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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Rita Mesquita Pinto
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Jorge Marques
Criado há oito anos, em 2016, o Banco Local de Voluntariado de Viseu tem hoje 322 voluntários e 41 entidades parceiras. Números que foram crescendo ao longo dos tempos, em muito impulsionados por um maior conhecimento do que é o voluntariado, seja pelos voluntários, seja pelas instituições.
No município de Viseu, aquando da criação, o banco contava com pouco mais de 50 a 60 voluntários e uma dezena de associações e instituições promotoras de voluntariado.
Muitas vezes associado à área da saúde, sobretudo pelo apoio em hospitais, o voluntariado vai, além disso, e chega às áreas social, cultural, comunitária, educacional ou justiça.
Quem trabalha diariamente com esta resposta afirma que não há um “perfil” de voluntário, até porque pode ir dos “8 aos 80” anos. Ainda assim, a idade de referência são os 18 anos, mas se acompanhados por pais ou tutores os participantes podem ser mais jovens. Na próxima quinta-feira (5 de dezembro) celebra-se o Dia Internacional do Voluntariado.
“O voluntariado é uma vontade, é não ter tempo, mas conseguir arranjá-lo”, começa por dizer ao Jornal do Centro Micaela Nunes, do Banco Local de Voluntariado de Viseu, uma resposta dinamizada pela Divisão de Desenvolvimento e Coesão Social da câmara municipal.
A funcionar há quase uma década, o banco veio ajudar a “regular” o voluntariado, já que até então era feito de forma informal. “As pessoas não aderiam tanto por ser informal, havia projetos a acontecer, mas o banco local não existia. Face à necessidade que houve, e face à procura das pessoas que vinham até nós, em 2016 surge o banco local de voluntariado”, lembra.
Atualmente, existem voluntários das mais variadas faixas etárias, estudantes, trabalhadores ou reformados. Em Viseu, o banco chegou a dar um reconhecimento a uma voluntária que colaborou praticamente até aos 90 anos com uma entrega “incansável e de compromisso”.
O aumento significativo de voluntários e entidades é, para a autarquia, “positivo”, mas o objetivo é continuar a crescer.
“Acho que é um bom número para as necessidades. Mas, claro que o objetivo é podermos aumentar a carteira de entidades e voluntários, até porque nestes 300 inscritos nem todos estão sempre disponíveis, por exemplo, há alguns que eram estudantes e agora estão no mercado de trabalho”, explicou.
Desmistificar o voluntariado é um desafio bem-sucedido
Um dos grandes desafios destas equipas é continuar a desmistificar o voluntariado, o que afirmam que tem sido bem-sucedido ao longo dos anos.
“Desmistificar o que é o voluntariado foi uma grande luta, sentimos que tivemos um grande avanço e que as entidades já estão sensibilizadas para a temática. Há ainda um longo caminho a fazer, mas notamos que já está melhor, até porque vamos fazendo ações de formação e sensibilização seja para voluntários, seja para instituições”, acrescentou.
O desconhecimento ou o facto de, durante alguns anos, o voluntariado ser organizado de forma “informal” foram alguns dos desafios das equipas que punham no terreno esta resposta.
“Há uns anos, as instituições não estavam muito recetivas, porque não percebiam muito bem o que os voluntários iam fazer, tinham algum receio. E depois havia também algumas situações em que pensavam que ter voluntários era uma forma de ter mais funcionários, mas sem ter mais custos”, esclareceu Micaela Nunes.
Para chegar à população e desmistificar o voluntariado, o Banco Local de Voluntariado de Viseu tem realizado ao longo dos anos várias iniciativas, como ações de sensibilização e formação e outras atividades, nomeadamente no Dia Internacional do Voluntariado.
“No início, a nossa intervenção era através do Conselho Local de Ação Social, onde chegávamos a várias instituições e pessoas. Nessa fase, fomos também falar com os párocos das freguesias, aos presidentes de junta e lentamente foi-se espalhando a palavra e foi-se divulgando o banco. Fomos também apostando nas ações de sensibilização e de formação. Este ano, começámos o ano com iniciativas de sensibilização em escolas, precisamente para darmos a conhecer o banco, o funcionamento e as entidades, que convidámos para darem o testemunho”, recorda.
Mostrar que o voluntariado não pode ser visto como uma obrigação ou castigo é outro dos desafios, sobretudo para garantir que quem se inscreve permanece e assume o compromisso.
“O voluntariado tem que ser uma vontade, não um castigo ou uma obrigação. Isso é inverter o fundamento do voluntariado”, sublinha Micaela Nunes.
Ainda assim, quem trabalha no banco de voluntariado faz questão de sublinhar que “qualquer pessoa se pode inscrever e não tem que estar sempre disponível”.
“As pessoas estão sempre à vontade para preferir determinado projeto ou determinado período de participação. Pode chegar e dizer que vai estar em Viseu durante uma semana e que quer fazer voluntariado naquele período, por exemplo”.
O verão é a altura do ano onde se verifica um “boom” de procura, sobretudo “pais que questionam se há a possibilidade dos filhos menores de idade fazerem projetos de voluntariado ou os estudantes universitários que querem participar durante as férias”.
Voluntariado em Viseu em mais de 40 entidades
O Banco Local de Voluntariado de Viseu tem 41 entidades promotoras de voluntariado, das mais variadas áreas. As mais predominantes são as áreas social e da saúde, mas há ainda a área cultural, comunitária ou justiça.
Quando o voluntário se inscreve e entra em qualquer entidade, o banco de voluntariado é responsável por dar formação em voluntariado, que pode e deve ser complementada com uma formação mais específica na área onde vai estar inserido.
“Por exemplo, nos peditórios há parceiros locais e há parceiros que não tendo sede em Viseu, pedem-nos ajuda. Temos os exemplos do Europacolon [uma associação de apoio ao doente com cancro digestivo], a Liga Portuguesa Contra o Cancro ou a Cáritas Diocesana de Viseu. Temos também, há dois anos, um projeto com a SIC Esperança, que é uma campanha que angaria fundos para obras em escolas do primeiro ciclo, que no ano passado ajudaram a escola da Avenida”, descreve Micaela Nunes.
Além destas, o banco local colabora com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), que tem iniciativas como magustos, visitas à escola de cães guia ou encontros nacionais de invisuais. Com a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA-Viseu), Associação de Paralisia Cerebral de Viseu (APCV) ou Associação Mover, que se juntou há pouco tempo a esta lista de entidades promotoras.
Na vertente social há, por exemplo, a possibilidade de integrar iniciativas do município, como os cabazes de Natal. A ação, que acontece de 18 a 20 de dezembro, consiste em ajudar na constituição de mais de 600 cabazes solidários, no primeiro dia será a receção e a separação dos bens alimentares por produtos e os restantes dias para a execução dos cabazes. Também o apoio aos tempos livres, por exemplo, é uma das opções para quem exerce voluntariado.
Entre a carteira de entidades estão também a Lexvis – Associação Cultural e Recreativa da comarca de Viseu, uma das parceiras que colabora com o banco desde o início. A associação é composta por oficiais de justiça, que já estão reformados ou que ainda trabalham no tribunal, e o projeto mais antigo é a manta de afetos que apoia idosos ao domicílio, combatendo assim o isolamento social.
Há ainda a Refood, a Cáritas de Santa Maria, o Café Memória, a Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões, a Associação Mover, o Centro Sócio-Pastoral da Diocese de Viseu, a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil ou a GIRO (Associação de Pessoas com Pré-Diabetes).
Atividades em Viseu marcam Dia Internacional do Voluntariado
Todos os anos, o Banco Local de Voluntariado de Viseu assinalada o Dia Internacional do Voluntariado. Este ano está agendado um seminário, em colaboração com a Universidade Católica.
“Já colaboramos com a Católica há muitos anos, já fazemos ações de sensibilização em contexto de sala de aula, nomeadamente na cadeira de Cidadania Ativa, e lembrámos-nos de aglomerar as atividades que iriam acontecer em novembro e dezembro num só dia. Demos autonomia aos alunos do segundo ano de Gestão e foram eles que foram colaborando connosco”, explicou Micaela Nunes.
A iniciativa decorre durante a manhã e vai contar com a presença de Paula Correia, da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social que coordena, a nível nacional, o banco de Viseu.
No seminário vai ainda participar a ACAPO, através de uma ação de sensibilização e atividades para que as pessoas possam ter uma experiência mais aproximada de um cidadão invisual. A Escola de Cães Guia, que vem dar o seu testemunho, também vai marcar presença.
“No final vamos ter a colaboração de uma associação juvenil, que nasceu na Católica e que vão terminar o seminário”, acrescentou.
A iniciativa acontece das 9h30 às 13h00, é aberta à comunidade e qualquer pessoa pode inscrever-se até dia 2 de dezembro.