A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
A Feira do Vinho do Dão em Nelas já arrancou e vem “celebrar o vinho, o setor e a região”. Quem o diz é o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, que marcou presença na cerimónia de abertura do certame que aconteceu esta sexta-feira (6 de setembro).
“Esta é uma feira que não celebra apenas o vinho, celebra o setor e o melhor da humanidade. Celebra uma região, castas específicas e características muito peculiares”, disse.
Na sua intervenção, o governante justificou a presença no evento e disse que é um apaixonado pela agricultura e que, ele próprio, trabalha no setor.
“Muitos perguntarão porque está um ministro da Defesa na abertura da Feira do Vinho. Em primeiro lugar, represento aqui o governo e, em segundo, dá-se o caso de ser um ministro da Defesa que gosta mesmo muito de agricultura. Sou eu próprio um pequeno proprietário rural, ainda que da região dos vinhos verdes. E, por isso, estar aqui tem essa razão de ser, uma paixão pela agricultura”, disse.
Nuno Melo disse ainda que “falar em agricultura é falar em criação de riqueza, de muitos postos de trabalho. É falar do ordenamento do território e falar de ecologia. É falar de cultura, muita tradição e subsistência da humanidade”, frisou.
O ministro destacou a importância há muito reconhecida do vinho do Dão como “uma marca de total excelência que todos procuravam e não só os portugueses da diáspora, muitos estrangeiros”.
“Quero agradecer pela forma como ajudam a posicionar Portugal, cada vez mais, entre os países de referência na produção de grandes vinhos. O meu desejo é que o vinho e a região continuem a ser uma essência e referência de todos os portugueses”, finalizou.
Já o presidente da Câmara de Nelas, Joaquim Amaral, destacou a importância do certame, “que é do município e do concelho, mas que cobre toda a região do Dão”, e deixou alguns pedidos ao governo, ali representado por Nuno Melo.
“Há a expectativa desta região em ter por parte do governo uma especial sensibilidade com as questões do vinho e que, em outras regiões, tem sido mais fortemente difundido, mas a nossa região também precisa de apoio”, destacou no início da intervenção.
O autarca frisou que “falar da Feira do Vinho do Dão é falar de uma marca da região e do concelho de Nelas, que reconhece e promove um dos seus mais valiosos eixos estratégicos, o vinho do Dão e tudo o que lhe está direta e indiretamente associado, os produtores, os investigadores, os investidores e os agentes do setor”.
“Todos são força impulsionadora da região demarcada mais antiga do país de vinhos não licorosos e que testemunhou um crescimento exponencial na promoção da sua marca e da sua indubitável qualidade”, sublinhou.
Aliado ao vinho, frisou, há “um pujante setor turístico que agrega a gastronomia, enoturismo, produtos endógenos, saúde e bem-estar, turismo de natureza, cultural e patrimonial, mas também o comércio local e o tecido empresarial”, destacando ainda “o trabalho das instituições e associações culturais, desportivas, recreativas e sociais”, que também integram a feira.
O autarca lembrou que, além da visita aos produtores, o certame tem outros eventos associados como a praça da alimentação, espetáculos musicais, workshops, animação de rua, provas de vinhos e atividades para os mais novos.
A Nuno Melo, Joaquim Amaral lembrou a necessidade de se apostar mais no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, que há muito precisa de obras de requalificação, para ser “um verdadeiro centro de investigação” e que esse conhecimento “seja depois transmitido a quem trabalha na fileira do vinho e da vinha”.
O presidente da câmara frisou que “a região do Dão tem que ser encarada como as outras regiões”. “Não é uma questão de divisionismo regional, mas houve uma atenção específica para problemáticas de algumas regiões e isso é compreensível, mas o Dão tem que ser tratado da mesma forma e com a mesma atenção. O equilíbrio e proporcionalidade têm que ser devidamente assegurados”, pediu.
Joaquim Amaral disse ainda que estão “convictos que, muito brevemente, o Presidente da República reunirá com os agentes económicos e entidades do setor da região do Dão, à semelhança do realizado com outras regiões”.
O autarca destacou ainda que é preciso apoio, além do financeiro, “para poderem ser trabalhadas redes de novos mercados para que, em anos de grande produção”, se consiga “pensar o vinho na sua reutilização enquanto produto, não só no produto final de vinho, mas com produtos associados”, dando exemplos como o ramo da cosmética ou da gastronomia.
Para finalizar, Joaquim Amaral pediu alguma atenção quanto aos mercados internacionais. “Além do trabalho da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, é preciso que o Governo tenha uma atenção especial para a promoção e divulgação”, disse.
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, Arlindo Cunha, também falou aos presentes e aproveitou para deixar um alerta para a necessidade de algumas medidas urgentes em prol da defesa do setor do vinho e da vinha, que atravessa várias dificuldades.
O escoamento das uvas é um dos maiores problemas apresentados pelos viticultores, assim como a falta de controlo do vinho que chega do exterior e os valores de apoios financeiros desatualizados.
“O que acontece é que, nos últimos três anos, quase duplicamos a importação de vinho a granel e esse vinho veio ocupar o lugar do nosso, sobretudo o de mais baixo preço”, começou por dizer.
O antigo ministro da Agricultura, disse que a “rastreabilidade do produto” é fundamental. “Temos que tomar medidas para controlar os fluxos anormais de vinho que chegam e o fundamental é controlar essa entrada, onde entra, para que adegas vai e perceber por quê. A partir do momento em que sabemos para onde vai, temos em Portugal meios e fiscalização para seguir o percurso do vinho através das contas correntes, o que entra e o que sai. E, assim, podemos garantir uma coisa fundamental que é a rastreabilidade do produto, uma das linhas necessárias da política de segurança alimentar da União Europeia e isso não está a ser assegurado”, explicou.
Arlindo Cunha disse ainda que é preciso alterar as regras de rotulagem, já que “uma esmagadora maioria do vinho consumido no dia a dia é em bag in box box e, pela lei comunitária, basta que tenha a dizer lote UE [União Europeia]”. “Basta ter 1% de vinho português, já é um lote da UE, mas os outros 99% não são portugueses. É preciso que se diga de onde vem, o consumidor tem esse direito”, frisou.
O presidente da CVR Dão alertou também para a necessidade de o governo reforçar as dotações para a promoção do setor no exterior. “Temos alguns mecanismos para a promoção, mas não temos muitos recursos, nós e as outras regiões vitivinícolas em Portugal, para a promoção dentro do mercado da União Europeia. E isso tem que vir através dos programas regionais, se reforçarmos as dotações para os programas de promoção no mercado interno da União Europeia já estaremos a dar um passo”, disse.
Por fim, frisou ser preciso um reforço aos apoios para a reestruturação da vinha. “Isso já existe através de um programa, mas há vários anos que as tabelas não são revistas e, nos últimos três anos, houve custos de produção que dispararam para o dobre e as tabelas permanecem baixas, os subsídios são muito baixos e isso tem que ser revisto”, destacou.
A Feira do Vinho do Dão acontece até domingo e, até lá, há várias propostas para quem se deslocar até Nelas. Um dos momentos musicais mais esperados é o concerto de Camané que está marcado para o último dia da feira, a 8 de setembro.
Este sábado acontece o espetáculo musical “Não Há Bela Sem… um Dão”, encenado pela companhia Contracanto, que também já realizou no primeiro dia de certame. Hoje à noite há ainda a atuação do DJ Wilson Honrado e Grzyzzller.
O programa da Feira do Vinho do Dão também inclui provas de vinhos, espaço criança, atividades desportivas, associativismo, animação de rua, showcookings com chefs de renome, mostras de produtos gastronómicos, artesanato e produtos regionais, encontros de clássicos e confrádicos, passeios pela região e um Encontro de Pintura e Fotografia.