A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…
O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
Antes de nos despedirmos, porque ela tem de regressar para o aniversário de um familiar, procurei retribuir-lhe, mais uma vez, o carinho e o afeto que ela soube dar. E fi-lo com a ternura que nunca antes por ela sentira. Já sentada na cama, preparada para se vestir, os cabelos castanhos desgrenhados sobre os ombros, e com aqueles olhos da cor de mel, disse-me que hoje quase acreditara que eu gostava dela. Depois acrescentou, não sei porquê, que começara a sair com um colega em Lisboa, mas sempre que eu quisesse, que a chamasse. Ela viria. E disse ainda: «Quem sabe se não te conquisto?». E riu-se e o riso dela era bonito, simpático, encheu de claridade o quarto.
30 de Novembro de 1983
Partilhei uma casa até ontem com um colega, o Fernando. Que passa pela vida, pelas coisas, pelos outros de um modo fácil: tudo funciona à volta do seu eu, do seu narcisismo; não se apaixona. A sua única paixão é ele próprio. Ele é do partido comunista; pelo menos, é o que diz. Mas os seus modos, a sua roupa, os seus gostos denotam uma sofisticação burguesa que contradiz a sua filiação partidária. Mas é estranho o modo flutuante como passa pela vida. Nada o consome, o rala. Sobre tudo e sobre nada tem uma opinião. Hoje uma, amanhã, a oposta. E sorri. Sorri sempre, como um estúpido refinado. Com os dentes muito brancos escancarados na boca. Comecei a detestá-lo.
Por isso, aluguei um pequeno apartamento: dois quartos, uma cozinha no sótão, um quarto de banho e um terraço. Não preciso dos dois quartos, mas pagando um pouco mais evito conviver com um desconhecido. É confortável, situa-se numa zona familiar, de ruas estreitas e limpas, paredes caiadas. O silêncio predomina, ouvindo-se apenas e às vezes os ensaios dos Amarelos, uma das bandas do burgo.
Tenho estado doente. Dores de cabeça e um pouco de febre levaram-me à cama durante uns dias. Estou melhor, mas persistem algumas dores de cabeça, talvez devido à sinusite. Mas foi bom este período de repouso. Dediquei-os à leitura e à meditação. Continuo na obra de Marcel Proust, no final do quinto volume.
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
por
Vitor Santos
por
José Carreira
por
Alfredo Simões