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Mas que discurso é este?

 Mas que discurso é este?
20.09.22
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 Mas que discurso é este?

Os discursos diferenciam-se pelo seu grau e modo de credibilidade. No mínimo, que a credibilidade final seja positiva. Porque se é verdade que o discurso político que anda por aí é dirigido ao cidadão, então a nossa qualidade cidadã já teve melhores dias. Fica a ideia que estamos remetidos para meros consumidores e então estão a afastar-nos da política! Ou como espetadores e aí falta a magia! Não é uma critica aos desacordos, eles são a normalidade em democracia. Nem sequer a algum radicalismo, ele pode até trazer um pouco de energia para os mais adormecidos. Não é esse o problema, a questão está na forma em como se está a desqualificar o cidadão, apresentando-lhe como verdades, factos e argumentos carregados de inverdades e preconceitos. É preciso que se diga que nem a maioria, nem a oposição são donos da razão ou da verdade, por isso tem ambos que se esforçar muito mais na credibilidade dos seus discursos. Os limites desta falta de qualidade já foram ultrapassados.

Fica-se com a ideia que este tipo de discurso já só serve os seus atores, que com isso chamam a atenção sobre si próprios. Eles mesmos já perderam o interesse no diálogo político entre si, entre desiguais. Cada um, governo/oposição, fala apenas para nós, na expetativa de aplausos. É este o espetáculo que está montado e onde se vão inventando diferenças, mesmo quando elas não existem. Acabou qualquer tipo de liderança, porque se dispensou a adesão consciente dos cidadãos. Neste tipo de cenário é impossível qualquer acordo, porque isso seria considerado uma traição ao seu público. Então o que acontecerá?

Já começou a acontecer! As pessoas continuarão a afastar-se da política e a desconfiança contaminará o Sistema Político; os melhores e mais competentes continuarão a ser dispensados ou a afastar-se; o comportamento destrutivo conduzirá a agressões, lugares comuns e estereótipos, onde já se adivinha ou provoca o que o outro vai dizer ou como vai reagir; a própria indignação, que ainda poderia trazer alguma energia, entrará num “estado de estupor” e só reagirá a situações muito dolorosas.
Já não existe qualquer lógica política em tudo isto. Qualquer hipótese de mudança, só acontecerá no dia em que passarmos de espetadores a agentes ativos. Quando percebermos que os grandes culpados de toda esta situação somos nós.

 Mas que discurso é este?

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