Autor

Amélia Monteiro

26 de 07 de 2021, 12:32

Colunistas

Cancro de Cabeça e Pescoço: atenção aos sintomas!

Eliminar os fatores de risco: não fumar, não consumir álcool, sexo seguro e não exposição ao sol e determinados produtos industriais, é fundamental para prevenir este tipo de tumores

O termo cancro da cabeça e pescoço, é usado para definir uma variedade de neoplasias malignas que se localizam nas diferentes estruturas do trato aerodigestivo superior: cavidade oral, fossas nasais, faringe, laringe, glândulas salivares e seios perinasais.
Em Portugal o cancro da cabeça e pescoço é a 7ª causa de cancro mais comum, com cerca de 3.000 novos casos por ano. São mais frequentes no homem; com pico de incidência entre os 50 e 70 anos de idade. No entanto, nos últimos anos tem-se assistido a um aumento de incidência em pessoas mais jovens e no sexo feminino, explicado pelo aumento do consumo do tabaco nas mulheres e à infeção pelo HPV (papilomavírus humano).
O estilo de vida é o principal fator de risco para o aumento da incidência do cancro da cabeça e pescoço. Tabaco e álcool são os principais fatores de risco: o risco é oito vezes superior para os fumadores e cinco vezes superior para os que consomem álcool. A infeção pelo vírus HPV e má higiene da cavidade oral, tem sido ultimamente um fator importante; há ainda outros fatores como exposição ao sol, pó da madeira, colas, metais pesados e o vírus Epstein – Barr.
Os sinais e sintomas variam de acordo com a localização do tumor - massas indolores, úlceras com ou sem dor de cicatrização demorada, manchas brancas ou vermelhas na boca, mau hálito, queda de dentes, alteração da voz, rouquidão persistente, nódulo no pescoço, perda de peso, cansaço - são alguns dos sinais de alerta que devem motivar a procura de um especialista.
O diagnóstico começa com uma consulta médica especializada de otorrinolaringologia, exame físico, análises, endoscopia, biópsia, Raio-X, TAC e PET. Após o diagnóstico é necessário realizar o estadiamento da doença, isto é, determinar a extensão do tumor.
O doente com cancro da cabeça e pescoço deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar, ou seja, de várias especialidades. O tratamento e prognóstico é muito variável: depende do local, tamanho e presença de metástases regionais e à distância, idade e condições gerais de saúde do doente.
Tumores em fase inicial, pequenos e sem invasão de estruturas vizinhas a cirurgia e radioterapia, permitem uma elevada taxa de cura, cerca de 80%- 90%; tumores em fase mais avançada são necessárias duas ou mais modalidades terapêuticas: ressecção cirúrgica, radioterapia, quimioterapia, agentes biológicos e imunoterapia.
Apesar do aumento da prevalência e gravidade do cancro da cabeça e pescoço, existe, ainda, pouca divulgação e conhecimento. Assim, cerca de 60% são diagnosticados em fase avançada, o que leva a maior mortalidade, terapêuticas mais agressivas e má qualidade de vida.
No diagnóstico precoce, tratamentos menos agressivos e as taxas de cura podem ser superiores a 80%. É, por isso, importante estar alerta aos sinais e sintomas - feridas manchas na boca, rouquidão, dor ouvido, dor ao engolir que persistem 2-3 semanas - e recorrer a um otorrinolaringologista.
Eliminar os fatores de risco: não fumar, não consumir álcool, sexo seguro e não exposição ao sol e determinados produtos industriais, é fundamental para prevenir este tipo de tumores.
Prevenção e diagnóstico precoce podem mudar o cenário do cancro da cabeça e pescoço. Procure o seu médico!

Amélia Monteiro, Oncologista no Hospital CUF Viseu