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Felisberto Figueiredo
A frase “Houston, we have a problem” ficou famosa a partir da missão espacial Apollo 13, da NASA, em abril de 1970. Durante esta missão, a tripulação enfrentou uma emergência extremamente grave quando um dos tanques de oxigénio da nave explodiu, comprometendo quer o fornecimento de oxigénio como o de energia a bordo, colocando em risco a segurança dos astronautas. A frase original foi dita pelo astronauta Jack Swigert (Lovell & Kluger, 1994) ao centro de controlo da missão, e a versão exata foi: “Okay, Houston, we’ve had a problem here“, no entanto, a versão popularizada foi “Houston, we have a problem”, e assim se tornou icónica através do filme Apollo 13 (Howard, 1995). Aos dias de hoje, a expressão é usada de forma mais ampla para referir qualquer situação difícil ou problema inesperado. Muitas vezes é usada com um toque de humor ou dramatismo, indicando um desafio urgente que precisa de uma solução… e… falando em desafios urgentes… surge à colação um fantasma “novo”, que paira sobre todos nós, e versa sobre algo “velho”. O envelhecimento populacional é um fenómeno que está a transformar cada vez mais as sociedades modernas, especialmente em países desenvolvidos e, também mais recentemente, em algumas economias emergentes. Este aumento da proporção de idosos em relação à população ativa desafia estruturas da economia, sistemas de segurança social e políticas de saúde. Este “fantasma” demográfico exige políticas proativas, reformas e a criação de novos modelos de desenvolvimento que considerem a sustentabilidade a longo prazo… Que previnam, ao invés de remediar.
Os dados são alarmantes e segundo as Nações Unidas, a população mundial com mais de 65 anos deverá duplicar até 2050, passando de 10% para 16% da população total. Em países como Portugal, onde sabemos que, infelizmente, a taxa de natalidade é baixa e, felizmente, a esperança média de vida alta, a população idosa representará, já ao virar da esquina, cerca de 40% do total dos portugueses até ao ano de 2080 (United Nations, 2024). Este fenómeno coloca, claramente, pressão nos sistemas públicos, uma vez que uma menor população de jovens tem a responsabilidade de sustentar uma crescente população de idosos (INE, 2020).
O envelhecimento populacional afeta diretamente a força de trabalho e a produtividade. Em países da OCDE, a redução da população em idade ativa e o aumento do número de reformados implicam uma cavalgante desaceleração do crescimento económico (OECD, 2021). A Comissão Europeia antecipa uma, assustadora, redução média do PIB de 0,4% por ano até 2070 devido ao envelhecimento populacional, com impactos particularmente fortes em países do sul da Europa (European Commission, 2021). A reposição de uma população jovem através da imigração, em alguns países, como a Alemanha, Suécia e França tem ajudado a aliviar o problema, mas não resolve a questão de forma nem sustentável nem holística.
O envelhecimento da população pressiona os sistemas de pensões e segurança social, uma vez que os sistemas aos dias de hoje são financiados pelos trabalhadores em actividade. Em Portugal, as contribuições para a Segurança Social devem cobrir pensões e apoios, mas o aumento do número de reformados sem uma equivalente reposição de jovens é insustentável, não augurando boas perspectivas. Segundo o Relatório do Conselho de Finanças Públicas de 2024, a sustentabilidade do sistema português de pensões enfrentará sérios desafios até 2050, caso não sejam feitas reformas significativas (Conselho de Finanças Públicas, 2024).
A solidão e o isolamento social são problemas de carácter crítico entre a população idosa. Estima-se que cerca de 20% dos idosos enfrentam problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade, agravados e potenciados pelo isolamento social (World Health Organization, 2021). Nesta linha de raciocínio, também o risco de demência aumenta em até 60% em idosos que sofrem de solidão prolongada, segundo um estudo da Lancet (Livingston et al., 2020). Este fenómeno acentua a necessidade urgente de redes de apoio social que ajudem a promover o bem-estar mental e a integração social dos mais velhos.
Dada a dimensão deste flagelo, países como a Suécia, o Reino Unido e o Japão têm adotado políticas que incentivam o envelhecimento ativo, permitindo que os idosos façam parte da população trabalhadora por mais tempo, caso desejem e estejam aptos. Além disso, a Organização Mundial da Saúde promove a criação de sistemas de cuidados integrados, que priorizem a autonomia e a participação dos idosos, reduzindo assim os custos dos cuidados prolongados (WHO, 2021). A tecnologia e a inovação em saúde, como a telemedicina, a prescrição social e cultural e a inteligência artificial, são ferramentas valiosas para enfrentar o aumento da procura por cuidados e assegurar uma melhor qualidade de vida aos idosos.
Concluindo, o envelhecimento populacional exige cada vez mais uma transformação significativa nas políticas públicas, que devem estar orientadas para garantir a sustentabilidade social e económica a longo prazo, pensando e antecipando o amanhã… A integração dos idosos na sociedade, tanto no mercado de trabalho quanto em atividades sociais e culturais, e o investimento em saúde e bem-estar são essenciais para que o envelhecimento não seja um “fantasma”, mas uma fase de vida valorizada. A abordagem integrada e proativa é a chave para enfrentar este fenómeno de forma digna e sustentável, “é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade” (Armstrong, 1969 cit in Chaikin, 1994)!
Referências
Para o leitor, com estima:
Génesis, Kissinger, Mundie & Schmidt: Maravilhoso livro, escrito por Henry A. Kissinger, em coautoria com os tecnólogos Craig Mundie e Eric Schmidt, é um livro que nos é trazido com uma promessa… a de nos preparar para o amanhã e para navega o oceano conturbado da IA. (Kissinger [1923-2023], foi conselheiro de vários presidentes norte-americanos e de líderes mundiais, e recebeu o prémio Nobel da Paz e a Medalha Presidencial da Liberdade. Autor de extensa obra, escreveu, juntamente com Eric Schmidt e Daniel Huttenlocher, A Era da Inteligência Artificial).
Quem é o Homem:
João Miguel Alves Ferreira, bom homem, nascido e criado por terras de gente trabalhadora, de sangue e suor no rosto. Um Homem do mundo com as costelas na zona centro e a espinha no país, Portugal.
Psicólogo, social e organizacional, Data Scientist, filósofo publicado, investigador psicofisiologista, candidato a Neurocientista Molecular e de Translação pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC). Doutorando no programa Doutoral em Ciências da Saúde da FMUC. Bolseiro da Fundação da Ciência e Tecnologia. Membro e contacto Português da ERN EURO-NMD. Vencedor de 5 primeiros prémios e 1 segundo prémio do concurso literário da Caixa de Crédito Agrícola e CMM. Recetor de 3 bolsas de Investigação Marie Sklodowska Curie. Vencedor de 2 bolsas de mérito Nacional da Direção Geral do Ensino Superior.
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