Em pleno coração de São Pedro do Sul, a aldeia de Covas…
A Farmácia Grão Vasco, em Viseu, vai além da simples dispensa de…
A Criaverde marcou presença na BTL 2025, transformando os stands com decorações…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
Uma simples caminhada em Carregal do Sal transforma-se numa viagem ao passado com estruturas monumentais, testemunhas de rituais, enterros coletivos e histórias da vida das primeiras comunidades que habitaram a região. Carregal do Sal cruza o passado pré-histórico com o presente, cada monumento, carregado de lendas e magia, conta uma história que merece ser (re)conhecida.
Carregal do Sal é um dos locais no distrito de Viseu com mais estruturas arqueológicas que nos remetem ao pré-histórico. O concelho orgulha-se de ter 15 dólmens e outras estruturas funerárias identificadas, algumas delas integradas no Circuito Pré-Histórico Fiais/ Azenha, um dos mais antigos do país. Criado em 2001, este circuito é resultado do trabalho do município e da Junta de Freguesia de Oliveira do Conde, que abriga cerca de 90% destes monumentos.
Marco Lopes, arqueólogo e funcionário do município sente muito orgulho no património de Carregal do Sal, mas assume ser “uma grande responsabilidade”. Responsabilidade essa que o município tem assumido com dedicação, investindo na proteção, manutenção e contínua investigação científica.
Todos os anos, o município apoia campanhas de escavações arqueológicas em parceria com o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa e o arqueólogo Fábio Silva, um dos especialistas envolvidos na descoberta destes tesouros.
A Mega Rota do Megalitismo: uma viagem no tempo
Carregal do Sal integra a Mega Rota do Megalitismo da CIM Viseu Dão Lafões, um percurso com mais de 500 km que inclui 14 municípios e destaca 28 monumentos megalíticos. Desses, três estão em Carregal do Sal, e cada um carrega um legado único.
Um dos monumentos em destaque na rota é a Orca da Palheira, um caso único no país. Na década de 70, uma família construiu uma casa em volta do monumento e viveu ali durante anos. “Conhecidos como a família Planeta, eles transformaram a orca numa habitação, algo que desconheço em qualquer outro lugar do país”, explica Marco.
Já a Orca de Santo Tisco guarda um mistério com vestígios de pinturas num dos esteios, que se acredita representar o Sol. “É uma janela para o passado, que nos permite imaginar os rituais e crenças das comunidades que aqui viveram”, diz o arqueólogo.
O Dólmen da Orca também referido na rota da CIM Viseu Dão Lafões, é considerado monumento nacional há mais de 50 anos. Com uma laje de cobertura que pesa cerca de 30 toneladas, este dólmen é um dos maiores e bem conservados do país. “O seu excelente estado de conservação permite-nos perceber a arte e o seu peso, a dificuldade que deve ter sido a construção”, destaca Marco.
Mais do que monumentos: um habitat Pré-Histórico
O Habitat do Ameal foi o primeiro local habitacional descoberto na Beira Alta, revelando a existência de cinco cabanas e duas lareiras, oferecendo um exemplo da vida doméstica das comunidades neolíticas.
Os artefactos encontrados nestas escavações estão expostos no Museu Municipal Manuel Soares de Albergaria, um espaço que complementa a visita aos monumentos. “Aconselho a toda a gente que visita os monumentos a passar pelo museu para ver o que foi descoberto neles”, sugere Marco.
Um património que pertence a todos
Apesar de todos os monumentos que se encontram no município carregarem um passado rico, este património está integrado no quotidiano. “É completamente fascinante pois é história pura. História a céu aberto”, diz o arqueólogo.
Os monumentos estão bem sinalizados, e os visitantes podem explorá-los livremente, sentindo-se parte de uma narrativa que começou há milhares de anos. Para quem quiser mergulhar nas profundezas do passado histórico, é possível solicitar aos municípios visitas guiadas com explicações detalhadas sobre as descobertas arqueológicas.