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Nasceu em Bodiosa-à-Nova em 16 de junho de 1937 e só aos 7 anos é que foi para a escola primária. Após a primária, frequentou a Escola Industrial e Comercial de Viseu, atual Escola Secundária Emídio Navarro. João Mendes Pereira estreou-se no futebol nos juniores do Académico de Viseu Futebol Clube, onde foi campeão distrital naquela que considera “a melhor equipa do Académico de sempre nos anos 60”. Até aos dias de hoje, é um dos melhores marcadores da história deste clube. Na primeira pessoa, a antiga glória conta o seu passado e por onde tem andado
“Não tinha mais onde me entreter. Ía para o treino às 7h00 da manhã, nos intervalos da escola jogava à bola e no fim da escola voltava a jogar à bola. Era jogar à bola e mais nada! Com a camisola número 7, na posição de extremo-direito, continuei nos seniores até aos 28 anos. Deixo o Académico e vou jogar para o CD Gouveia que disputava o Campeonato Nacional da 2ª divisão”
Os campeões que colocavam “a cidade em alvoroço”
Na história do Académico de Viseu, João Pereira, hoje com 84 anos, realizou 174 jogos e marcou o primeiro golo frente ao GD Mangualde. “A melhor memória que tenho foi a invasão de campo dos adeptos, quando o académico subiu à 1ª Divisão Nacional no verão de 1978. Nos tempos de jogador era uma alegria ser campeão, ainda para mais quando eram jogadores cá da terra. Foram muitas as amizades que criei. Sempre que o Académico subia de divisão, colocávamos a cidade em alvoroço. Deitávamo-nos às 4 ou 5 da manhã para comemorar e como antigamente não havia clubes à volta de Viseu e não havia televisão, as pessoas não ficavam em casa no sofá, então vinham ver os jogos e celebrar.”
Memórias engraçadas
“Uma vez fomos jogar com os juniores de Aveiro, o S.C Beira-Mar, e ganhámos 4-3. Lembro-me da bola a vir no ar e eu estava sozinho preparado para marcar um golo de cabeça, mas a bola foi para fora”, explicou entre sorrisos, recordações que apelida como “anedotas verdadeiras”.
Outras das suas memórias passa pela evolução do futebol que aos seus olhos “não é nada como hoje em dia”. “Antigamente não havia substituição do guarda-redes. Se o guarda-redes fosse expulso, um avançado ou um defesa substituía-o na baliza. Uma vez, como jogador do Gouveia, estava um avançado na baliza e eu marquei penálti, mas o guarda-redes defendeu. Poucos minutos depois, teve de se repetir o penálti e o guarda-redes defendeu outra vez, isto foi uma vergonha para mim”, relembra entre risos.
“Antigamente os árbitros eram muito caseiros”
“Antigamente os árbitros eram muito caseiros, agora com as formações que existem já não. Aconteceu uma coisa comigo que recordo até hoje: no dia em que o Académico desceu de divisão contra os Sanjoanenses, no Fontelo. O árbitro passou por mim e disse “caia dentro da área” e eu rindo-me pensei, “como é que eu caio dentro da área se nem assim a bola chega lá? e o jogo não correu mesmo nada bem, perdemos 5-2.”
“O pior do futebol são as pessoas”
“Atualmente, o futebol é uma profissão bem paga, mas há muita gente a ganhar indevidamente dinheiro na modalidade. O pior deste desporto são mesmo as pessoas inseridas nele. Tenho pena dos jogadores que saem do futebol e não acautelam o seu futuro, pois a profissão é de desgaste rápido. Se só jogam futebol durante anos e não se predispõem a outras opções sem ser o futebol, é um tipo de raciocínio errado, deviam ter segundas opções de vida”.
A experiência como treinador
“Depois do Académico, fui treinador do Grupo Cultural e Desportivo 500 dos funcionários da Segurança Social e Administração Regional de Saúde (ARS) de Viseu. No Algarve, fomos campeões nacionais de futebol e jogámos contra as seleções de França e Espanha. Na época de 1972/73, apenas durante esse ano, treinei também a Associação Desportiva de Sátão, um clube que ainda era principiante nas competições oficiais, onde ainda hoje tenho grandes bons amigos.”
O atletismo como segunda paixão
“Em Viseu, fiz tropa no Regimento de Infantaria 14, no qual o representei, numa prova de corta-mato nas Comemorações da Batalha do Bussaco, comandada pelo Alferes Riquito. No RI-14… foram uns bons tempos… quantas vezes corri, quantas vezes ganhei! Na mesma época fui campeão distrital de atletismo, organizado pelo Record. Ganhei uma medalha que guardei até lá bem pouco tempo. Ofereci-a à minha neta Joana, que juntamente com o irmão Santiago são campeões distritais de corta-mato. Se não fosse o futebol, estou convencido que teria seguido o atletismo”.
O orgulho pelos netos
“A minha neta, Joana, de 12 anos é uma campeã! Em 2018, na Corrida Pelicas, conquistou o 1º lugar e fez melhor tempo que os atletas rapazes. Ganhou também, há bem pouco tempo, em Moimenta da Beira, o primeiro lugar no atletismo. E o meu neto… com apenas 8 anos, só queria que o vissem correr! Ganharam os dois o primeiro lugar em Moimenta, cada um no seu respetivo escalão, a competição organizada pela Associação de Atletismo de Viseu”.
Café e Jornal, a manhã perfeita
“Depois da carreira futebolística, trabalhei na Federação dos Vitivinicultores do Dão, durante 40 anos até me reformar. Atualmente, levanto-me todas a manhãs e vou comprar dois jornais. É a esta hora que o café me sabe bem: quando me sento a ler. Durante a tarde, vou muitas vezes ao Parque do Fontelo, com amigos a jogar às cartas ou vou acompanhar as obras do junto ao estádio do Fontelo, assim passo o dia”.
Quanto ao futebol, o bichinho continua lá, mas já não acompanha os jogos como antigamente. “O último jogo que vi do Académico foi com o FC Porto para a Taça de Portugal, na meia-final, há 3 ou 4 anos, que acabou com um empate. No entanto, vou acompanhando os resultados, mas lamento as bancadas do Fontelo não encherem como em outros tempos”.