cd tondela
viseu xmas run corte
sevenair avião
som das memorias logo
261121082345cbd31e4f08cbc237fdbda2b5563900947b148885
261121083019a9f55af575cc44675655afd52fd8ee0b7e8852f2

A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…

19.12.24

A Farmácia Grão Vasco procura estar perto da comunidade e atenta às…

19.12.24

O ano passa a correr e já estamos no Natal. Cada mês…

19.12.24

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

 Ócios e entreténs

por
Jorge Marques

 O Fim ou o Princípio?
Home » Notícias » Colunistas » Não chores, Ronaldo!

Não chores, Ronaldo!

 Não chores, Ronaldo!
15.12.22
partilhar
 Não chores, Ronaldo!

Longe de clubites facciosas, rançosas e reumáticas, e mais perto da lucidez e do bom senso, que a prudente memória aconselha, Cristiano Ronaldo é uma estrela, uma máquina, um fora de série, um jogador único, invulgar.
Uma lenda, um mito.

Provavelmente, jamais voltaremos a ter outro igual, mesmo que fecundado pelo sémen frio da inteligência artificial.
Não é só a técnica, é também o trabalho, o perfeccionismo, a exigência que sempre coloca em todos os gestos desportivos, o treino, uma vontade indomável de vencer, o desejo de superação, a obsessão pelas vitórias, o “querer ganhar”, como lema sempre presente na sua vida profissional.
Passeou um talento único por todo o planeta, levantou bancadas, fez bater o coração nacional, bateu recordes e coleccionou aplausos unânimes, à excepção dos que a inveja e a mesquinhez não deixavam exteriorizar.
Foi aclamado, idolatrado.

Alimentou polémicas, deu de comer a intrigas, suscitou invejas.
No plano humano, teve gestos grandes, singulares, de uma humildade arrepiante. Não bebia álcool pelo mau exemplo do pai, não fazia tatuagens para poder doar sangue, atrasava a saída dos treinos, quando via uma criança que queria tocar-lhe.
Cristiano é enorme.
Mas a idade não perdoa, e a sua carreira entrou, lentamente, na rampa descendente. Todos nos fomos apercebendo disso, ao longo do último ano. A equipa jogava para ele, mas ele já não era o mesmo, as pernas não corriam como antes, os músculos mostravam menos rijeza, os saltos não eram estratosféricos, a mobilidade era outra e a impulsão também.
Como ser humano, imagino como deve ser-lhe difícil conviver com um lugar a que não estava habituado.

E reagiu mal, demasiadamente mal, no jogo com a Coreia. Como capitão, tem responsabilidades acrescidas, devia sabê-lo.
Mas daí até à crucificação, à culpabilização de tudo o que de mal acontece ao onze nacional, vai uma estrada larga e um deserto de reconhecimento e de gratidão.
Resta a certeza, a consolação, de que de todos os que hoje o amerdalham, ninguém, daqui a semanas, se lembrará deles, anónimos e inofensivos, pusilânimes e temerários.
Mas respaldados no seu prestígio, admiradores, comentadores, detractores e fariseus continuarão a falar dele, tartamudeando letras soltas.
A ingratidão é o pior dos defeitos humanos, humilha e castiga quem não merece.

Mas o mundo e a vida são uma roda…que rola, e rola.
Parafraseando Garrett, por aqui não há “gente grande”.
Calha o destino que, de tão grande, todas as notícias se centrem nele, e os repórteres virem costas ao jogo para o fotografarem na solidão, com um olhar ausente, de menino triste, só igual ao que o acompanhou quando aos onze anos deixou o Funchal, e sofreu com as saudades, apetecendo-lhe voltar.
Mesmo na rectaguarda, é com ele que a comunicação social se preocupa, e é dele que os jornalistas querem saber.
Mas tudo isto seria evitável, se o seleccionador, atento aos detalhes, como era obrigatório que estivesse, lhe tivesse proporcionado apoio psicológico para enfrentar o caminho das pedras que todos adivinhavam vir breve. A Federação terá todos os recursos humanos e materiais para proporcionarem ao melhor de todos o melhor de tudo. Mas não foi assim. Tristemente, não correu assim.
Fernando Santos usou-o, mesmo quando via que Cristiano já não era o mesmo, e descartou-o quando se viu acossado pelos críticos, percebendo-se que, sem ter a coragem de o assumir – seria ilusão pedir-lho – também o castigou pela reacção deselegante no jogo anterior.
Lançou-o às feras, na segunda parte contra Marrocos.
O “monstro” respondeu-lhe, saindo sozinho, e em lágrimas, derrotado, carregando às costas a frustração de um Portugal inteiro.

A imagem crua da desilusão.
Tu és imortal, e os imortais não choram.
Tu és um Deus do futebol, e os deuses não choram.
Choraste, num momento de fraqueza, tolhido pela dor, e porque também os fortes têm momentos de fraqueza.
Por tudo isto, Fernando Santos, além de ser um técnico defensivo, conservador, medroso, desinspirado, sem brilho, sem rasgo, sem ambição, sem ideias, sem rasgo, sempre à espera de um falhanço do adversário, totalmente incapaz de transformar uma geração de ouro numa equipa fabulosa, é um treinador pequenino. Não passa disso, por mais que ostente títulos que os astros, num alinhamento perfeito, lhe puseram no colo.
É um treinador menor pela incapacidade de saber lidar com o prenúncio do ocaso do maior.
Uma cópia estragada e infiel de um líder.
Que tenha um lampejo de lucidez e seriedade, e se demita, fazendo um favor a um país que merecia mais do que o miserabilista poucochinho.
Não chores, Ronaldo! Este país talvez não te mereça!

 Não chores, Ronaldo!

Jornal do Centro

pub
 Não chores, Ronaldo!

Colunistas

Procurar