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Uma história breve. Uma colega minha, açoriana, ligou-se por motivos óbvios a mim. Óbvios, digo eu agora. Na altura, nem reparei na naturalidade de certos atos, como acompanhar-me ao bar da faculdade, sentar-se ao meu lado nas aulas, na conversa que acendia e apagava comigo. Estranhei uma primeira vez, estando todos numa aula, e ela entrou por uma das portas laterais, ligeiramente atrasada. Parou à entrada, a perscrutar a sala. Só avançou ao localizar-me. E para vir sentar-se ao meu lado, passou literalmente pela frente do estrado e da professora, subiu a escadaria, obrigou uns tantos colegas a levantarem-se, sentando-se e dando-me um bonito sorriso de bom dia. Quase todos sorriram, até a professora. Só então entendi que algo se passava. O que seria de norma, para os atrasados, era ficarem pelos primeiros lugares disponíveis, e discretamente.
Conhecia-a, não só por ser minha colega, mas também por a ver andar com um colega mais velho e barrigudo de um outro curso. O contraste entre os dois era flagrante. Ela é gira, airosa, flexível como um bailarina. Ela não caminha, dança, maleável e quase aos saltinhos. Mas tinham rompido a relação, temporariamente, como percebi depois. Aliás, mais tarde verifiquei em como eram crónicas as zangas entre os dois. Num desses interregnos, dedicou-me a sua atenção. E impôs a sua companhia tão naturalmente que mal dei por mim, eu e ela tínhamo-nos tornado inseparáveis. Não sei o que ela sentia, amor não era, talvez uma repentina atração física. Ou, o mais provável, me usasse com o objetivo de provocar o ciúme do outro. Foram dias bem estranhos. Ela é louca por sexo. Depois das aulas, empurrava-me para o quarto, ora o dela, ora o meu. Como partilho o meu com um outro colega, a maioria das vezes íamos para o dela. Saímos do cinema, e a primeira volta que dávamos era por um dos quartos, só depois íamos beber uma cerveja. Depois da cerveja, outra vez. Assim, todos os dias. Mas com uma singularidade, é que pouco falávamos, a sério, fosse do que fosse.
Apenas borboleteávamos os assuntos, por alto, aos saltinhos, como ela a caminhar. Numa ocasião, pedi-lhe algo mais que sexo. Uma luz, uma vibração diferente. Ela disse que só tinha sexo para dar. O sexo era a sua verdade. Então pedi-lhe algo do seu silêncio. Ela perguntou se lhe estava a pedir que se calasse. Expliquei-lhe que lhe pedia um silêncio que fosse expressão de uma palavra por dizer, a sua palavra. Disse-me que eu estava passado. Um dia fartei-me. Fugi de Coimbra a uma quinta-feira e vim para Tondela. Regressei depois do fim de semana. Já ela andava com o barrigudo. Foi um alívio. Intriga-me é que o outro consiga manter a barrigona com tanta atividade. Deve recuperá-la nos intervalos da relação.
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