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Leviandade da debandada turística

 Leviandade da debandada turística
14.03.25
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 Leviandade da debandada turística

por
Filipe André

Sabemos que a atividade turística continua a ser um pilar fundamental para a economia portuguesa. E se dúvidas houvesse, os 27,7€ mil milhões de euros (ainda provisórios) de receita relativos ao ano de 2024 falam bem por si. Para os mais distraídos contribui com 19,1% do Pib Português. 

Importa, portanto, olhar para o turismo como uma atividade com um aporte bastante significativo para a economia portuguesa e consequente proveito para os portugueses.

A verdade, e olhando para aquilo que é a geografia portuguesa, o turismo será por ventura a verdadeira tábua de salvação. As grandes cidades Portuguesas sabem-no muito bem. Apesar das insânias correrias às licenças de Alojamento Local (AL), a atividade turística está imensamente para lá desse tresmalho. Assunto esse que mais não foi que o exemplo de uma falta de estratégia gritante. Basta analisarmos por exemplo as doutrinas da academia de turismo, que refere que o turismo, só é turismo se se tratar de uma atividade sustentável. Depois podemos falar da obrigatoriedade de se interpretar o território preservando e valorizando por exemplo a sua identidade, em preambulo com produtos turísticos, como o património cultural tão diferenciador de outras cidades de outros países. A diferenciação em conjunto com a oferta turística será sempre uma condição de sucesso. A proliferação sem regra, sem estudo, sem princípios turísticos transformou a história das cidades, dos territórios; que se perdem, nalguns casos drasticamente, passando a existir uma oferta similar em particular por toda a Europa. Quanto a este exemplo, seria bom pensarmos o porquê de este cenário não ter sido acautelado? Assim como a questão de se saber onde estava o princípio da regra sustentabilidade aquando da debandada das licenças de AL em Lisboa, Porto e Algarve. Talvez quem definiu as premissas não estivesse bem dentro do que é a norma turística ensinada em Portugal e regulada pela Organização Mundial de Turismo. (OMT/UNWTO). É aqui que reside, a meu ver a maior ameaça para o Turismo Português. 

O país corre a duas velocidades, as assimetrias do território são berrantes, e quando se apregoa mais investimento por exemplo para o interior do País, não vejo uma estratégia diferenciadora e acutilante que permita o desenvolvimento sustentável do nosso despovoado interior. Será através de outros sectores, como por exemplo a Indústria? Sim. Também. Mas ainda existem suficientes pessoas para preencher postos de trabalho? Um facto é irrefutável, de edifícios, casas e quintas ao abandono que se perdem com a riqueza da sabedoria das gentes não há falta. Depois há também a questão dos riscos, como despedimentos coletivos que destroem pequenas comunidades de todas as formas. Já para não falar nos salários que por norma são baixos.

Ora se a atividade turística permite a entrada de divisas estrangeiras, e consequentemente enriquecimento deste País à beira mar plantado, mas também enraizado em montes, montanhas e planícies, porque não se afirma o turismo como um proeminente agente de riqueza para o interior? Será porque por exemplo os municípios, que são os motores do incentivo do território, entendem como turismo uma amalgama de eventos ou atrações turísticas como por exemplo a moda dos passadiços, ou as feiras temáticas? E depois? Que acontece depois?

As estratégias de produto turístico onde estão? Nem me atreverei a perguntar quantos serão os municípios com estratégias turísticas de desenvolvimento devidamente estruturadas. Não serão muitos por certo, infelizmente. O problema é que os territórios não se afirmam convenientemente na sua identidade, copiando o que os vizinhos do lado fazem. A estas atividades chamam-se atrações turísticas, que se não forem parte de um produto turístico, esgotam-se nelas próprias. E aqui temos a resposta. O foco dos municípios e outras entidades deveria ser o incentivo ao empreendedorismo turístico, permitindo e incentivando a criação de negócios, ligados a toda uma oferta turística, e também sendo os primeiros dinamizadores alicerçados numa estratégia de comunicação e marketing avançada e acompanhando as tendências. Expositores de vaidades em feiras de turismo, não pode ser a via de promoção de um território. 

Há uma tendência, principalmente de alguns autarcas de se referirem à atividade turística com certa leviandade, porque capitaliza o discurso e é pessegote. Mas o Turismo não é isto, nem precisa disto. Precisamos dele no interior como pão para a boca, como catalisador da regressão das assimetrias. Precisamos de turismo bem delineado, por profissionais da área, por académicos formados pelas instituições de ensino superior, razão primeira pelas suas formaturas. Precisamos de colocar estes profissionais e académicos no lugar que lhes compete, no centro da decisão turística. Não fará sentido um tribunal não ter um juiz formado em direito, um hospital não ter um médico formado em medicina. Não fará sentido, portanto ter numa atividade que gera 27,7€ mil milhões de euros de receita em Portugal ser gerida por alguém sem as abonatórias necessárias para o efeito. Até porque estou convicto, o Turismo tem ainda muito para dar a todas as regiões deste País em especial às gentes do interior, desde que, em primeiro lugar, seja devidamente trabalhado e em seguida condignamente bem usufruído. 

Para concluir, questiono-me acerca do porquê de ainda não termos uma estratégia definida para capitalizar o excesso de massas de turistas da nossa Capital e de outras cidades como a do Porto e direcioná-las para um interior ávido por se sentir vivo? Porquê? Alguém sabe? Será tarefa impossível num País com esta geografia? Faltará darmos uso aos nossos recursos humanos especializados? Com certeza que sim. Quanto aos restantes, deixo á consideração do leitor. 

 Leviandade da debandada turística

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