Pavilhão Multiusos Viseu 1
Pope Leo XIV elected as new pontiff
rio criz tondela poluição
arrendar casa
janela casa edifício fundo ambiental
Estate agent with potential buyers in front of residential house

Em tempos passados, não era o branco que marcava os casamentos, era…

05.05.25

A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…

05.05.25

Neste Dia da Mãe, o Jornal do Centro entrou em ação com…

04.05.25
rio criz tondela poluição
Tondela_CM_Manuel_Veiga 2
clemente alves candidato cdu lamego
Chefs Inês Beja e Diogo Rocha na ativação Academia dos Segredos Gastronómicos de Viseu Dão Lafões web
cm-penedono-turismo-patrimonio-arqueologico-Dolmen-da-Capela-de-Nossa-Senhora-do-Monte--Penela-da-Beira-
tintol e traçadinho
Home » Notícias » Colunistas » Não é juventude a mais. É democracia a menos

Não é juventude a mais. É democracia a menos

 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro
24.04.25
partilhar
 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro

por
Maria Inês Silva

Ser jovem e querer participar na política, tanto em Viseu como no país, é ainda um ato quase revolucionário. Não por falta de vontade ou capacidade, mas porque continuamos a ser sistematicamente silenciados, instrumentalizados ou remetidos para lugares decorativos. Num tempo em que o futuro exige decisões arrojadas, não podemos permitir que a juventude continue a ser a nota de rodapé nos discursos relativos à democracia.

Atravessamos, mais uma vez, um período eleitoral decisivo, com eleições autárquicas e legislativas à porta. A participação jovem é, como muitos proclamam, fundamental. Mas será, na prática, efetiva? Ou continuamos a ser apenas a estatística que convém citar?

Em Viseu, cerca de 13% da população é jovem. No entanto, a presença efetiva da juventude nos órgãos autárquicos continua a ser residual. Apesar da ausência de dados oficiais amplamente divulgados sobre a idade dos eleitos, a realidade observável aponta para uma clara sub-representação. Este desfasamento não é apenas simbólico, é estrutural. E é politicamente insustentável.

A matemática, ciência exata, desmonta a retórica gasta de que os jovens “são o futuro”. Se somos o futuro, por que razão somos tão ausentes no presente? Porque é que continua a ser necessário forçar a integração de jovens nas listas, como se fosse um favor, e não uma exigência democrática?

Há uma resistência clara à irreverência da juventude. Quando um jovem questiona, insiste, exige respostas, rotulam-no de insolente ou desrespeitador. Quando propõe uma nova abordagem acusam-no de inexperiência. Mas será a política um clube de veteranos ou um espaço plural de construção coletiva?

Importava, com urgência, conhecer os dados estatísticos da representatividade jovem nos diversos órgãos municipais. Importava também analisar a recetividade dos grupos políticos às propostas provenientes da juventude. Porquê ignorar ou desvalorizar uma ideia apenas pela idade de quem a apresenta? Quem são os rostos que ocupam as posições de destaque nas listas autárquicas e legislativas?

Quantos têm menos de 30 anos? Quantos foram escolhidos por mérito e dedicação, e não apenas para preencher quotas estéticas?

Recentemente li: “Ser jovem em Portugal é um exercício de resistência”. E não poderia estar mais de acordo. Resistimos à indiferença, à condescendência e à invisibilidade. Mas queremos mais do que resistir, queremos existir politicamente.

É tempo dos partidos, a nível local e nacional, responderem à crise da participação juvenil com medidas concretas. Que tal refletir sobre a inclusão de quotas jovens obrigatórias nas listas eleitorais? Reforçar os orçamentos participativos especificamente dedicados à juventude? E garantir que os conselhos municipais de juventude, embora já existentes, passem a dispor de um verdadeiro poder consultivo e de uma maior capacidade de intervenção junto dos órgãos executivos?

Com humildade e coragem, é preciso enfrentar a barreira intergeracional. Basta de empatia fingida e de promessas vãs. Queremos lugares de decisão. Queremos espaço real de intervenção. E, sobretudo, queremos que deixem de estender artificialmente a idade jovem até aos 35 anos só para salvar estatísticas partidárias.

Não somos o futuro distante, somos o presente com determinação e visão. Não somos o adereço, somos presença ativa e transformadora. Não somos um símbolo decorativo, somos agentes de mudança. Cabe-nos a nós, também, garantir que a democracia se renova, se aprofunda e se cumpre. E não vamos ficar à margem. Vamos ocupar, construir e transformar o lugar que é nosso por direito.

 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro

Jornal do Centro

pub
 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro

Colunistas