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1. Portugal já exerceu por quatro vezes a presidência rotativa da União Europeia: com Cavaco Silva em 1992, António Guterres em 2000, José Sócrates em 2007 e António Costa em 2021. Todas correram bem e uma delas ficou como um marco na história europeia. Foi em 2007, quando Sócrates conseguiu materializar o Tratado de Lisboa.
O acto formal de assinatura deste tratado encerrou um longo período de instabilidade das instituições europeias, foi o fim de uma década e meia de “bulimia tratadística” (a expressão é de José Medeiros Ferreira): Maastricht (1992), Amesterdão (1997), Nice (2001) e Constitucional (2005).
Esta turbulência, amplificada pelos vários referendos nacionais sempre que havia um tratado novo, mais não foi do que a expressão das dores pelo alargamento da UE a leste depois da derrocada do muro de Berlim. Era à “Europa” que competia pagar a factura do fim da guerra-fria e assim foi feito. O célebre “porreiro, pá!” da dupla Sócrates/Barroso, durante a cerimónia de assinatura daquele tratado, testemunhou a entrega do poder comunitário às chancelarias em detrimento da cidadania europeia. De qualquer forma, as consequências do brexit, os perigos da pandemia e do expansionismo russo acabaram por colocar a UE ainda mais no coração dos europeus. É por isso que os partidos soberanistas — quer os de esquerda, quer os de direita — não têm mostrado coragem para propor mais “exits”.
Abro aqui um parêntesis melancólico. Os países do alargamento aproveitaram bem os dinheiros europeus. Portugal nem por isso. É o caso do PRR: para Lisboa, tratamento vip, para a “província”, migalhas. Fim de parêntesis melancólico.
2. Estamos no segundo semestre de 2024 e a presidência rotativa da União Europeia está entregue à Hungria e ao seu primeiro-ministro.
Viktor Orbán começou mal, muito mal. Sem dar cavaco a ninguém, foi visitar o maior inimigo da UE, Vladimir Putin (que logo a seguir bombardeou um hospital pediátrico em Kyiv), Xi Jinping e Donald Trump. O costume: Orbán hostiliza os democratas e articula-se com os autocratas.
Luís Montenegro e Paulo Rangel, exige-se tolerância zero com este infiltrado do sr. Putin.
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Jorge Marques
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Alfredo Simões
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Eugénia Costa e Jenny Santos