A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
Releio o diário e antigos poemas; verifico que, tal como ontem, ainda hoje vibra em mim a mesma melancolia, o mesmo grito de revolta, o mesmo apelo à vida autêntica, as mesmas esperanças, os mesmos sonhos. Que estranho! É como se todos estes anos não tivessem sido vividos por mim, constituíssem um intervalo; mas de quê? Parece que vou aprofundando o conhecimento de mim mesmo. E, por vezes, não é muito lisonjeiro o que descubro: não sou o que julgava ser, e se o sou às vezes, é por cálculo e interesse. Que jogos não se realizam no inconsciente; Pô-los a nu é fascinante, mas torna-nos céticos.
E aqui estou. Sem saber que fazer. Escrever um poema? Falta-me qualquer coisa. Às vezes, suspeito que me aproximo de um estilo só meu, que condense no conteúdo e na forma as minhas fulgurações interiores. Outras vezes, desanimo. Penso que já tudo se escreveu. Mas também penso que muito do que se escreveu se esgota num jogo de palavras, sem força prometeica, incapaz de traduzir a dimensão criadora de mitos própria do ser humano. Às vezes não sei que fazer de tanta dor e melancolia. Não exteriorizo nada, é tudo muito interior, nas pregas mais ocultas da alma. Ajuda-me a leitura do Bhagavad Gita e obras do budismo zen.
Isto escrevia, quando chegou carta da Fátima. Com os parabéns pela licenciatura. Também ela terminara mais um ano letivo com classificações razoáveis. Mas o mais interessante era o que escrevia a propósito da poesia. Que agora conseguia verbalizar uma antiga intuição. A de que a poesia não se esgota nas palavras nem no que estas exprimem e imprimem na nossa alma. Mas que a poesia também se corporiza em pequenos nadas, no andar de mãos dadas com a pessoa amada, num carinho de criança, num ato de compreensão, na profundidade de sentimentos, no modo como o nosso olhar desvela o invisível das coisas. E agora reconhece que foi esse dom em mim que a encantou. Nunca me limitara à verbosidade, eu consubstanciava nos gestos, na ternura, nas atitudes, na alma, a poética da linguagem. Segundo ela, eu vivo a poesia na carne de todos os dias e daí a insatisfação permanente, porque este mundo não foi feito para poetas, mas para pessoas pragmáticas, homens de negócios, conquistadores, calculistas.
Depois, mudando de tema, propunha que fosse ter com ela a Berna, agora que eu terminara os estudos e ainda não estariam abertas as candidaturas para o ensino. Insistia, afirmando que já morria de saudades.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
por
José Carreira
por
Alfredo Simões