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Fragmentos de um diário: 17 Novembro de 1985

 Fragmentos de um diário: 17 Novembro de 1985 - Jornal do Centro
03.02.24
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                No domingo fui a uma outra exposição contemporânea. Convidei a jovem do castelo. Viemos desiludidos. Expliquei à minha companheira que muito do que se realizou neste século tem sobretudo a ver com experimentalismos, com atitudes de rutura e provocação. Não há quase nenhuma substância ou algo que transcenda o mero jogo de truques e habilidades. Nenhum encanto. É uma arte de aparências, de adereços para uma peça por haver, como se naufragasse no esforço dos elaborados catálogos de apresentação. Ao longo da exposição, fui confirmando algumas lições de história da arte, mas pouco me comovi, pouco admirei. Houve todavia no mesmo século muitos artistas que conseguiram conjugar encanto e rutura, tais como Van Gogh, Matisse, Chagall. E outros houve que souberam sublimar força e exuberância como Picasso, Pollock.
Eu e a jovem do castelo vivemos um período de apaziguamento. Ainda que me pareça que o dela é mais aparente que real. Mas damo-nos bem e gostamos de nos ver.

22 de Novembro de 1985

        Pensamentos, dúvidas, sonhos, preocupações, gostos, interesses, ideais, ideias, medos, angústias, músicas, livros, projetos, dores, alegrias, incertezas, ansiedades, convicções, tristezas, saudades, ódios, espantos, interrogações, e quase ninguém com quem compartilhar. Confronto-me com a indiferença, a superficialidade, o desinteresse, o enfado, a apatia, a mediocridade. Telefonei à jovem do castelo, em desabafo, e passámos algum tempo a dialogar. Também ela vive cada vez mais nesta corda bamba da realidade. Mas acredita que não sucumbirá à mediocridade. Ao falarmos, eu sei que há um convite latente em cada frase que dizemos. Mas tento resistir. Sobretudo por ela.

23 de Novembro de 1985

        Precisava mesmo deste fim de semana de solidão, sem ninguém, sem ter que falar, atender, cuidar. Porque ainda que não sinta vontade de falar, ou ande descrente das palavras, ou mesmo quando me é mais dolorosa a inutilidade da comunicação, ainda assim sou forçado a falar devido à minha profissão.
        Agora, nesta tarde chuvosa, escuto umas cantatas de Haendel.

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