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Governo x Realidade

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05.04.24
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É como se fosse um jogo na apresentação das equipas, uns aplaudem e os outros assobiam. O nosso mais célebre neurocientista António Damásio, que conhece bem os meandros do cérebro diz-nos a propósito: Em Portugal a vantagem competitiva da inveja não parece óbvia. Detestamos o sucesso alheio e reproduzimos o ressentimento sendo menos competitivos. Este é o alerta para o que aí vem! Continua a avisar-nos para os sinais de desagregação, mas apesar dos perigos, diz ele, não estamos derrotados e as coisas ainda são recuperáveis. Ainda existem bons pilares na cultura, ciência, tecnologia e que não vão desaparecer.
A atualidade do país mostra-nos um tempo político importante e uma democracia das eleições em crise. O cidadão tem razão para desconfiar dos partidos políticos e dos jogos eleitorais. Tem razão na sua preocupação com os valores democráticos e com a credibilidade das Instituições. Vale a pena parar para pensar, porque existe muito pouca reflexão sobre as mudanças da realidade, os movimentos sociais, o perfil da nossa demografia e cidadania. Percebe-se que uma boa parte da Comunicação Institucional não funciona. Por isso o principal confronto do novo governo será com essa Realidade! Mas cuidado, a comunicação não se pode resumir ao marketing, porque esse já teve melhores dias. É um tipo de marketing que comunica demais, mas que se compromete pouco.
A nova realidade mostra-nos que esse Poder de Influenciar está a transferir-se para os Influencers. E porque será? Porque eles mostram mais autenticidade, não são dirigistas e são mais parecidos connosco. Porque ninguém é obrigado a aderir e sempre que esse Influencer começa a ganhar dimensão, a gente muda para um mais pequeno, porque sentimos que ali ainda não chegou a contaminação. Recordam-se que nesta campanha eleitoral a certa altura chamaram-nos á atenção para o perfil dos dois principais candidatos? Comentava-se que um estaria a ser autêntico e o outro estava a demorar mostrar essa autenticidade! Estavam a chamar-nos para o valor ético da autenticidade. E porquê? Porque nos saturámos do excesso de representação dos políticos e isso acabou por provocar erosão na confiança. Porque se pensava que esta crise de confiança se resolveria com a plantação de mais autenticidade.
Havia um credo, defendido por muita gente e que continuará a fazer apelos deste tipo: Não precisas de grandes promessas, mas do envolvimento pessoal dos dirigentes! Mostra-te como és! Diz o que pensas! Não imites os outros! Mostra convicção! Não tenhas medo dos ataques! Mostra confiança em ti e sorri! O marketing político foi longe demais no artificial, no espetáculo, no exagero e na subavaliação do cliente final. Entretanto o paradigma mudou e agora já não se trata de ser o melhor candidato do país, mas o melhor candidato para o país. Agora os casos, falsos ou verdadeiros matam mais que a personalidade do líder. Agora, na revitalização de uma democracia consumida pelas crises de confiança nos seus governantes, também vai passar a contar com a capacidade para resolver as crises do futuro.
Este culto da autenticidade não é novo, nasceu na Revolução Francesa (Séc. XVIII) com o jacobinismo. Eles esforçavam-se por se apresentarem como homens autênticos e virtuosos. Mas o que está a acontecer a este paradigma da autenticidade? Começa a esbater-se e com necessidade de olhar para uma nova realidade! Aconteceu que alguém atento ás deficiências e aos vazios das práticas democráticas inventou um falso remédio, mas com um rótulo atrativo. Chamam-lhe populismo, coisa que também não é nova (Séc. XIX) e ressurge agora, mais como consequência do que como causa. Entre esse populismo e a autenticidade forjam-se semelhanças: Sem ideologia, um estilo de linguagem livre e violenta, ataque aos partidos tradicionais, devolver o poder ao povo e acabar com a corrupção! As elites políticas e os partidos no poder são os principais inimigos. As bandeiras são a defesa dos desfavorecidos, a desigualdade, o povo abandonado e a necessidade de segurança. Tudo isto em nome da verdade!
Não sei se foi por este efeito, mas de repente a autenticidade foi perdendo valor e já não parece indispensável na luta política. Continua a ser um valor bom, mas não suficiente! Na nova realidade política, a única estratégia capaz de enfrentar o populismo passa agora por medidas estruturais capazes de reduzir a insegurança económica e social. Isso consegue-se com ações políticas concretas, governos eficazes e um novo modelo económico que não seja do curto prazo. A autenticidade não morre, mas deixa de ser a solução para todos os males. Perde aquele efeito de magia e passa a ser mais um valor entre muitos outros. Quer dizer que o Mundo, os países e as sociedades vão valorizar mais a iniciativa, a inovação, a investigação científica e a eficácia das tecnologias. São estes valores e qualidades que serão indispensáveis á construção de uma outra realidade com mais futuro.
Com a mudança da realidade política, os políticos têm também que se reinventar e sair das suas zonas de conforto. Volto a Damásio que nos deixa mais este pensamento: O cérebro é mais largo que o céu. Quer dizer que o melhor e mais produtivo investimento dos países será nas pessoas! Vejo demasiada preocupação com o peso político dos novos governantes para enfrentarem o parlamento. Isso é sobrevivência…E as ruas? Talvez que a preocupação maior devesse ir para a construção de ações concretas e para as reformas adiadas. Só política é pouco! Lembra-me o nosso Bispo Alves Martins, mas agora trocando a religião pela política: A política deve ser como o sal na comida, nem muita, nem pouca, só o preciso.
Por agora tem que se dar tempo ao governo, porque a nossa crise não tem a ver com a necessidade de aceleração, mas com a falta de sincronia e ritmo. É o Governo Competente? Isso só depois de começar a fazer…

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