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O presidente da Câmara de Viseu garantiu que o MUV vai continuar com ou sem Berrelhas (concessionária), mas não sabe se o serviço pode ou não parar nos próximos dias. O autarca disse que não há soluções mágicas perante a ameaça da empresa concessionária em parar a operação a partir do dia 1 de março e que aguarda uma resposta da empresa ainda durante esta quinta-feira.
Fernando Ruas admitiu que foi apanhado de surpresa, mas lembrou que as decisões não são unilaterais.
“Antes de mais nada dizer que o MUV é uma coisa e a Berrelhas é outra. Nós dizemos que podemos ter algum percalço, mas vamos ter MUV. Isso que fique completamente esclarecido. Teremos MUV de acordo com o avançar das negociações. Nós estamos à espera da posição da empresa. Se a empresa não quiser, há-de seguramente haver outras empresas que fiquem com o MUV”, disse o autarca ao final da manhã desta quinta-feira após a reunião do executivo, admitindo que não é certo se a partir de sábado há ou não autocarros a circular mas que espera, caso aconteça, que seja por um “período curto” de tempo.
“Não sei se sábado há ou não transporte. A empresa disse ontem que poderia acabar com o MUV, nós estamos em negociações. Imaginem que não chegamos a acordo, naturalmente que vamos partir para outra empresa, mas não é algo que se ponha de sexta para sábado. Há toda uma logística complicada para resolver. Agora o que digo é que vamos ter MUV logo a seguir”, garantiu.
Fernando Ruas esclareceu que a Berrelhas está debaixo de um contrato em vigor – que foi assinado em 2019 – e que se decidir unilateralmente denunciar o protocolo está sujeita a sanções, nomeadamente as que decorrem da Lei e da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Autarquia e Berrelhas acordaram a rescisão do contrato que tinha sido assinado há seis anos, com o município a propor um ajuste direto durante dois anos até ser lançado novo concurso público. Depois dos serviços da autarquia terem elaborado o caderno de encargos e de o ter enviado à empresa, esta elaborou um conjunto de considerações com as quais não concordava e que, segundo a empresa, obrigava a um investimento de meio milhão de euros. A Câmara avançou com uma “contraproposta” e é a resposta que ao dia de hoje é esperada.
O autarca informou que a Câmara respondeu aos pedidos de esclarecimento e omissões pedidos pela empresa e admitiu que foram feitas algumas concessões, nomeadamente no ponto em que era exigida a aquisição de viaturas.
Fernando Ruas lembrou ainda que caso tudo falhe, há ainda um procedimento que a autarquia pode ativar e que é o “sequestro da operação”.
“A Câmara pode chamar a si ou para outrem a gestão e a gestão é com os meios envolvidos. Pode dispor dos autocarros da operadora e dos motoristas. Deixo essa garantia aos trabalhadores. A única coisa que está em causa é se é este operador ou se é outro. Não há mais nada em causa. Há uma coisa que nós não dominamos. O operador sabe quais são as condições e sabe quais são as sanções”, reforçou.
O presidente da Câmara aguarda que a resolução do problema seja “breve” e lamentou a posição da empresa. “Não faremos a esta empresa aquilo que nos foi feito”, acrescentou.
A Berrelhas anunciou no início da semana que o serviço de transportes urbanos poderia terminar a partir de 1 de março por inviabilidade “técnico-financeira” da operação.
O assunto passou a dominar a ordem do dia, mas hoje na reunião do executivo foi o vice-presidente, João Paulo Gouveia, que iniciou a discussão ao afirmar que o município “não cedia aos interesses particulares” e que iria “resolver os problemas aos viseenses”, deixando críticas à tomada de posição dos vereadores do PS. Na quarta-feira, os socialistas fizeram uma conferência de imprensa onde exigiram que o presidente da Câmara e vice-presidente pedissem desculpas aos viseenses pela situação criada, lamentando a falta de soluções.
“O senhor vereador acusou-me de incompetente e eu digo que deixo isso à consideração dos viseenses”, disse também Fernando Ruas, informando que se os vereadores do PS quisessem falar sobre esta matéria deveriam tê-la inserido antes da ordem do dia da reunião.
Ainda durante a manhã, os trabalhadores da Berrelhas reuniram em plenário e afirmaram temer pelo futuro, lamentando ser os primeiros a dar a cara aos utilizadores do MUV, quando o problema está entre a empresa e a autarquia.