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Quinta-feira. Final da tarde. Aproxima-se o Carnaval. E eis mais uns dias de solidão. Gosto destas pausas. E tenho um projeto: iniciar uma peça de teatro. Já tenho o tema e mesmo um esboço da sua estrutura. A ideia para um romance tardava e, por outro lado, cansa-me escrever as partes descritivas de uma ficção. No teatro, não, tudo se centra no diálogo. Na poesia, tudo em aberto. Ganhei por um conjunto de poemas inéditos uma menção honrosa num prémio promovido por um município. Mas gostava de escrever uma peça de teatro. Não apenas mais uma história, mas algo que excedesse o enredo, a anedota, a ação.
Um final de tarde. Sobre o mar uma pincelada cor de laranja cada vez mais diluída.
8 Março de 1986
É na solidão que tenho vivido estes dias. A ver e a rever alguns filmes de Bergman, a ouvir Bach, e quase mais nada. Em silêncio. Gosto destes dias. Gosto de estar comigo.
9 Março de 1986
Três horas a rever «Andrei Rubliov», um filme de Tarkovsky. Gosto muito dele. Os seus filmes têm uma profundidade, um silêncio e uma lentidão que me tocam interiormente. São o contrário de muito cinema que por aí anda, com muito barulho, muito efeito especial, muitos truques, muito agradáveis, mas sem alma, sem uma centelha espiritual, meros produtos de consumo.
Nem tudo designado de arte é arte. A arte tem que ter uma dimensão quase religiosa, ser expressão do que é menos visível, do que é frágil na condição humano. A arte é como o espelho da mais profunda nostalgia que nos fere devido a esta fome de infinito ou de algo mais que a banalidade quotidiana. Talvez sejam ideias em contramão. Mas não quero saber. Até há pouco, importava-me estar mais ou menos na onda do que se escrevia na crítica. Sentia mesmo uma certa culpa se me distanciasse. Agora, estou-me nas tintas para o ideologicamente correto, com o que se deve pensar e gostar. Já tenho quase trinta anos, idade para um pensamento emancipado.
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