A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
Foram estas ideias que transmiti à Fátima. Respondeu que assim se explica a grosseria dos nossos contemporâneos. Porque quanto a ela não se deve compartimentar a vida por segmentos, caso se queira evitar consequências desastrosas de que são triste exemplo os tipos nazis que, depois de ouvirem a melhor música, iam de seguida organizar o extermínio nos campos de concentração.
Do café fomos para casa. Entrar nos anexos, foi como se nos recolhêssemos ao nosso lar. O espaço habitacional está dividido por vários quartos, mais uma salinha e cozinha comuns. O quarto da Fátima era confortável, nele cabiam duas camas, um sofá e ainda uma estante com livros, bastantes em alemão, sobretudo os manuais do curso e os de poesia. Mas havia também alguns em português que ela encomendava ao irmão em Lisboa. Dos últimos a chegar, e ainda em cima de uma mesinha, estava uma coletânea de poesia da Florbela Espanca. Perguntei-lhe se gostava. Disse-me que lhe faziam estremecer a alma, que aquela poetisa era uma das que transportava o fogo dentro de si, tal a violência emocional que dos seus poemas transbordava. Mas foi em alemão que disse um poema, de pé, de costas voltadas para mim, a olhar através da janela o verde sombrio das árvores:
Menschenbeifall de Hölderlin
?Ist nicht heilig mein Herz, schöneren Lebens voll,?Seit ich liebe? Warum achtet ihr mich mehr,?Da ich stolzer und wilder,?Wortereicher und leerer war?
Ach! der Menge gefällt, was auf den Marktplatz taugt,?Und es ehret der Knecht nur den Gewaltsamen;?An das Göttliche glauben?Die allein, die es selber sind.
O aplauso dos homens
?Não trago o coração mais puro e belo e vivo?Desde que amo? Por que me afeiçoáveis mais?Quando era altivo e rude,?Palavroso e vazio?
Ah! só agrada à turba o tumulto das feiras;?Dobra-se humilde o servo ao áspero e violento.?Só creem no divino?Os que o trazem em si.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
por
José Carreira
por
Alfredo Simões