Já tem ementa para a sua mesa de Consoada? Temos a sugestão…
Com a descida das temperaturas, os cultivos necessitam de mais tempo para…
Antes de começar a renovação de qualquer divisão na sua casa, é…
por
Rita Mesquita Pinto
por
Jorge Marques
por
Diogo Pina Chiquelho
A falta de operacionais, um parque automóvel envelhecido ou infraestruturas que precisam de obras são algumas das falhas apontadas ao Corpo de Bombeiros Sapadores de Viseu pelo Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS).
“Ficámos a saber que não vai haver investimento por parte do município no próximo orçamento municipal, nem para contratação de pessoal, nem para compra de viaturas, o que nos deixa bastante preocupados”, começa por dizer ao Jornal do Centro o presidente do SNBS, Ricardo Cunha.
Em Viseu, segundo do sindicato, estima-se que faltem na corporação, no mínimo, três a quatro elementos para cumprir a guarnição dos turnos, correspondendo a um total de cerca de 30 operacionais.
“Viseu tem poucos efetivos e tem um sistema de horários que, no nosso entender, é muito arriscado para uma cidade como esta. Com o intuito de não se pagar trabalho suplementar, decidiram fazer uma distribuição em cinco turnos. Mas, se têm poucos efetivos, quanto mais turnos têm menos bombeiros disponíveis existem”, explica Ricardo Cunha, que é também bombeiro sapador.
Segundo o sindicalista, as viaturas saem do quartel “sem as guarnições mínimas que deveriam para acautelar a segurança, quer dos bombeiros, quer das populações”.
“Um VUCI, por exemplo, que é um carro de combate a incêndios e que vai para acidentes, deve ter uma equipa de seis elementos e isso não acontece. Em Viseu, num dia bom, vão quatro ou cinco”, refere.
A falta de efetivos, denuncia Ricardo Cunha, leva mesmo ao “encerramento do quartel do Aeródromo, sempre que os operacionais tenham que reforçar o quartel da cidade e isso acontece muitas vezes”.
Nos últimos meses, os bombeiros sapadores de todo o país têm estado em luta pela valorização da carreira e melhores condições laborais. Além dos salários, da revisão da idade da reforma ou dos subsídios de risco, a necessidade de definir um número de efetivos é uma das problemáticas. No início da semana, sindicatos e governo estiveram reunidos, um encontro que juntou cerca de 200 bombeiros em Lisboa.
“Na negociação com o Governo, um dos pontos a tratar é a obrigatoriedade de os municípios garantirem efetivos mínimos. E esse efetivo mínimo é definido tendo em conta a população que existe, a mancha florestal, a área industrial, se tem um aeródromo, por exemplo. É preciso ver a perigosidade que o município tem e, para essa perigosidade, deve haver um número mínimo de bombeiros”, alerta.
Para Ricardo Cunha, Viseu deveria fazer “como a maioria do país, que são quatro turnos”. “Numa situação destas, a corporação ia ter mais bombeiros disponíveis porque o quinto turno seria dividido pelos outros quatro”, frisou.
O sindicato afirma que “vai propor a vinculação de um horário a nível nacional de quatro turnos e a obrigatoriedade de se definir um número mínimo”.
“Sabemos que as câmaras não vão ter capacidade para conseguir garantir isso do dia para a noite, até porque demora mais de um ano a formar um bombeiro, desde o arranque do concurso, à formação, mas é uma medida que tem que ser implementada”, alertou.
Parque automóvel envelhecido e instalações a precisar de obras
Outro dos problemas apontados aos Sapadores de Viseu é o “parque automóvel envelhecido e cheio de remendos”.
“O exterior pode ficar bonito, mas o coração do carro é velho. Não há uma cultura de investimento. Temos noção que não são viaturas baratas, compreendemos e também não dizemos que comprem tudo ao mesmo tempo, mas se o investimento for feito ao longo dos anos vão ter as viaturas sempre renovadas, com poucos anos e chegará a uma altura em que a necessidade já não existe. E o que acontece é falta de planeamento e não é só em Viseu”, disse.
Já quanto às infraestruturas, Ricardo Cunha explicou que “em Viseu, o quartel do Aeródromo é recente e tem boas condições, mas o da cidade já precisa de algumas intervenções”. “Basta olhar para ele para perceber isso. Mas, também posso dizer que não é o pior, se olharmos, por exemplo, para Lisboa ou outros quartéis do país”, relatou.
O sindicalista aproveitou ainda para dar o exemplo de Tavira “é um bom exemplo daquilo que um “município que olha para os bombeiros como um investimento”.
“A autarquia, que é pequena, está a tentar repor os efetivos, comparam um veículo de combate a incêndios com zero quilómetros, já nos disseram que estão a tentar construir um novo quartel para dar mais condições, nomeadamente a bombeiras e isso demonstra que, pelo menos, há vontade em fazer alguma coisa”, contou.
Falta de atratividade na carreira
Ricardo Cunha lamenta que “a forma como os bombeiros sapadores são tratados no país” leve a que se consigam cada vez menos candidatos. O sindicalista fala mesmo em “desrespeito” e pede a profissionalização dos bombeiros.
“Há um grande problema com a falta de candidatos, porque as condições não são atrativas e as pessoas conseguem ganhar mais noutros trabalhos. E, para o que se exige de um bombeiro sapador, as pessoas preferem não ir. Em Lisboa, por exemplo, que é o maior corpo do país, abriu um concurso para 60 vagas, aproveitamos 54 e vamos ver se todos acabam”, disse.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, “é preciso a profissionalização do setor, a nível nacional”. “Entendemos que o país devia estar todo dotado de bombeiros sapadores”, defendeu.
Câmara rejeita falta de investimento e diz que socorro está assegurado
Ao Jornal do Centro, o vice-presidente da Câmara Municipal de Viseu garantiu que nos últimos anos foi feito um grande investimento e rejeita que faltem operacionais.
João Paulo Gouveia, que é também vereador com o pelouro da Proteção Civil, disse que em breve irá receber o sindicato, faltando apenas “encontrar uma data para reunir”.
“Compreendemos que queiram reivindicar, mas é preciso serem realistas e analisar bem o orçamento. Estamos muito descansados e queremos deixar os viseenses descansados com a nossa proteção civil”, começou por dizer.
João Paulo Gouveia esclareceu ainda que recentemente o município recebeu “do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) uma viatura nova” e que, do ponto de vista dos efetivos, “existem 62 bombeiros sapadores”. O responsável disse ainda que a câmara comprou “equipamento de proteção individual e fardamentos novos para todos os bombeiros sapadores”.
“Não faltam elementos para cumprir turnos. Claro que para o sindicato é sempre bom terem mais gente, mas a Câmara de Viseu tem o número adequado de bombeiros e, no Orçamento para 2025, temos a verba necessária para alavancar investimento em fundos comunitários”, disse.
Segundo o vice-presidente, “existe por parte das comunidades intermunicipais (CIM) um conjunto de fundos que vão chegar para aquisição de equipamentos ao nível da sub-região”.
“Há um conjunto de equipamentos que faz sentido serem partilhados por outros municípios, não faz sentido todos terem, por exemplo, uma máquina de rastos. O que é importante é que haja complementaridade e o orçamento da câmara está com disponibilidade suficiente para comprar aquilo que falta, mas em complementaridade com os outros municípios da CIM e, naturalmente, com fundos comunitários”, acrescentou.
João Paulo Gouveia sublinhou ainda que tem havido investimento. “Nos últimos anos, investimentos como nunca em proteção civil, nos últimos 10 anos duplicámos o número de bombeiros sapadores, formámos os bombeiros, duplicámos o número de quartéis, um no Aeródromo e outro na cidade e não precisávamos de o ter feito. Felizmente, os viseenses podem estar descansados quanto à nossa Proteção Civil e fazemos isto com a complementaridade dos bombeiros voluntários com quem temos as melhores relações”, disse.
Recentemente, acrescentou, o município reuniu com a Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios e a Comissão de Proteção Civil para fazer o balanço do DECIR [Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais] e do ano de 2024 e “foi unanimemente aplaudida a ação da Proteção Civil de Viseu”.
João Paulo Gouveia aproveitou ainda para esclarecer que, em 2025, ficará regularizado o corpo de comando que tem estado a funcionar com um comandante em suplência, desde a saída do último responsável.
“A lei denomina a criação de uma companhia e que também tem a ver com a regularização do corpo de comando. Vamos tratar da regularização do corpo do comando em 2025”, finalizou.