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Ocorreu-me este pensamento: talvez a causa do meu pessimismo ou melancolia esteja sobretudo no mundo e não em mim. Ando aborrecido. Porque se acumulam situações medíocres, sem alma, sem alegria. Quase tudo devido ao meu trabalho, aos meus colegas e aos meus alunos. Uns discutem futebol e política. Os outros, preferem a praia ao estudo.
No último domingo fui ver uma exposição de um pintor contemporâneo. Que impressões? O maior interesse foi o da observação direta da sua obra. Mas sendo uma produção sobretudo de superfícies, do superficial e do banal, deixa-me bastante indiferente. É uma obra que baniu a introspeção e a interioridade; valores que considero como que intrínsecos à grandeza estética. Percebo a ironia e a piada de alguns trabalhos, aceito mesmo considerar uma certa crítica subjacente a algumas séries – mas é isso mesmo que refiro, não é uma obra que nos transforme, nos faça sonhar, gritar, calar, não nos comove. Este artista é uma pessoa criativa, curiosa, provocadora, e eis tudo. Ou quase.
Há dias fui a Santiago de Compostela, numa breve visita de estudo. Gostei muito. Sobretudo do centro histórico. Penso sempre que nas outras cidades é que seria feliz. As cidades que visitamos pela primeira vez despertam a imaginação, o sonho, povoam a alma de mistérios. Lamento não ter ficado mais tempo para poder sentar-me mais vezes nos cafés e esplanadas que circundam a Catedral. No café Literários, por exemplo. Fui lá duas vezes, em que bebi um café literário (café + Baileys + natas) enquanto folheava um grosso volume dedicado ao Museu de Arte Contemporânea de New York que acabara de comprar.
Hoje ao jantar, notei algo de estranho no pai da Fátima, cansado, murcho, esquisito. Já ontem não estava bem. Levei-o ao hospital de Almada. Em boa hora lá fomos. Talvez tenhamos evitado um acidente vascular cerebral. Chegámos a casa de madrugada para alívio da esposa, que não dormira de assustada.
Depois de os deixar, fui passear para a beira-mar. Desanuviar do ambiente pesado do hospital. Sentei-me na areia, meditabundo, sobretudo a considerar a quantidade de pessoas doentes, verdadeiramente acabrunhadas pela dor física. É um luxo o poder queixar-me de dores metafísicas. Alimento-me delas. Se calhar, nunca senti uma dor autêntica, das que doem, das que nos encarquilham num corpo incapaz de pensamento.
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