O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse que apoios ao teatro não faltam e lembrou que de 2022 para 2023 houve um crescimento de 27 por cento no financiamento. Hoje assinala-se o Dia Mundial do Teatro.
“Quando pensamos no teatro, o crescimento da verba entre 2022 e 2023 foi de 27 por cento. Se eu gostaria que fosse mais, gostaria, mas um crescimento de 27 por cento, considerando os dois teatros nacionais e a rede portuguesa de teatros e cineteatros, vemos que o valor cresceu essencialmente em outros projetos”, disse o governante, depois de ter assistido a uma peça de teatro, na ACERT, em Tondela.
Pegando o exemplo que tinha acabado de ver em que uma companhia emergente de Leiria apresentou o seu espetáculo em Tondela, o ministro da Cultura sublinhou que a programação em rede é muito importante. Rejeitando críticas de que há companhias que ficaram excluídas do concurso de apoio às artes e que algumas delas estão a acabar com a programação, Pedro Adão e Silva voltou a frisar que “a verba para os concursos de apoios sustentados duplicou” e que é por isso que das 186 passaram agora a ser apoiadas 212 entidades culturais. “Também não é menos importante que cada uma das entidades apoiadas recebe o dobro do que recebia e temos entidades novas”, disse.
“Há entidades que gostariam de ter acesso aos apoios e que não foram propostas para apoio. A natureza dos concursos é esta e o que podemos dar conta é de um esforço financeiro muito significativo do Ministério da Cultura no âmbito destes concursos”, insistiu.
Os concursos do Programa de Apoio Sustentado 2023/2026 têm sido contestados por várias associações representativas do setor da Cultura, tendo dado origem a vários apelos ao ministro da Cultura, a abaixo-assinados, a um “Protesto pelas Artes”, que juntou em janeiro algumas centenas de profissionais em frente ao parlamento, e, mais recentemente, à apresentação de uma providência cautelar, cuja decisão terá de ser anunciada em breve.
Quando abriram as candidaturas, em maio do ano passado, os seis concursos tinham alocado um montante global de 81,3 milhões de euros.
Em setembro, o ministro da Cultura anunciou que esse valor aumentaria para 148 milhões de euros. No entanto, o reforço abrangeu apenas a modalidade quadrienal dos concursos. Na altura, o ministro referiu que tinha havido uma grande transferência de candidaturas da modalidade quadrienal para a bienal.
Em novembro, porém, quando a DGArtes começou a divulgar os resultados provisórios dos seis concursos, estes começaram logo a ser contestados, nomeadamente por não se verificar a migração de candidaturas de uma modalidade para a outra e haver uma grande assimetria de resultados entre as duas modalidades.
Conhecidos os números, ficou patente que cerca de metade das estruturas elegíveis para apoio, na modalidade bienal, ficou de fora por falta de recursos financeiros, e que a quase totalidade das candidaturas elegíveis, na quadrienal, obteve apoio.
O Teatro como causa social
E na véspera do Dia Mundial do Teatro, o ministro da Cultura deslocou-se a Tondela, juntamente com o ministro do Ambiente, para assistir ao espetáculo “Sob a Terra”, um peça de teatro visa mudar comportamentos de risco para incêndios rurais.
“O Teatro, e a cultura em geral, tem várias funções. A primeira o prazer e a fruição pessoal, depois tem uma função de promover o desenvolvimento local e diferenciar os territórios, mas também tem uma função social de outra natureza e que neste caso tem a ver com a informação e prevenção dos incêndios rurais”, salientou o governante que aproveitou para dizer que esta iniciativa “é um dos exemplo daquilo que tem sido feito entre o Ministério da Cultura e a AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais) naquilo que é a prevenção sobre os incêndios”.
O espetáculo insere-se no âmbito do projeto “O Teatro Chama”, uma iniciativa criada pela AGIF e o Ministério da Cultura em 2020, que concebeu três peças de teatro, enquanto ferramenta de contacto em proximidade com as populações para que as comunidades adoptem boas práticas na utilização do fogo, com vista à proteção e valorização da floresta e dos territórios. Esta peça tem percorrido várias cidades do país, desde janeiro de 2023.
A peça – interpretada pela companhia Leirena Teatro é o resultado da transdisciplinaridade de várias artes – teatro, música, artes visuais e multimédia. Conta com encenação de Frédéric da Cruz P., música ao vivo pela artista Surma e com projeção de desenho digital em tempo real pelo artista Nuno Viegas.