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Paulo Almeida Castro Daire
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Histórias que se Contam: A casa onde “nasceu e morreu” o fadista que cantou para todo um país, dos mais pobres ao próprio rei D. Carlos

No centro histórico de Viseu está a casa que pertenceu a Augusto Hilário, o mais conhecido fadista da cidade e um dos pioneiros do Fado de Coimbra

 Histórias que se Contam: A casa onde “nasceu e morreu” o fadista que cantou para todo um país, dos mais pobres ao próprio rei D. Carlos
25.01.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Histórias que se Contam: A casa onde “nasceu e morreu” o fadista que cantou para todo um país, dos mais pobres ao próprio rei D. Carlos
25.01.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Histórias que se Contam: A casa onde “nasceu e morreu” o fadista que cantou para todo um país, dos mais pobres ao próprio rei D. Carlos

Ao descer a rua Direita em direção ao largo Mouzinho de Albuquerque (conhecido como Largo do Soldado Desconhecido), cruzamo-nos, aproximadamente a meio desta artéria, com a rua Augusto Hilário, conhecida até 1979 por rua Nova.

O atual nome desta rua, que nos permite subir em direção à praça D. Duarte, é uma homenagem a um antigo fadista viseense que ficou conhecido por cantar, sobretudo, na cidade de Coimbra. Quem começar a subir a rua e olhar para a direita, vai certamente reparar num estreito edifício, de tom amarelado e com três andares, que expõe duas placas identificativas. Uma afirma que “nesta casa nasceu e morreu Augusto Hilário”. A outra dá conta da homenagem feita ao “ilustre académico Augusto Hilário” por altura do primeiro centenário da Associação Académica de Coimbra, no ano de 1987.

Mas quem foi, afinal, este fadista que nem sempre teve o mesmo nome e de que tanto se ouve falar em Viseu? A resposta tem início no ano de 1864, no dia 7 de janeiro. É esta a data apontada para o nascimento do artista viseense, que foi batizado no dia 15 do mesmo mês com o nome Lázaro Augusto, pelo então pároco da Sé. O fadista viria a mudar o seu nome para Augusto Hilário aquando do seu crisma, a 26 de maio de 1877. De acordo com informação do Museu do Fado, acredita-se que Augusto Hilário tenha sido fruto de uma ligação pré-matrimonial, tendo sido inclusive exposto na roda da cidade. Os seus pais, António da Costa Alves e Ana de Jesus da Mouta, perfilharam Augusto apenas a 8 de junho de 1883.

Depois de frequentar o Liceu Central de Viseu – nome por que era conhecida, à data, a Escola Secundária Alves Martins – Augusto Hilário matriculou-se, em 1886, em Coimbra. Com mais interesse na música e na vida boémia coimbrã do que nos estudos, o fadista concluiu os exames preparatórios para entrar em Medicina apenas em outubro de 1891. O músico acabou por matricular-se no primeiro ano de Medicina em 1892. O curso, contudo, nunca viria a ser concluído, em consequência da sua morte prematura.

Durante os cerca de dez anos que esteve em Coimbra, Augusto Hilário fazia-se acompanhar de guitarra durante as suas sessões de fado. Além de cantar poemas da sua autoria, o fadista interpretou ainda poetas como Guerra Junqueiro, António Nobre e João de Deus. A atuação mais conhecida de Augusto Hilário, contudo, não se deu em Coimbra e tampouco em Viseu, mas sim no Teatro Nacional D. Maria II, a 9 de março e 1895, quando o fadista tinha 31 anos. O espetáculo do qual o músico fez parte aconteceu durante uma homenagem ao poeta João de Deus. Num dos camarotes, a assistir ao evento musical, estiveram o rei D. Carlos e a família real.

Embora, como explica o Museu do Fado, o jornal da época “Defensor do Povo” afirme, em 1894, que Augusto Hilário foi o primeiro fadista a gravar o Fado de Coimbra, não são conhecidas nenhumas dessas gravações. Muitas das suas canções foram transmitidas ao longo dos anos de forma oral. A sua canção mais conhecida, o “Fado Hilário”, foi gravada por António Menano em 1928, versão esta que resistiu até à atualidade. Durante as férias da Páscoa, pausa letiva que aproveitou para visitar a sua família em Viseu, o fadista, então no terceiro ano do curso de Medicina, acabou por morrer, vítima de uma “icterícia grave”. Com apenas 32 anos, Augusto Hilário morreu na casa onde nasceu, no dia 3 de abril de 1896.

O seu funeral teve destaque nacional, e o cortejo fúnebre de sua casa até ao cemitério de Viseu foi acompanhado por aquela que é descrita como “uma multidão”

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