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Joaquim Alexandre Rodrigues
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22 de Setembro de 1999
Quando, por volta das 20H30, Alexei Katorfelnikov chegou ao prédio onde vivia, em Riazan, uma cidade a 200 quilómetros a sudeste de Moscovo, deu conta que à porta estava estacionado um Lada branco com os dois últimos algarismos da matrícula cobertos por um pedaço de papel com o número 62, indicativo da sua cidade. Dentro do carro, um homem sentado no banco de trás. Alexei achou aquilo suspeito, subiu ao seu apartamento e ligou à polícia, enquanto a sua filha foi à varanda e viu um homem sair da cave, entrar no carro e bazar. O papel na matrícula entretanto caíra, pelo que a matrícula da frente ficou diferente da de trás.
A polícia entretanto chegou e, depois da pressão de vários moradores, desceu à cave. Os agentes saíram de imediato a gritar: «Está lá uma bomba!»
Gerou-se o caos, os polícias bateram em todas as portas para evacuação geral, as pessoas saíram aflitas com o que tinham vestido. A seguir, um esquadrão anti-bombas desceu à cave e conseguiu desligar um detonador militar sofisticado, com relógio acoplado, que estava conectado a três sacos com uma substância branca estrategicamente colocados junto a vigas do prédio. Os homens fizeram um teste químico aos sacos e perceberam que eles continham RDX, um explosivo que estava a ser usado em vários atentados bombistas em edifícios na zona de Moscovo e que só era produzido numa fábrica na Rússia cuja produção era controlada pela FSB, a polícia secreta do sr. Putin que sucedeu à KGB comunista.
No dia seguinte, a FSB afastou a polícia local daquele prédio, tomou conta do caso, enrodilhou-se nos factos, alegou que os sacos não tinham RDX mas sim açúcar e mais um chorrilho de mentiras.
Quem quiser saber mais pormenores sobre a sorte que Alexei e os seus vizinhos tiveram, ao terem dado conta das manobras nocturnas daqueles homens, o melhor é ler “Quanto menos soubermos, melhor dormirmos”, de David Satter, edição Livros Zigurate.
Eu só dou mais um pormenor sobre este caso porque não vos quero causar insónias: aquele maldito Lada branco apareceu abandonado no dia seguinte num parque de estacionamento.
17 de Julho de 2022
No último domingo, a televisão estatal Russia-1 passou, em horário nobre, a história do sargento da Guarda Nacional Alexei Malov, um comandante de um tanque que foi destruído logo no terceiro dia da invasão da Ucrânia.
É importante lembrar que a Guarda Nacional responde directamente ao Kremlin e foi fundada em 2016. Na altura, a inquietação de Vladimir Putin que o fez criar esta espécie de guarda pretoriana foi explicada aqui num Olho de Gato, e cujo contexto histórico e político vou recordar no podcast que gravei para a Rádio Jornal do Centro.
É claro que o senhor do Kremlin tem um especial desvelo pela sua Guarda Nacional e, em 6 de Junho, assinou um decreto presidencial a ordenar o pagamento de cinco milhões de rublos — oitenta mil euros, mais coisa menos coisa — às famílias com guardas mortos na Ucrânia e na Síria.
Esta reportagem dominical da televisão estatal russa, feita junto do pai e da mãe do sargento Malov, é uma peça de propaganda do regime que quis passar a ideia que Vladimir Putin se preocupa com o destino da carne-para-canhão que vai buscar às repúblicas mais pobres e periféricas da Federação Russa e envia para a Ucrânia.
Nela, a família Malov fez saber ao país que, com o “dinheiro do caixão” (é assim que os russo chamam esta compensação), comprou um Lada branco, zero quilómetros, novinho em folha.
Maldito Lada branco.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Alfredo Simões