Filipa Jesus

23 de 06 de 2021, 18:26

Covid-19

Variante Delta chega à região. Tondela, Resende e Viseu com casos

Nova mutação é até 60% mais transmissível. Pode levar a mais internamentos e mortes

Covid-19 genericas

De acordo com o mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), a variante Delta (B.1.617.2) foi detetada na região de Viseu, com quatro casos nos concelhos de Tondela (1), Resende (1) e Viseu (2).

Os estudos realizados até ao momento mostram que a nova mutação, com origem na Índia, é entre 40 a 60 por centro mais transmissível e pode estar associada a uma maior risco de internamento, segundo confirma o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).

Portugal é o país da União Europeia com maior proporção de casos de Covid-19 associados à variante Delta. Estima-se que até ao final de agosto, a variante Delta do SARS-CoV-2 representará 90% das novas infeções na Europa e um aumento nos internamentos e mortes, estimou o ECDC, pedindo rápida vacinação.

“Com base na estimativa de avanço de transmissão da variante Delta e utilizando previsões de modelização, prevê-se que 70% das novas infeções do SARS-CoV-2 sejam devidas a esta variante [Delta] na União Europeia e Espaço Económico Europeu até ao início de agosto e 90% das infeções até ao final de agosto”, informa.

Apontando que a mutação detetada na Índia (e designada como Delta) é entre 40% a 60% mais transmissível do que a variante detetada no Reino Unido, estando também associada a um maior risco de hospitalizações e mortes, a agência europeia assinala que “aqueles que receberam apenas a primeira dose - de um processo de vacinação de duas - estão menos protegidos contra a infeção da variante Delta do que contra outras variantes, independentemente do tipo de vacina”.

“No entanto, a vacinação completa proporciona uma proteção quase equivalente contra a variante Delta”, acrescenta.

Por essa razão, o centro europeu vinca que “a vacinação completa de todos os grupos com risco acrescido de covid-19 grave deve ser alcançada o mais cedo possível para reduzir o risco de hospitalizações e mortes”.

Além disso, e “a fim de alcançar a máxima proteção no mais curto espaço de tempo possível, recomenda-se que os indivíduos com maior risco de efeitos graves da SARS-CoV-2 recebam uma segunda dose de vacina no intervalo mais curto possível após a administração da primeira dose”, aconselha.

E numa altura em que vários países europeus aplicam ou equacionam relaxar restrições a tempo do verão, o ECDC projeta que, “num cenário de redução gradual de 50% das medidas de intervenção não-farmacêuticas até 01 de setembro, espera-se que a incidência da SARS-CoV-2 aumente em todos os grupos etários, com a maior incidência naqueles com menos de 50 anos”.

A agência europeia estima mesmo que “qualquer relaxamento durante os meses de verão do rigor das medidas não-farmacêuticas [restrições] que estavam em vigor na União Europeia e Espaço Económico Europeu no início de junho poderia levar a um aumento rápido e significativo dos casos diários em todos os grupos etários, com um aumento associado dos internamentos e das mortes, atingindo potencialmente os mesmos níveis do outono de 2020, se não forem tomadas medidas adicionais”.

Além da “aceleração da vacinação” para aumentar a cobertura vacinal, o ECDC recomenda que os Estados-membros da União Europeia apostem num “nível suficiente” de restrições para conter a transmissão comunitária e melhorem ainda a “deteção precoce e monitorização das variantes emergentes do SARS-CoV-2”.

“Dada a predominância futura esperada da variante Delta, o risco aumentou para os países em todas as situações epidemiológicas. Sem a aplicação continuada de medidas não-farmacêuticas e sem avanços mais rápidos da vacinação total, podem ser observados aumentos acentuados de novas infeções, hospitalizações e mortes”, alerta ainda a instituição.