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Os padres Jorge Luís Gomes e João Dele são os novos sacerdotes das paróquias de Silgueiros e de Lajeosa do Dão, apesar dos protestos dos fiéis que pediam a continuidade do agora antigo pároco Raimundo Araújo. Contudo, o padre diz-se grato pela experiência vivenciada em ambas as localidades.
O convénio que o vincula à Diocese de Viseu termina esta sexta-feira (1 de setembro), mas Raimundo vai presidir neste domingo (dia 3) às últimas missas enquanto pároco de Silgueiros e Lajeosa.
Em jeito de balanço, após três anos e oito meses de serviço, o padre Raimundo – que é também missionário – diz que dirigir as duas paróquias foi bom e muito desafiador. “Foram realidades diferenciadoras que me testaram muito sobretudo no ministério sacerdotal, mas redescobri que, dentro de mim, o desejo de enfrentar desafios é maior porque a missão me move”, afirmou em declarações ao Jornal do Centro.
Raimundo Araújo confessou ter ficado surpreendido pelo “carinho” e “apoio” dos fiéis e disse que, por conta dessas manifestações, ficou com “um coração muito agradecido por essas pessoas”. Acrescentou que os paroquianos conseguiram compreender o trabalho nas comunidades onde esteve em missão.
Nordestino, Raimundo é oriundo do estado brasileiro do Ceará, mas radicou-se em Sergipe, estado onde fica a diocese de onde é originário (Estância), e foi ordenado sacerdote em 2009. Chegou a Viseu em 28 de novembro de 2019 e tomou posse nas paróquias pouco tempo depois, a 1 de dezembro.
Chegou à região por convite de um primo com quem estudava Teologia Moral em Roma, onde também trabalhava numa paróquia dedicada a Nossa Senhora de Fátima.
“Depois, soube que o meu primo estava em Portugal e resolvemo-nos encontrar no dia do meu aniversário. Ele disse que estava na Diocese de Viseu, cheguei cá, encantei-me com a cidade e o meu primo fez-me então o convite porque não tinha condições de cumprir o convénio, que era de três anos, e teria de voltar ao Brasil com dois anos e perguntou se eu não queria substituí-lo e dar continuidade ao trabalho dele. Pensei naquilo e, depois, tudo aconteceu”, contou.
Agora, após quase quatro anos em Silgueiros e Lajeosa do Dão, Raimundo Araújo diz que sai das paróquias com “um misto de sentimentos”. “Estou aqui através de um convénio que se encerra hoje (sexta-feira), mas foi-me pedido para ficar até domingo”, disse.
O padre destacou ainda a importância da missão para levar a mensagem de Cristo a lugares tão distantes da terra natal como a região de Viseu. “Saímos das nossas origens e deslocamos para evangelizar nos lugares que Deus nos mandar e fiz essa experiência aqui e que foi muito gratificante e só enriqueceu o meu ministério sacerdotal”, disse.
Sobre o futuro, Raimundo não escondeu que tem pretensões de voltar ao Brasil, mas ainda diz-se “aberto para outras realidades” sobretudo na Europa.
“O meu coração despertou para essa dimensão missionária em outros lugares porque defendo uma Igreja mais leve, aberta e dinâmica que possa dar abertura às crianças e jovens, acolher os nossos idosos de forma alegria, feliz e orante porque esse é um trabalho de mudança não só de comportamento, mas sobretudo de mentalidade”, vincou.
Raimundo deixou também uma última mensagem aos fiéis de Silgueiros e Lajeosa, dizendo que aprendeu muito com eles. “Sei que vou levá-los no meu coração e nas minhas orações, sabendo que a gratidão é o maior sentimento que carrego com tudo aquilo que passei de tantas situações difíceis, ingratidões e incompreensões, mas que foram compensadas com tantas pessoas boas, generosas e que se abriram à graça de Deus”, concluiu.
Bispo de Viseu agradece o trabalho do padre Raimundo
O anúncio da substituição do padre Raimundo foi feito esta semana pela Diocese de Viseu. Numa nota publicada no seu site, pode ler-se que o bispo D. António Luciano decidiu nomear Jorge Luís Gomes como pároco na Paróquia de Nossa Senhora da Natividade de Silgueiros, que integra o arciprestado de Viseu Rural, substituindo assim o anterior padre.
O mesmo aconteceu na paróquia vizinha de Lajeosa do Dão, no concelho de Tondela, onde o padre Raimundo foi substituído por João Dele. Ambos os novos padres vão acumular estas funções com as tarefas que já faziam antes desta nomeação. Na mesma nota, o bispo de Viseu agradece a Raimundo Araújo “todo o trabalho realizado”.
As duas paróquias onde o padre brasileiro exercia o sacerdócio também já reagiram à notícia nas redes sociais. A Paróquia de Silgueiros diz que se despede “de coração cheio”, dando também as boas-vindas ao novo pároco.
Também no Facebook, a Paróquia de Lajeosa do Dão destacou os traços pessoais do padre Raimundo como sendo um “homem de Deus, de coração grande, simples, alegre, que chamou e acolheu a todos de forma igual”, agradecendo “todo o amor, empenho e dedicação à causa de Jesus Cristo na nossa paróquia”. Ao mesmo tempo, também dá as boas-vindas a João Dele, a quem a paróquia agradece “a sua entrega e disponibilidade”.
As últimas missas presididas por Raimundo Araújo vão ser celebradas este domingo às 09h30 em Lajeosa do Dão e às 11h30 em Silgueiros.
A saída deste sacerdote tem sido contestada, em particular em Lajeosa do Dão, onde os paroquianos População de Lageosa do Dão contra saída do padre Raimundo e a apelar ao bispo de Viseu que mantenha Raimundo Araújo nas funções.
Os fiéis garantiram mesmo estarem disponíveis para pagar o salário, mas a Diocese não renovou o contrato do sacerdote brasileiro, que liderou as duas paróquias durante três anos e oito meses.
Numa carta aberta ao bispo de Viseu, os jovens de Lajeosa do Dão dizem que não se conformam com a decisão e referem que foi um erro não renovar o contrato com o padre Raimundo, alertando ainda para o “afastamento de muitas pessoas da igreja que o senhor padre conseguiu chamar”.
“Ele foi às periferias chamar quem nunca tinha tido ligação com a igreja e quem achava que já não tinha lugar. Provou que na igreja há lugar para todos e, em união fraterna, todos estávamos a encontrar o caminho, que é Jesus Cristo. Não é justo o que está a fazer com todas essas pessoas e com todos nós. Está a levantar um muro num caminho que estava a ser trilhado”, escrevem os jovens ao prelado, acrescentando que este não era o “momento propício” para a saída do padre Raimundo.
Numa nota que lembra a última Jornada Mundial da Juventude e as mensagens defendidas pelo Papa Francisco, os jovens dizem que manifestam o seu desagrado aos “superiores hierárquicos” da Igreja, incluindo o Sumo Pontífice.