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Os miomas uterinos são a patologia ginecológica benigna mais frequente. São tumores benignos da parede do útero e que podem ser únicos ou múltiplos, grandes ou pequenos. Muito raramente, podem sofrer degeneração maligna.
Estima-se que mais de metade das mulheres vai desenvolver miomas em alguma fase da vida, sendo mais prevalente com o avançar da idade.
Alguns fatores de risco incluem história familiar de miomas (nomeadamente mãe com miomas), idade (surgem e crescem em mulheres jovens e diminuem na menopausa), raça (2 a 3 vezes mais comuns na raça negra), obesidade, alimentação (consumo em excesso de carnes vermelhas) e fatores hormonais (níveis altos de estrogénio e progesterona).
A maioria dos miomas não manifestam sintomas e são detetados numa consulta de ginecologia de rotina. Após suspeita na avaliação clínica o diagnóstico é confirmado através de ecografia ginecológica.
Quando surgem sintomas, estes vão depender do tamanho e da localização dos miomas no útero. Assim, podem resultar em hemorragia (menstruações muito abundantes e prolongadas ou perda de sangue entre as menstruações), aumento do tamanho do abdómen, dificuldade em engravidar/abortamento ou sintomas compressivos, isto é, podem fazer pressão na bexiga e no intestino, dando sensação de peso e dor no fundo da barriga, vontade constante de urinar ou defecar, dores nas relações sexuais). Habitualmente os miomas requerem apenas vigilância. Mas nos casos em que crescem rapidamente ou apresentam sintomas devem ser tratados.
Quando a opção é tratar, ao contrário do que acontecia no passado, raramente é necessário remover o útero. Cada vez mais a abordagem é médica. Utilizamos medicamentos que ajudam a controlar a hemorragia e medicamentos anti-hormonais para diminuir o tamanho dos miomas. Outra opção pode ser uma técnica realizada pelo radiologista, a embolização das artérias uterinas, que bloqueia a passagem do sangue para o mioma e este acaba por “morrer”. O recurso a cirurgia acontece nos casos em que o tratamento com medicação não é eficaz. Quando isto acontece, dependendo da sua posição, os miomas podem ser removidos por via vaginal (não deixando qualquer cicatriz) ou por via abdominal com uma abordagem minimamente invasiva. Em último caso, e em situações muito específicas, a remoção do útero pode ser a única solução.
Ainda que não haja prevenção, um estilo de vida saudável, mantendo um peso normal e uma alimentação equilibrada, rica em frutos e legumes, pode estar associado à diminuição do risco de miomas.
Assim, se numa consulta de rotina for feito o diagnóstico de mioma, não esquecer que são muito frequentes e maioritariamente benignos, podendo, na maioria dos casos, ser apenas vigiados.
Rita Mesquita Pinto, ginecologista-obstetra no Hospital CUF Viseu
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