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O presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo disse hoje à agência Lusa que o concelho sofreu prejuízos em cerca de três milhões de euros (ME) no setor agrícola onde está incluída uma casa de primeira habitação.
“Em área ardida, este incêndio deixou, mais ou menos, sete mil hectares e em termos de prejuízos, rondam os 3 ME em floresta, agricultura, pecuária e ferramentas, alfaias agrícolas”, contabilizou Francisco Carvalho.
À agência Lusa o autarca disse que os incêndios que atingiram o concelho entre 16 e 20 de setembro, “a maior parte da área ardida foi mato e floresta desordenada” enquanto “na agricultura serão cerca de 20 hectares”.
“Foi afetada a produção vinícola, a produção da maçã foi pouca, porque os produtores conseguiram salvar os pomares, arderam só árvores isoladas ou no meio de outras. Agora, no futuro, é que se vai ver o prejuízo, porque houve vinha que ardeu e os vinicultores ainda não sabem se vai rebentar”, sublinhou.
Francisca Carvalho realçou ainda que “a pastorícia também foi afetada, porque arderam pastos que nesta época já estavam rebentados e, agora, só mais tarde, mas, nesta altura, as ovelhas já estão na época para colher o leite e fazer o queijo para o Natal”.
O Município e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) começaram “a fornecer feno para alimentar as ovelhas” e na “próxima segunda-feira começa a ser distribuída também ração”.
“Não temos ração para todos, mas a Câmara Municipal [de Penalva do Castelo] através do seu orçamento vai avançar com a compra de ração para que não haja discriminação e esperemos que depois nos seja paga esta despesa”, realçou.
No montante dos 3 ME, acrescentou, “está também uma casa de primeira habitação que ardeu e cuja família se mudou para a casa de turismo de habitação que tem como negócio” no concelho de Penalva do Castelo.
Quanto aos danos em infraestruturas municipais, o presidente da autarquia admitiu que “vai ser feito, com mais calma, esse levantamento, porque a urgência era registar os prejuízos dos agricultores, o Município e as juntas de freguesia têm tempo”.
Para diminuir esses custos, acrescentou, Penalva do Castelo “vai depois candidatar-se ao PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], até lá, felizmente, a Câmara tem uma saúde financeira que lhe permite sobreviver” aos danos.
O veículo dos Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo que ardeu durante o combate, disse, “vai ser indemnizado pelo Serviço Nacional dos Bombeiros e pela CCDR, que também vai contribuir com alguma perda, assim como o Município”.
A ministra da Administração Interna, avançou esta semana que mais de um terço dos incêndios florestais registados este ano tiveram como causa incendiarismo e revelou que, só no distrito de Viseu, arderam quase 50.000 hectares.
Segundo a ministra, Viseu foi o distrito com mais área ardida, com 49.558 hectares, seguido de Aveiro (cerca de 27 mil hectares) e Porto (20.217) hectares.
“Estes são dados provisórios que estão ainda em pré-validação no sentido de confirmação total”, disse a ministra, referindo que, perante estes dados, “pretende-se fazer uma investigação no sentido de se ver em que termos estes números existem, qual a intenção, se foi dolo ou com negligência”.
Segundo o sistema europeu Copernicus, os incêndios florestais da terceira semana de setembro consumiram cerca de 135.000 hectares, elevando a área ardida este ano em Portugal para quase 147.000 hectares, a terceira maior da década.