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Investigadores em Viseu estudam como proteger Queijo da Serra da Estrela

Projeto, intitulado ProCardo, pretende ajudar os produtores “a tirar maior partido das cardosinas”, enzimas que funcionam como coagulante vegetal (“coalho”)

 Investigadores em Viseu estudam como proteger Queijo da Serra da Estrela
04.12.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Investigadores em Viseu estudam como proteger Queijo da Serra da Estrela
04.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Investigadores em Viseu estudam como proteger Queijo da Serra da Estrela

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) lideram um projeto para proteger a qualidade do Queijo da Serra da Estrela, ajudando os produtores a tirar partido das enzimas essenciais à sua produção, foi hoje revelado.

O projeto, intitulado ProCardo, pretende ajudar os produtores “a tirar maior partido das cardosinas”, enzimas que funcionam como coagulante vegetal (“coalho”) e que conferem ao queijo características únicas, avança, em comunicado, a FCUP.

Estas enzimas estão presentes na flor do cardo, que se encontra no interior do país desde a Serra da Estrela ao Algarve.

Geralmente, as flores usadas na produção do Queijo da Serra da Estrela são provenientes do sul do país, zona suscetível aos efeitos da seca e calor excessivo “numa tendência crescente” face às alterações climáticas.

Nesse sentido, os investigadores querem perceber se as alterações climáticas podem ameaçar a qualidade destes queijos e dotar a indústria queijeira de ferramentas para “ultrapassar eventuais alterações das características das cardosinas nas flores de cardo”.

Citada no comunicado, a líder do projeto, Cláudia Pereira, esclarece que existem dois tipos de cardosinas importantes no coagulante vegetal (A e B) com diferentes propriedades na sua ação: cortar a principal proteína do leite [caseína] e promover a sua coagulação.

“Sabemos que a proporção entre cardosina A e B é muito importante para que o queijo mantenha as suas características”, salienta a investigadora da FCUP e do GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável.

Neste momento, a equipa está a realizar ensaios de campo em Viseu em situações de ‘stress’ e conforto hídrico e a comparar os resultados com ensaios realizados em plantas em Beja, no Alentejo, onde em estufa estão sujeitas as temperaturas elevadas.

O objetivo é perceber como varia a expressão destas enzimas quando expostas a diferentes tipos de ‘stress’ ambiental, tendo os primeiros ensaios de campo permitido perceber que existem diferenças na proporção das cardosinas produzidas em plantas expostas a temperaturas elevadas e nas produzidas em plantas em situação de conforto hídrico.

“Normalmente nas flores de cardo temos maior quantidade de cardosina A do que cardosina B, mas em plantas expostas a temperatura mais elevada as proporções tendem a igualar-se”, adianta a investigadora.

Em função dos ensaios de campo, os investigadores tencionam, futuramente, selecionar algumas das condições mais extremas, obter flores colhidas nessas condições e usá-las na produção de Queijo da Serra da Estrela DOP.

“Esse queijo será analisado em relação às características físico-químicas em laboratório e pelo painel da câmara de provadores do Queijo Serra da Estrela DOP, para avaliação sensorial quanto à textura, sabor e aroma”, acrescenta Cláudia Pereira.

No âmbito do projeto, que conta com um financiamemto de 150 mil euros do programa Promove, uma iniciativa do BPI, Fundação “La Caixa” e Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), está também prevista a realização de ‘workshops’ para mostrar e apresentar os resultados do projeto à indústria queijeira.

O projeto decorre até 2026 e tem como parceiros o Instituto Politécnico de Viseu, Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL), em Beja, e a Queijaria de São Cosme, em Gouveia. Está também prevista a colaboração com produtores espanhóis que poderão ter acesso e beneficiar do conhecimento científico produzido.

 Investigadores em Viseu estudam como proteger Queijo da Serra da Estrela

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