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Há várias novidades já anunciadas este ano para a Feira de S. Mateus. Uma delas a data, qual a razão da alteração e o que diz ao público que critica o facto do evento terminar mais cedo?
A alteração da data da duração da Feira prende-se com diversas razões e a primeira é a experiência que tivemos já em 2022 relativamente ao início da feira que começou a 4 de agosto e prolongou-se até 21 de setembro. Aqui está em questão a adesão do público, e nomeadamente o público que vem da diáspora. Temos de perceber que a Feira de S. Mateus tem também de fazer o seu papel social de procurar ter aqui uma presença que permita ter uma maior número de público e o mais diversificado possível. Portanto, tem a ver com esta relação com o público que é muito importante para nós. Depois, há razões de natureza económica…
Os comerciantes estão de acordo?
Poderão não estar todos, mas a maioria é favorável à antecipação da data de abertura. A maioria foi clara e foi um pedido que foi feito também ao presidente da Câmara no contacto que foi fazendo ao longo da feira com os expositores e foi percebendo que esta era uma ambição dos feirantes.
Acredita que o público vai perceber as razões?
Eu creio que sim. Nós percebemos de forma muito evidente, até porque fizemos a medição através de mecanismos certificados, que a afluência durante as últimas duas semanas de setembro é muito reduzida, seja para nós enquanto promotores de espetáculos, seja para os próprios comerciantes.
Consegue quantificar essa redução?
Na ordem dos 80 por cento. É uma diferença muito significativa. Do ponto de vista da sustentabilidade do evento em termos económicos e financeiros é uma medida muito positiva. Mas a razão mais forte é ter a capacidade de ter mais público e servir mais pessoas. Nos seis dias que tivemos de agosto na Feira de 2022 a afluência do público foi muito superior à que tivemos nas últimos 15 dias de setembro. As pessoas a partir da segunda semana de setembro começam a focar-se na suas rotinas e a reorganizar a suas vidas, terminado o período de verão, logo é mais difícil as pessoas irem à Feira.
Mas a Feira de S. Mateus não é um festival de verão, com o conceito dos muitos eventos que acontecem por essa altura do ano?
Não é. Vai continuar a ser uma festividade e quem nos avalia é o público. Ainda recentemente [A feira de S.Mateus ganhou um prémio] ficámos a saber a forma exacta como conseguimos chegar a esse público e não foi a primeira vez que a Feira de S. Mateus participou no Iberian Awards e, ressalvo, é um prémio que é atribuído pelo público em votação livre. E nós concorremos com festividades portuguesas e espanholas e o nosso público foi o mais fiel e deu-nos a vitória. Isto quer dizer que estamos a conseguir interpretar aquilo que são as expetativas deste nosso público.
E essas expetativas mostraram que o público quer um dia de festival? É dessa vontade que nasce o Mateus Fest? Afinal, que dia é este?
Esta criação do Mateus Fest… e chamemos-lhe um dia de festival de verão… é programar uma dia na Feira de forma diferente para que se viva uma experiência também ousada. Nós temos tudo instalado na Feira de S. Mateus que nos permite considerar isto um pequeno festival urbano. O que temos feito em termos de programação musical, julgo que não é muito diferenciadora daquilo do que acontece aqui à volta nos outros concelhos nas suas festas concelhias. Levar os melhores artistas portugueses a cada um dos concelhos é fácil, até porque a maior parte dos espetáculos são pagos através dos orçamentos municipais. Nós temos de fazer a nossa programação e viver à conta da nossa bilheteira, dos patrocinadores e expositores que pagam para estar na Feira. Nós temos de nos diferenciar de tudo o resto que acontece à nossa volta para podermos continuar a captar mais público e público diferente. Hoje há um conjunto de ofertas para as novas gerações e nós também temos de fazer acontecer aqui em Viseu.
Então como vai ser o Mateus Fest?
É só um dia, um sábado, começam concertos mais cedo. São quatro e com bandas internacionais e nacionais . Depois vamos ter um conjunto de experiências durante o dia e criar um ambiente que nos permita ter um cheirinho a festival para que os mais jovens daqui tenham a oportunidade de experimentar aquilo que acontece no Meo Sudoeste ou Nós Alive. E este é o ano zero deste processo. Nós temos de ter capacidade para atrair outros segmentos de bandas que nos permita colocar Viseu como um farol na atração de novos públicos. Eu creio que nós vamos conseguir dar este salto e ter este festival até como promoção da própria Feira de S. Mateus. Este nome está muito bem conseguido.
Mas há quem critique que agora a Feira ou o Festival nem sequer chegam ao dia do padroeiro que dá o nome ao evento (21 de setembro)…
A Feira de S. Mateus não termina a 8 de setembro. Bem, do ponto de vista de dias continuados termina, sim. Mas, e este é um acordo que temos com a autarquia, a Viseu Marca vai devolver à cidade o dia do padroeiro, programando o dia do município com um concerto livre e aberto. O dia 21 vai estar à mesma ligado à Feira de S. Mateus. Queremos manter o S. Mateus dentro do que é a marca da Feira, mas também não podemos ficar com este saudosismo… temos de nos lembrar que a Feira teve diferentes datas e já foi Feira Franca de Viseu. Haverá sempre gente a resistir quando há mudança, o que aceitamos e respeitamos, agora temos perfeita consciência para onde queremos ir e o objetivo é o de trazer novos públicos e uma experiência diferente aos viseenses e a quem nos visita. Penso que temos tudo instalado e com capacidade para dar este salto, de forma segura. Nós temos uma capacidade excecional de atrair público. Aliás, é o público que puxa por nós e nos dá esta obrigação do desafio. Os que tiverem receio, é ir e experimentar.
Falou em forma segura. A estrutura está preparada? Recordo que no ano passado houve criticas no dia com maior afluência ao recinto…
Com este novo conceito tivemos preocupações ao nível do conforto, seja do ponto de vista do aumento do espaço do concerto…
O palco vai mudar de sítio?
Não vai sair do sítio mais vai mudar de sítio. Recuando-o um pouco vamos aumentar a zona da frente do palco. Depois, no picadeiro vamos colocar ecrãs gigantes com colunas. Por questões de conforto, se for necessário limitamos entradas.
Está resolvido com os expositores a introdução de novos métodos de pagamento e que na edição anterior tanta polémica causou? E vai-se manter a taxa de sustentabilidade?
A taxa de sustentabilidade foi uma solução que encontrámos a um modelo que queríamos implementar e ao qual não vale a pena fugir dele porque vai ser inevitável e que tem a ver com a transição digital. Queríamos introduzir um mecanismo de pagamentos digital através de um sistema próprio. Lembro que isso vai ser o futuro, não estou a dizer que vai ser amanhã ou só para a Feira de S. Mateus, vai ser para tudo porque cada vez mais tudo é feito em pagamento e transações digitais. Nós só queríamos antecipar aquilo que vai ser uma realidade e não era nada de extraordinário naquilo que era a taxa que nós iríamos aplicar aos comerciantes. A Viseu Marca ficaria, no máximo, com 3 por cento do volume de negócios. Agora, eu compreendo que, neste momento, a cultura instalada da forma como se faz o negócio nas feiras, e não tem a ver com a de S. Mateus… esta ideia ainda não é bem acolhida. Por exemplo, para o público mais jovem o procedimento já é este.
A Feira de S.Mateus tem outros públicos…
Sim, mas o que estou a dizer é que a transição digital vai ser uma realidade em termos mundiais, todos os comerciantes em todo o lado vão ter de se adaptar. Hoje temos uma taxa de sustentabilidade que aplicamos e que queremos que não seja excessiva do ponto de vista da sustentabilidade dos negócios que acontecem na Feira de S. Mateus, mas uma coisa é certa: nós da forma como trabalhamos e programamos, oferecemos público.
Mas os feirantes pagam os espaços?
Sim, mas repare que só no ano passado é que atualizamos a tabela que era de 2019… Do ponto de vista da sustentabilidade daquilo que é a estrutura que nós herdamos e daquilo que temos de custos que são cada vez maiores (para eles e para nós) temos de encontrar o equilíbrio. A Viseu Marca é uma associação sem fins lucrativos, mas temos de ter sustentabilidade. O modelo de organização que agora se criou na Feira de S. Mateus não permite que a Câmara financie a Viseu Marca, logo temos de encontrar receitas próprias para que o evento seja sustentável. E se é sustentável para quem faz negócio, tem de ser sustentável para quem organiza, não seria sensato quem lá vai faz os seus negócios e quem organiza tem de suportar as dificuldades. Temos hoje uma taxa de sustentabilidade implementada, quem quiser ir para a Feira sabe com o que conta e estão a aceitar. No ano passado a polémica ficou instalada fruto de toda esta novidade.
No ano passado houve feirantes que ameaçaram não participar na Feira e outros que iriam avançar com ações em tribunal…
Felizmente, temos lista de espera e não tivemos nenhum problema em tribunal com esta situação. Reforço que foi facultativa a taxa de sustentabilidade e houve quem de forma facultativa a pagasse. E alterámos a data da Feira precisamente a pensar também no ponto de vista da sustentabilidade dos negócios dos feirantes.
Então este ano todos devem pagar esta taxa?
Excetuando alguns que têm contrato, estou convencido de que toda a gente vai pagar. Estamos a falar com todos de formas diferentes porque também há diferentes de negócios na Feira.
A quatro meses do arranque de mais uma edição da Feira de S. Mateus, não se vai correr o risco de a uma semana o recinto das diversões estar vazio como no ano passado?
Não, não, temos trabalhado com as associações representantes do setor para elaborar um protocolo relativamente à forma como vamos trabalhar e tem sido um diálogo muito produtivo. Temos as condições estabelecidas para formalizar o protocolo que em breve será tornado público. Não haverá ruído em relação à instalação das diversões na edição deste ano.
Quem vai à Feira de S. Mateus?
Nós temos aquisição de bilhetes feitas a partir de 11 países, acredito que seja muito da diáspora. Nós não temos conseguido ainda um posicionamento para ir buscar público aqui ao lado, em Espanha. No ano passado tivemos gente que veio do Algarve ou Alentejo para ver Pedro Sampaio e, certamente, se fizermos uma promoção aqui ao lado e tivermos um cartaz para público espanhol ele virá. Este posicionamento do festival tem este objetivo de nos colocar como um pequeno farol para ir até Salamanca buscar público e ir ao encontro também de alguns artistas latinos. Temos de ter esta capacidade e ousadia. Se de Espanha vêm para as praias de Aveiro, porque não assistir a um espetáculo em Viseu?
Quer dizer que pode haver ou devem haver outros eventos que podem ser produzidos ou programados pela Viseu Marca?
Nós podemos colaborar. Como disse somos uma associação sem fins lucrativos, a nossa autonomia financeira é curta e para podermos dar passos para desafios diferentes também temos de ter o aval dos nossos associados. E para dar passos que requeiram investimento, não podemos fazer de forma irresponsável. Mas é possível trabalhar, por exemplo, a época da Páscoa ou do Natal. Vamos procurar, já este ano, promover alguns concertos em parceria com outras entidades de modo a que haja cooperação para também ganhar a nossa autonomia e experiência em fazer outras coisas fora da época da Feira de S. Mateus, se bem que só este evento já nos mantém bastante ocupados. Penso que ainda este ano vamos conseguir dar os primeiros passos, aproveitando o pavilhão multiusos para trazer espetáculos para Viseu em parceria com outros promotores.
Disse que a Viseu Marca é uma associação sem fins lucrativas, mas consegue equilíbrio orçamental?
Sim, se nós tivermos aqui muito rigor no processo de gestão. Nós encontrámos a estrutura da Viseu marca um bocadinho sobredimensionada para aquilo que são as necessidades que a associação tem. A associação organizava outros eventos em parceria com o município que agora não o fazemos. Por isso, a forma como a Viseu Marca hoje está estruturada obriga-nos a trabalhar a Feira de outra maneira. A introdução do Mateus Fest também nos pode dar uma outra liberdade financeira no final.
Há quem se queixe que as contas não são públicas?
Há uma coisa que pode ter a certeza. As contas são as contas que lá estão. Contas são contas. O importante é que tenhamos consciência de como elas aparecem ou de como elas eram feitas. E aqui tenho a consciência de que com as auditorias que houve e o parecer do revisor oficial de contas é tudo muito claro em relação à forma como a Feira está organizada. O que acontece neste momento é que há um conjunto de eventos que acontecem dentro da Feira que nos trazem encargos económicos e não receitas e nos obriga a que tenhamos de gerir de outra forma. Este ano vamos apresentar as contas em breve e as contas dão um resultado positivo.
Este é o ano zero de uma moderna Feira de S. Mateus?
É isso. Não vamos perder nada daquilo que é tradição da Feira de S. Mateus. Vamos, sim, mudar com o recinto que vai poder receber mais gente e vamos mudar com o Mateus Fest e conjugando isto com aquilo que temos feito, e este ano vamos dar ênfase à cidade Europeia do Desporto, continuamos a ter uma Feira para toda a família.