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A boa ideia da semana passada nesta pré-campanha eleitoral vai para Nuno Melo do CDS. Numa reunião promovida pela AD e que juntou 17 economistas ele disse: Quando não sabemos, chamamos quem sabe! Ainda que aquela reunião tenha sido feita com tons de marketing e para credibilizar futuras propostas, a frase ficou, obrigou-me a refletir, porque entendo que pode ter alguma coisa a ensinar-nos.
Lembrei-me de James Madison, Presidente, um dos fundadores dos EUA e pai da Constituição. Ele dizia que um povo que pretende governar-se a si mesmo, tem que se reunir do poder conferido pelo conhecimento. As coisas não têm andado bem por este caminho e que está cheio de maus exemplos. Em 2010 no Reino Unido surge a discussão sobre o Brexit. Muitos especialistas manifestaram-se contra e explicaram porquê! A resposta foi que eram inimigos dos eleitores, que o país estava farto das fantasias desses peritos, que estavam a ser pagos para estar contra o Brexit. Afinal o Brexit é hoje um problema! Trump foi mais longe no seu ataque ao conhecimento e aos especialistas. Chegou mesmo a dizer que os peritos não servem para nada! Era a ideia plantada numa boa parte do eleitorado com menor formação escolar. Afirmava que eram esses peritos e intelectuais que formatavam a vida das pessoas. Aos poucos foi matando a ideia de competência. Hoje os EUA não estão apenas divididos entre Republicanos e Democratas, mas também entre pessoas com baixa e alta escolaridade. Trump sabia que as pessoas desinformadas e menos competentes não eram capazes de distinguir isso nos outros. Dizia em alta voz: Adoro as pessoas com pouca formação. Essa baixa literacia do povo americano, quer em termos políticos, quer culturais é hoje a base de muitos problemas. É verdade que nunca se gostou muito das pessoas com formação superior, mas também nunca tinham sido criticadas tão abertamente, nem verbalizado que a aprendizagem é uma coisa prejudicial. Bolsonaro alinhou nas mesmas teses, esteve contra as universidades e quis até substituir as escolas públicas por colégios militares.
Em democracia há uma interdependência entre conhecimento especializado e governo. A diferença é que nas ditaduras reúnem-se os peritos e dão-lhes ordens. Mas tudo isto faz parte do Contrato Social, onde os cidadãos delegam o poder de decisão nos seus representantes eleitos e no conhecimento dos consultores especializados que os acompanham. Uma relação que tem por base a confiança. Há um problema entre a democracia e o conhecimento, porque nem sempre os cidadãos conseguem distinguir a diferença e o papel de cada um dos lados. Mas não é difícil, os peritos sugerem e explicam o porquê da sugestão, os políticos decidem de acordo ou não com a sugestão dos peritos. Nessa decisão, os políticos não podem esquecer que não decidem apenas para quem neles votou, mas para todos. Esta é uma falha grave muito frequente! O próprio sistema tem alguns equilíbrios, mesmo que informais, porque em boa parte a ação dos governos é determinada pela Opinião Pública e essa é influenciada por aquilo que os especialistas pensam. E podem limitar-se os danos? Podem, se as causas da ignorância forem ultrapassadas pela aprendizagem e se as pessoas quiserem aprender. Mas no final todos os votos são válidos, mas não todas as opiniões. Qual o sentido futurista de tudo isto?
Na Califórnia há uma corrente de pensamento, quase uma religião, que se chama Singularity e tem a inspiração de um consultor da Google! Defendem a ideia de que a aceleração do progresso tecnológico é incontrolável e chegará o momento em que a Inteligência Artificial vai superar e controlar o Homem. É uma ideia antiga desde Homero e Ulisses. A acontecer esta hipótese, todos os nossos problemas serão arquivados! Mas ao lado desta porta de saída existe uma outra, um lado robusto da ciência com gente otimista! Começou nos anos 60/70, EUA e URSS lançaram-se na conquista do espaço. Em 2013 Obama disse que era preciso regressar ao Homem e investir forte no seu conhecimento. Falava no mapeamento do cérebro humano (The Brain Activity Map). Era a reconstrução do genoma humano aplicado ao cérebro. Ao mesmo tempo arranca um projeto chinês para descobrir a chave genética da inteligência e que se chama “Fábrica de Génios”. Os EUA entram também neste projeto. A ideia começa na descoberta á nascença ou antes dela, de indivíduos com um QI superior a 160. Para termos de comparação, os prémios Nobel andam nos 145! Procuram-se e vão fabricar-se os Super-Homens? Veremos o que dará esta luta entre IA e os Super-Homens?
Talvez que a melhor solução seja revisitar Darwin. Na Origem das Espécies, ele diz que o Homem deve ter as suas capacidades maximizadas e, ao mesmo tempo, perceber que é na cooperação e não na competição que a evolução acontece. É nesse aumento da complexidade que se dará o progresso! Até lá, vamos pelo caminho de Joseph Stiglitz, um Prémio Nobel da Economia que analisou a vida do Ser Humano desde o Antigo Egito até á Revolução Industrial (Séc. XIX). Concluiu que todo o espantoso progresso ficou a dever-se á aprendizagem e que ela era mais importante que a acumulação de capital ou o progresso tecnológico. Dizia que, o que faz a diferença é aprender a fazer, aprender a fazer coisas de uma nova forma.
Chegamos á política, que tem aqui muito mais que um papel, tem uma verdadeira e importante Missão. Trata-se de organizar a Sociedade, de modo que o impulso da aprendizagem floresça em todas as atividades, incluindo na própria política. Esta campanha eleitoral poderá ser uma boa oportunidade para se utilizar a sério o conhecimento e fugir-se da má língua. Ouçam os Peritos, quer dizer, alguém que sabe do que está a falar, porque a sua opinião distingue-se das polémicas e discussões diárias e obriga a pensar…
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