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Mafalda, a nadadora que veio até Viseu dar alma olímpica ao Académico

Com 21 anos é uma das principais esperanças portuguesas nos próximos anos em campeonatos internacionais. Mafalda Rosa não é de Viseu, mas escolheu a cidade para viver e sonhar com altos voos. Integra desde há poucas semanas a comitiva de natação do Académico de Viseu. Coordenador do clube vê-lhe capacidades para ser referência. Humberto Fonseca pede apoios nacionais para dar força e substância ao sonho de Mafalda e de outros nadadores

Carlos Eduardo Esteves
 Mafalda, a nadadora que veio até Viseu dar alma olímpica ao Académico
01.12.24
Jornal do Centro
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 Mafalda, a nadadora que veio até Viseu dar alma olímpica ao Académico
01.12.24
 Mafalda, a nadadora que veio até Viseu dar alma olímpica ao Académico

Quando celebraram o acordo, a 11 de novembro deste ano, Mafalda Rosa e o Académico de Viseu tinham objetivos diferentes que se conjugaram naquele dia. A nadadora veio para Viseu estudar e queria abrir horizontes na carreira desportiva. O Académico pretendia ter nas fileiras uma das mais promissoras nadadoras portuguesas que, por duas vezes, esteve à beira de representar Portugal nos Jogos Olímpicos. Faltava um dia para a data limite de inscrições de nadadores.

Humberto Coelho é coordenador de natação no clube viseense e, numa altura em que a época na natação começa a dar as primeiras braçadas, confessa que a temporada pode ser resumida em palavras como “reinvenção e afirmação”. Mafalda estuda Turismo na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu.

Está há poucas semanas a nadar no novo clube. E o Académico começa já a apaixonar a jovem de 21 anos. “Estou a gostar muito dos jovens nadadores do Académico e da atmosfera deste clube. Os atletas são todos muito unidos e fico feliz e orgulhosa por ter oportunidade de ser uma espécie de motivadora ou referência. Quero motivá-los a serem cada vez melhores e a ajudá-los no que for preciso”, começa por dizer a atleta que, há poucos dias, conseguiu um nono lugar na Taça Mundial de natação, que decorreu na Arábia Saudita.

Mafalda assume ao Jornal do Centro que se perdeu no tempo o dia em que nadou pela primeira vez. A mãe inscreveu-a ainda com meses na natação. A saúde afastou-a das piscinas por alguns meses e por volta dos três anos retomou a modalidade. Até hoje. Numa “relação quase de sempre”, como afirma. “A natação já faz parte da minha vida. Não me consigo imaginar sem competir ou treinar”, refere.

Surpreendeu-se com clube “tão extenso”

Natural das Caldas da Rainha, foi em Rio Maior que Mafalda Rosa viveu grande parte do tempo. A professora Ana Lúcia foi quem começou a dar sentido a uma carreira promissora. Ensinou Mafalda a nadar. Depois surgiu na carreira desportiva o treinador que a acompanha até hoje: Nuno Ricardo. “Quando entrei para a pré-competição, já fazíamos algumas provas e eu ficava sempre muito bem classificada. Toda a gente gosta de ganhar e ganhei motivação aí. Tinha sede de treinar de ser melhor e melhor”, assinala.

Na chegada a Viseu para estudar, abraçou o desafio chamado Académico. E a primeira impressão relativamente às piscinas do Fontelo não poderia ter sido melhor. Afinal, Mafalda Rosa sente-se confortável a treinar em piscinas de 50 metros. “Já tinha estagiado em Viseu durante uma semana há dois anos. É uma cidade muito maior do que Rio Maior. Vir para Viseu fez-me bem para mudar de ares”, vinca. Sobre o Académico, a nadadora confessa já ter ouvido falar, sem nunca imaginar “que era um clube tão extenso, com tantos atletas”. “Isso surpreendeu-me bastante”, assume.

O primeiro grande desafio de Mafalda Rosa é já este fim de semana no Nacional de clubes de natação. O Académico de Viseu está na Segunda Divisão tanto em masculinos, como em femininos. E o objetivo é, para já, a manutenção entre os 24 clubes deste escalão. “A curto prazo o meu foco está apenas no Nacional de Clubes, já com as cores do Académico de Viseu. A médio prazo penso no Nacional de Piscina, em dezembro. E no verão de 2025 há Mundial de Águas Abertas em Singapura”, projeta a nadadora.

Os Jogos e a nota de 20 euros que ficou por apanhar

À medida que o calendário de sonhos avança, há um que já por duas vezes tentou alcançar: representar Portugal nos Jogos Olímpicos. Os próximos são em 2028. “Tentarei mais uma vez. Talvez à terceira seja de vez. E quem sabe o Académico dê sorte”, atira. A nadadora, que se especializou em águas abertas, começou por tentar uma primeira vez, mas, nesse ano, rumo a Tóquio, apenas uma portuguesa tinha lugar e a jovem não conseguiu ser a melhor. “Aceitei sempre bem que o outro faz melhor do que eu. A segunda tentativa foi uma falha de gestão de prova da minha parte. Comecei demasiado rápido e faltou-me energia para a parte final. Fiquei mesmo perto”, lamenta. E promete não desistir de tentar nadar em tons olímpicos.

Essas são contas só para fazer lá para o final de 2027, inícios de 2028. Para já, aquando da ida para a última grande prova a nível internacional, Mafalda Rosa confessa ter vivido um episódio no mínimo caricato. “Não tenho grande superstições, mas quando estava a ir para a prova na Arábia Saudita, mesmo à porta para entrar no avião, vi vinte euros no chão. E pensei, vou deixar ficar para não apanhar mau karma. E deixei a nota lá”, revela. A atleta conclui então que mais do que em superstições acredita que “se fizer coisas boas, talvez coisas boas me possam acontecer e o oposto também”. E acabou por dizer, entre risos, que, se vir uma nota no Fontelo no chão, a nota vai lá continuar.

Académico ofereceu um projeto à Mafalda, diz treinador

No Fontelo está há alguns anos Humberto Fonseca. É o rosto do núcleo de natação do Académico. O responsável diz que o clube de Viseu conseguiu já “um lastro grande de resultados”. E a contratação de Mafalda Rosa, confessa, foi uma medida excecional. “A nossa forma de estar passa por formar. Estamos agora a assistir ao final da carreira de nadadores que começaram a nadar nas velhinhas piscinas do Fontelo e, por isso, o foco está em formar aqueles que serão os atletas do Académico de Viseu nos próximos 10 a 15 anos”, ressalva. Mafalda Rosa foi, então, chamada “para nos ajudar com os resultados da equipa a breve prazo e depois para incentivar os mais novos e terem nela o exemplo do que é uma nadadora de alto rendimento, com resultados nacionais e internacionais”. “Acredito que com este exemplo possa também fazer aumentar o número de interessados em fazer parte da natação do Académico de Viseu”, sublinha. Atingir resultados no curto e médio prazo e, ao mesmo tempo, alargar a base da pirâmide são as metas academistas.

Mas afinal porque é que Mafalda abraçou o projeto do Académico? “Havia bastantes clubes interessados na Mafalda. Nós oferecemos-lhe um projeto. O Académico é hoje um clube muito mais robusto, com mais valências e capacidade de resposta e acompanhamento dos atletas. Por isso, conseguimos que a Mafalda ficasse connosco. Ela tem o objetivo de integrar o projeto olímpico de Los Angeles 2028”, justifica Humberto Fonseca.

“Estamos a falar, se calhar, na maior esperança portuguesa para Los Angeles 2028 em águas abertas e tê-la nessa altura a representar o Académico de Viseu, vestindo a camisola de Portugal seria histórico e seria fantástico. Tudo faremos para continuarmos ligados à Mafalda nos próximos quatro anos”, frisa.

São precisos milhares de euros para dar força ao sonho olímpico

Mas para que as braçadas de Mafalda possam orgulhar Portugal em águas norte-americanas é preciso um alinhamento quase astral. “Os atletas trabalham muito bem, e por vezes falta sempre alguma coisa. É preciso que não apenas o clube esteja envolvido nesta luta pela chegada aos Jogos. É necessário a Federação Portuguesa de Natação e o Comité Olímpico de Portugal estarem atentos. Uma atleta deste nível para se preparar para os Jogos Olímpicos não o faz sequer em Portugal. Tem de treinar em altitude, normalmente em Serra Nevada e isso traz custos. O clube fará tudo para colaborar, mas terá sempre de ser o Comité Olímpico a apoiar”, apela.

Em contas feitas rapidamente, Humberto Fonseca aponta para um investimento necessário na ordem dos 30 a 40 mil euros ano para apurar um atleta rumo aos Jogos Olímpicos. “Esse valor garante condições para que o nadador chegue daqui a quatro anos e esteja ao mais alto nível. Terá de ser o Estado a suportar quase na totalidade. O Académico de Viseu vai ajudar em tudo o que não seja investimento monetário e vai dispor todos os meios para uma atleta desta craveira”, avança.

Disciplina da natação dá frutos mais tarde

A época passada o Académico teve nas fileiras de natação 124 atletas. “Há um desequilíbrio – que não é só nosso e que se reflete a nível nacional e temos cerca de 75% em masculinos e apenas 25% em femininos”, constata. “Há uma diminuição de inscrições de mulheres e julgo que não apenas em Viseu, nem sequer apenas na natação. Pode estar a alargar-se a todo o desporto federado”, indica. Para além desse fosso de género, há um outro: o geográfico que está ligado ao prosseguir dos estudos. “O Académico de Viseu está na Segunda Divisão em masculinos e femininos e não consegue subir muito por força disso. Os nossos miúdos chegam aos 18 anos e vão todos embora. Se virmos o mapa dos clubes que estão na Primeira Divisão, são equipas do Porto, Lisboa e Coimbra, cidades onde estão sediadas as principais faculdades do nosso país”, lembra.

Por isso, Humberto afirma que nessas cidades, os clubes “além de darem maturidade às formações, ainda recebem atletas de regiões onde não há ensino universitário”.  “Já conseguimos dar algumas respostas e o Politécnico já consegue absorver nadadores e vamos agora beneficiar da força do Politécnico com uma atleta que vem para o nosso clube”, assinala. Nos masculinos, Humberto Fonseca destaca os desempenhos de Tomás Sousa, ainda juvenil e de André Moura, atleta mais consagrado.

 Uma vez chegados aqui, Humberto Fonseca deixa também claro que, além de completo, o desporto chamado natação é também aquele que “dá mais trabalho”. “É exigente e pede disciplina ao atleta.  Toda a exigência e disciplina é depois demonstrada no dia a dia dos atletas. Se o atleta não falhar um treino, se é tão disciplinado, então também o será na escola ou no trabalho. A disciplina, o rigor e o empenho são o modo de vida de um nadador. Às vezes nem os pais entendem como é que um atleta tão novo tem de treinar todos os dias natação, se no futebol ou no basquetebol só há treinos duas vezes por semana. No futuro, no meio profissional, até no momento da contratação um nadador ganhará pontos perante outros candidatos precisamente por não querer falhar e pela disciplina que colocou a vida toda ao praticar este desporto”, sustenta.

 Mafalda, a nadadora que veio até Viseu dar alma olímpica ao Académico

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