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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
1. Escrevo este Olho de Gato na quinta-feira, 2 de Fevereiro, a meio do Inverno no hemisfério norte. Este é o dia de Nossa Senhora da Luz e é também o dia de Phil, a marmota de Punxsutawney.
Por cá já se sabe: se neste dia “o céu estiver a rir, está o inverno p’ra vir, se estiver a chorar, está o inverno a passar”. Naquela pequena cidade norte-americana, se às 7:25 da manhã o bicho fugir para dentro da toca assustado com a sua sombra, o inverno dura ainda mais seis semanas, se ficar fora, a primavera vem mais temporã.
Este ano a Nossa Senhora da Luz e o Phil estiveram de acordo: o céu riu-se, esteve muito sol, a sombra assustou a marmota e fê-la fugir para a toca — vem aí ainda muito inverno, muito frio.
Para além daqueles dois eventos da tradição popular sempre certos nos calendários, esta quinta-feira foi também dia de nossa senhora do BCE. Sem surpresa, Christine Lagarde anunciou mais uma subida de 50 pontos base nos juros — vem aí ainda muito inverno, muito frio nos nossos bancos, juros altos para quem deve, juros liliputianos para quem tem lá poupanças.
2. Em Junho do ano passado, o governo criou o “visto de procura de trabalho” para “promover migrações seguras” e combater a “escassez da mão-de-obra”. Este visto é concedido para um período de 120 dias, podendo ser prorrogável por mais 60.
Esta medida é boa, mas o ministro da administração interna José Luís Carneiro e o governo precisam de fazer muito mais neste campo. A forma como está a correr a extinção do SEF deixa muitas inquietações, a falta de resposta dos serviços públicos aos imigrantes ainda mais.
O Estado não está a combater como devia o trabalho clandestino nem as redes de tráfico de mão-de-obra. Os poucos casos que vão chegando aos media, normalmente ligados à agricultura intensiva, são a ponta de um icebergue que se adivinha tenebroso, que envergonha o país, que é uma infâmia. Não nos podemos esquecer que, quando há gente em dificuldades, há sempre abutres prontos para tirarem partido disso.
Para além destas razões éticas, que são as mais importantes, há também razões políticas para não nos conformarmos com o actual estado da nossa política migratória: a falta de comparência do Estado à protecção da migração legal, e à repressão da ilegal, é uma bomba-relógio que o país pagará com língua de palmo no futuro.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Magda Matos
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Pedro Escada