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O futebol feminino do distrito de Viseu começa a evidenciar-se nas convocatórias para as seleções nacionais. Desde o escalão sub-15, ou sub-16, passando pelos sub-17 ou sub-23, praticamente não há convocatória feita pelos treinadores – ou treinadoras – portugueses que não incluam nomes de futebolistas que começaram a dar os primeiros toques na bola no distrito de Viseu.
São os casos de Ana Carolina Ferreira, agora atleta do Valadares Gaia FC, que passou pelas seleções distritais da Associação de Futebol de Viseu, pelo Viseu e Benfica, Lusitano, Dínamo Estação e Viseu 2001 e de Maria Alagoa, futebolista do clube norte-americano USC Trojans que, por cá, jogou no Dínamo Estação, Repesenses, Viseu 2001, Lusitano e pelas seleções distritais. Ambas foram chamadas, em março último por Beatriz Teixeira para um estágio na equipa sub-23 lusa.
Em sub-17, Margarida Jesus, futebolista do Académico de Viseu, que alinhou ainda no Pinguinzinho, Viseu e Benfica e seleções distritais de Viseu também foi convocada logo a abrir o ano de 2025 por Carlos Sacadura para um estágio da seleção das Quinas. Também em sub-16 há embaixadoras de Viseu. Maria Leonor Rodrigues, que alinha no Sporting Clube de Portugal, e jogou no Dínamo Estação, Ranhados, Ferreira de Aves e seleção distrital da Associação de Futebol de Viseu esteve entre as 22 jogadoras convocadas pela treinadora Inês Aguiar. Em sub-15 Leonor Troca foi em setembro do ano passado pela primeira vez chamada por Francisca Martins para fazer parte da equipa portuguesa sub-15. A defesa do Académico de Viseu jogou na Casa do Povo de Vila Nova de Paiva e representou Viseu nas seleções distritais.
O dia em que Lusitano e Sporting deram à seleção portuguesa o mesmo número de jogadoras
A olhar para a evolução do futebol feminino no distrito com orgulho do que foi até agora conseguido, está Carlos Sousa. O treinador de futebol esteve no futebol feminino durante quatro épocas. Entre 2017/18 e 2020/2021 esteve no comando técnico do Lusitano de Vildemoinhos. “O futebol feminino foi uma área em que gostei de trabalhar. Já na altura havia um crescimento claro do número de jogadoras e da qualidade das futebolistas. Conseguimos ter uma série de jogadoras na seleção nacional. Nunca me esqueço de uma convocatória para a seleção nacional de sub-15, em que o Lusitano de Vildemoinhos tinha o mesmo número de jogadoras do Sporting. Foi algo que nunca tinha acontecido”, frisa.
Com a divulgação e a demonstração de que havia jogadoras de Viseu que conseguiram vestir, ainda jovens, a camisola da seleção nacional, Carlos Sousa acredita que houve, com isso, “mais jovens a ligar-se ao futebol feminino”. “Na altura da pandemia, houve uma quebra de praticantes, mas, a partir daí houve uma evolução clara. Desde 2012 até 2023, a Federação diz num estudo que o número de atletas, a nível nacional, dobrou relativamente ao número de jogadoras que praticavam futebol até então”, assinala.
Para este crescimento em quantidade – número de atletas, e em qualidade – resultados desportivos e evolução do jogo, Carlos Sousa não tem dúvidas de que a Federação Portuguesa de Futebol teve um papel essencial. “Foi importante para promover e divulgar o futebol feminino, associado aos bons resultados que as seleções femininas foram tendo nos últimos anos, para além do trabalho que as associações também têm feito. E isso levou os clubes a acreditarem que era uma mais valia terem equipas femininas”, sublinha o treinador.
A olhar para o futebol feminino no presente, Carlos Sousa dá nota positiva ao que tem visto. “Conseguimos estar a um nível bastante bom. Ainda nos falta um pouco para poder chegar ao patamar mais alto. Contudo, estamos lá perto. A melhoria que tem havido até na competitividade, tem feito crescer a atleta portuguesa”, frisa.
Quando aceitou o desafio proposto pela equipa de Vildemoinhos para abraçar um projeto de futebol feminino, Carlos Sousa assume que teve de fazer ligeiras alterações no papel de treinador. “Numa primeira fase tive de adaptar-me. Eu vinha do futebol masculino e houve mudanças quando passei a treinar no futebol feminino, nomeadamente na transmissão das ideias de jogo. Para além disso, tive de ajustar a comunicação, não podia comunicar da mesma forma que fazia no futebol masculino. Mas a ligação que estabelecemos permitiu que as coisas pudessem ter o rumo que acabaram por ter. Crescemos, evoluímos e daí surgiu talento, muito talento, que chegou às seleções nacionais”, enumera.
“Francisca Martins é nome importante pela capacidade de trabalho e dedicação ao futebol feminino”, defende Carlos Sousa
Uma das jogadoras que, à época, treinou foi Maria Alagoa, nome grande – talvez hoje o maior – do distrito a jogar futebol feminino. “Ela destaca-se pela resiliência. Jogava com os rapazes e já se destacava entre eles. Aos 14 anos já. Tinha uma capacidade muito grande de afirmação. Lutava de igual para igual. Mentalizou-se que ia chegar onde já chegou e tinha o apoio familiar, que é fundamental, para conseguir atingir o que queria”, explica. Carlos Sousa lembra que Maria Alagoa era já “presença assídua” nas seleções e que, depois, “acabou por ter várias propostas por parte dos maiores clubes portugueses, mas optou por um caminho diferente”. “Está à vista de todos que é uma atleta diferenciada”, enaltece o técnico.
E na altura de lembrar outros nomes, Carlos Sousa não esquece o selecionador nacional, Francisco Neto, natural de Mortágua. “Foi e é preponderante para que as atletas mais jovens vejam na seleção nacional um caminho”, elogia. Mas há outro nome que o treinador recorda numa altura em que as oportunidades para as mulheres poderem jogar futebol são superiores ao que acontecia há alguns anos. “A Francisca Martins foi, no distrito de Viseu, a impulsionadora do futebol feminino. Ela foi preponderante. Foi jogadora, chegou à seleção nacional e optou pelo treino. Conseguiu chegar lá, com muitas dificuldades nesse trajeto. Quando trabalhei com a Francisca, o futebol feminino tinha outras condições, mas ainda faltava muita coisa. É um nome importante pela capacidade de trabalho e dedicação ao futebol. É metódica, exigente, trabalhou com foco no que queria. Queria sempre que as jogadoras evoluíssem”, elogia.
As seleções nacionais de futebol feminino vão contando com o talento que o distrito de Viseu vai “produzindo”. Nestas contas incluem-se também jogadoras de futsal. Neste contexto, destacam-se os nomes de Maria Gouveia e Ana Barros, chamadas à seleção sub-17 e de Beatriz Santos, às sub-18.