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O que vou contar vi-o com os meus próprios olhos em Viseu, na Rua Formosa, há muuuiitos anos. Um homem andava pacatamente nos seus afazeres e, de um momento para o outro, esbardalhou-se no meio do chão. Deu-lhe uma coisa. Não foi vento, não foi tropeção. Muito menos empurrão. Num segundo estava em pé, no segundo seguinte, espolinhado no pavimento. Eu vi.
Como é natural, logo a seguir, juntou-se gente sem saber bem o que fazer. Ainda não era como agora em que há um telefone em todos os bolsos para ligar para o 112. Na altura ligava-se ao 115, mas isso são detalhes. O que estava a acontecer naquela rua virada aos ventos e aos casamentos de Espanha era tudo menos bom. Um susto, um atarantamento.
O homem, no chão, não tugia nem mugia. Mas mexia-se. Muito. Aos espasmos, parecia acometido de sezões. Era um sismo de grau sete na escala de Mercalli mas que só o fazia abanar a ele.
«Há aí algum médico?», «Levantem-no!», «Melhor não, já foi chamada a ambulância!»
O povo, cada vez mais povo, aflito. Ao longe, era já audível uma sirene.
Entretanto, uma criatura passou por entre aquela pequena multidão e pôs-se na primeira fila. Ninguém reparou bem na cara daquele figurão, de mãos nos bolsos, que, quando a ambulância mais o seu “tinoni” chegaram, mandou um pontapé nas costelas do desgraçado que estava no chão. O filho-da-puta! Foi tudo muito rápido e não deu para ninguém lhe dar uma latada nas trombas. A alimária desapareceu e todas as energias e todas as atenções concentraram-se no sofrimento daquela pessoa então já na maca para ser levada para o hospital.
Este episódio foi há muuuiito tempo e deixou-me muito perturbado. Eu era muito novo e tinha mais fé na natureza humana do que tenho agora. Ainda não sabia que há sempre alguém pronto a dar um pontapé em quem está no chão, que há sempre alguém pronto para puxar para baixo quem já está na mó de baixo.
Este mês de Junho não está a correr bem aos ucranianos. Estão a sofrer perdas terríveis, a levar pontapés, uns a seguir aos outros. Entre nós, tanto os avençados como os idiotas úteis do Kremlin não escondem o seu júbilo nos media e nas redes sociais.
Tenhamos uma certeza: o mau carácter dessa gente nunca vai desaparecer, mas a sua boa-disposição vai. E não vai ser preciso esperar muito. Os afegãos demoraram dez anos para correrem com os soviéticos. Os ucranianos não vão precisar de tanto tempo.
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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