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Subindo a Calçada da Vigia em direção à Sé de Viseu, em frente ao Largo António José Pereira localiza-se uma casa nobre construída no século XVI que serve atualmente enquanto polo arqueológico. A Casa do Miradouro foi mandada construir no início do século XVI, possivelmente em 1528.
A edificação deste edifício, que na altura apresentava características bastante diferentes daquelas que apresenta atualmente, foi encomendada por Fernando Ortiz de Vilhegas, chantre da Sé de Viseu – cargo cuja função consiste em orientar o coro da sé, assim como a entoação dos salmos. Este nobre era sobrinho do, então, bispo de Viseu, D. Diogo Ortiz de Vilhegas. De acordo com a tese escrita pela historiadora Liliana Castilho intitulada “A cidade de Viseu nos séculos XVII e XVIII – Arquitetura e Urbanismo”, em 1591, a Casa do Miradouro “encontrava-se na posse de João da Fonseca, que a adquirira através de compra a Leonor Ortiz, filha do dito chantre”.
Nos séculos XVI, XVII e inícios do século XVIII, a Casa do Miradouro era conhecida por “casa que chamão torre”, segundo Liliana Castilho. No século XVIII, a Casa do Miradouro passou a pertencer à família Melo Bandeira e foi habitada, no virar do século XIX para o século XX, por Francisco Ribas de Sousa – diretor da Escola Secundária Emídio Navarro entre 1919 e 1930. Na segunda metade do século XX, a Casa do Miradouro foi adquirida pela câmara municipal de Viseu, e desempenhou várias funções.
Inicialmente, a autarquia pretendia instalar neste espaço a sede da Região de Turismo Dão-Lafões. Mais tarde, foi instalada no local a Sala Museu Dr. José Coelho, espaço este que albergava o espólio arqueológico do intelectual viseense do século XX e que era constituído por artefactos descobertos na região. Na Casa do Miradouro funcionaram também o Conservatório Regional de Música de Viseu, a Viseu Novo – Sociedade de Reabilitação Urbana.
Atualmente, a Casa do Miradouro é denominada de Polo Arqueológico de Viseu António Almeida Henriques. Neste edifício, além do espólio de José Coelho, está instalada a reserva arqueológica de Viseu, o gabinete de apoio à investigação e acolhimento de investigadores, o centro de documentação e o serviço de mediação e educação patrimonial.
De acordo com o site do município de Viseu, a Casa de Miradouro pretende ser “a ‘casa-mãe’ de todos os materiais e achados dispersos, muitas vezes e armazéns particulares, mas que, desta forma, podem ser devidamente estudados, tratados e valorizados do ponto de vista patrimonial”.
Este polo arqueológico já recebeu, até à data, material das épocas pré-romana (Idade do Ferro, de acordo com a autarquia), romana, medieval e moderna. Relativamente às características arquitetónicas da Casa do Miradouro e de acordo com o site do Património Cultural afeto ao ministério da Cultura, “a nível da fachada principal e da torre, apesar das intervenções, é ainda fácil a invocação da casa manuelina/renascentista, mandada edificar por Fernão Ortiz de Vilhegas”.
“Depois de concluídas as obras do século XVIII, o interior da casa tinha perdido as suas características habitacionais do século XVI, apesar de se terem preservado alguns testemunhos nas suas paredes, destacando-se a sua fachada principal”, lê-se ainda no site do Património Cultural. A Casa do Miradouro, contudo, não está apenas reservada a projetos ligados à arqueologia. Nos seus jardins é comum ocorrerem diversos concertos e apresentações, tanto para o público como para os média.