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A Emissora das Beiras, que emite há 85 anos a partir do Caramulo, no concelho de Tondela, vai ser comprada por um grupo de comunicação social, disse esta quarta-feira (15 de maio) a administração da estação.
“A rádio, tal como a conhecemos agora, vai deixar de existir muito em breve”, referiu a mesma fonte, acrescentando que, a partir de 1 de junho, deixará de ter “os serviços habituais, com locutores e jornalistas”.
A mesma fonte escusou-se a avançar informações sobre o negócio, uma vez que aguarda a publicação da deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
A partir de 1 de junho e até que seja feita a transição para o novo grupo de comunicação social, a rádio funcionará num formato de “serviços mínimos”.
Os programas que durante décadas caracterizaram a Emissora das Beiras já não se irão ouvir, explicou a mesma fonte, acrescentando que, neste momento, a prioridade é informar os clientes e os ouvintes sobre a nova situação.
“A decisão, difícil de tomar, acontece porque, na verdade, nada dura para sempre, chegando assim a hora de darmos a voz a outras pessoas e a novos projetos”, pode ler-se num comunicado colocado no site da Emissora das Beiras, que completou 85 anos na segunda-feira (dia 13).
Assim, deixará de se ouvir a voz de Maria Helena Rodrigues, que chegou a esta rádio em abril de 1966, com apenas 13 anos. Começou por fazer trabalhos administrativos e arrumar os discos na discoteca até que, em janeiro de 1970, se estreou como locutora.
O marido de Maria Helena, Lopes da Rosa, que começou a dedicar-se à rádio em 1976 por carolice e depois foi seu gerente e diretor de programas, faleceu em agosto de 2023.
“Com ele, partiu também parte da alma desta rádio que foi, durante 85 anos, o orgulho de todos os beirões e que, a partir do próximo mês de junho, deverá seguir um novo rumo”, refere o comunicado.
Joaquim António Seabra foi quem deu início ao projeto radiofónico – na altura com o nome de Emissora das Beiras/Rádio Pólo Norte – em 1939, num quarto de um sanatório.
“Quando foi apanhado por essa terrível doença que era a tuberculose, veio curar-se para a estância sanatorial do Caramulo. Aqui, encontrou outras gentes ligadas à radiodifusão e foi daí que surgiu o projeto, inicialmente para entreter os doentes”, contou à agência Lusa Lopes da Rosa, no âmbito de uma reportagem realizada há dez anos.