé das casas. Antigamente tínhamos mais gente nas aldeias, as pessoas tinham os seus gados, tinham os seus pastos e faziam com que se criasse ali uma bolsa de segurança à volta das nossas aldeias. Hoje, não há gente, as terras estão abandonas e isto faz com que, juntamente com o vento, os fogos alastrem de uma forma desmesurada.

O desmatamento é mais caro e o fogo é mais barato?
Eu também sou produtor florestal e sei do que falo. Não é possível economicamente uma pessoa andar todos os anos a limpar as matas florestais porque a mata não paga o gasto que se tem. Eu, por exemplo, limpei os meus terrenos por duas vezes, já gastei muito dinheiro e isso faz com que, efetivamente, tudo aquilo que eu possa produzir não paga o gasto que lá tenho. Limpei duas vezes e a verdade é que neste momento já é preciso serem limpos uma terceira vez. Ou seja, não é qualquer pessoa que consegue estar num ano a limpar as suas propriedades duas ou três vezes.

E como se pode dar a volta a isso?
Primeiro vir mais gente, segundo fazer com que as pessoas que venham para as nossas regiões também possam cultivar as terras e depois haver um ordenamento. Lembro uma situação que aconteceu, creio que na zona da Figueira da Foz, em que produtores de arroz se juntaram para criar escala. A junção de todas essas áreas fez com que cada um deles tivesse mais área. Ou seja, conseguiram rentabilizar melhor a sua propriedade. Podia passar por aqui, como por outras situações. Hoje em dia vejo tantos comentadores e especialistas que quero acreditar que toda esta gente poderia realmente pensar no ordenamento da nossa floresta.

Mas apesar de todos os especialistas e dos relatórios que continuam a ser feitos, a verdade é que o que se viveu este ano já se viveu em 2017, em 2013, em 2005…
Muito sinceramente acredito que, infelizmente, continuaremos sempre a falar na mata florestal, a falar dos relatórios, do ordenamento… reforço, infelizmente, não acredito que haja coragem política dos nossos governantes para alterar esta situação.

Qual a responsabilidade das autarquias?
É humanamente e financeiramente possível fazermos com que todos os proprietários façam a limpeza das suas matas, até porque alguns limparam e outros não, mas o que quero dizer é que mesmo com este fogo, mesmo que toda a gente tivesse limpado, a mata ia arder na mesma. Temos muito eucalipto e a verdade é que as fopas que fogem do fogo com o vento provocam outros incêndios noutras áreas.

Foram avisados tardiamente das condições climáticas como se noticiou?
Não podemos ir por aí. Efetivamente a ministra [Administração Interna] teve conhecimento que havia condições que poderia ter avisado antes. Mas, a verdade, é que mesmo sendo avisados, e no caso concreto de S. Pedro do Sul, não acredito que pudéssemos ter trabalhado de uma forma diferente e em melhores condições.

Já foi responsável pela proteção civil distrital. Entretanto, foram criadas as sub-regiões. Esta entidade consegue operacionalizar bem os meios como aconteceu esta semana?
Quero deixar uma palavra de ânimo e incentivo ao comandante Miguel Ângelo, aos bombeiros de S. Pedro do Sul e aos bombeiros de Portugal. Eles só não fazem mais porque não têm meios e, efetivamente, estavam numa situação de cansaço extremo. Estamos a falar de pessoas que não foram à cama durante muitos dias e estamos a falar de situações em que não temos reservas como tem o Exército. O exército espanhol fez um trabalho espetacular em S. Pedro do Sul porque têm outros meios materiais e de pessoas em que se conseguem revezar e trabalhar de uma forma diferente. Seria necessário em Portugal termos meios e coordenação como eles.

Se tivéssemos no Exército uma unidade especial como a que atuou em S. Pedro do Sul, muitos dos cenários e destruição com os fogos seriam sanados?
Sim. Não estamos a falar apenas da nossa região, mas a nível nacional. Repare, o que aconteceu em S. Pedro do Sul foi que veio um batalhão e mais tarde uma companhia do Exército espanhol, gente preparada e profissional com muitos meios. Estamos a falar em cerca de 300 homens que aqui estiveram e para aí uns 170 veículos e esta gente traz tudo, desde máquinas de rasto a drones. Trazem equipas para renovar e trazem muito equipamento pesado e carros mais maneáveis que possam andar na frente dos fogos. Em Portugal também temos estes meios, mas não estão coordenados. Estamos a falar em máquinas de rasto do ICNF, autotanques que a GNR também possui, estamos a falar em sapadores florestais, em regimentos de engenharia com equipamentos, mas ao fim ao cabo não há coordenação. Nós temos os meios, falta-nos é, efetivamente de coordenação de todo este pessoal que existe mas que, depois, no terreno não funciona.

 É com gente nas aldeias e gado nos terrenos que se criam “bolsas de segurança” contra os incêndios

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