Geral

26 de 05 de 2023, 09:30

Cultura

A identidade de género e a reinterpretação de uma obra clássica no Teatro Viriato

O Teatro Viriato, em Viseu, recebe esta sexta-feira à noite o espetáculo “As Três Irmãs” de Tita Maravilha, que recria a obra clássica de Anton Tchekhov num espetáculo que reflete também sobre a interseccionalidade

As Três Irmãs de Tita Maravilha

Fotógrafo: Filipe Ferreira

O Teatro Viriato, em Viseu, recebe esta sexta-feira (26 de maio) à noite o espetáculo “As Três Irmãs” de Tita Maravilha, que com esta peça venceu a Bolsa Amélia Rey Colaço no ano passado.

A primeira obra a solo da artista sobe ao palco às 21h00, com o objetivo de abordar temas como a identidade de género. Tita Maravilha recria a obra clássica de Anton Tchekhov e lembra o momento atual, suscitando a reflexão sobre como o sistema político na Rússia (onde a peça acontece) lida com as pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, homossexuais, bissexuais, transgéneros, queers, intersexuais e assexuais).

A criadora explica que a peça irá sobrepor a trama original com temas que merecem atenção na sua ótica. “Neste momento tenho um interesse radical em interagir nas artes performativas a partir da minha formação enquanto criadora, em repensar e alterar o fluxo da história cruzando pensamento crítico e humor, arte e interseccionalidade”, conta Tita Maravilha.

A criação “combina a estrutura literária de um clássico da literatura com as ideias de vanguarda da contemporaneidade sobre um tema necessário, proporcionado pelo debate político de corpos trans inseridos e tomando novas rotas da literatura expandida”, explica.

Tita Maravilha, que em fevereiro se apresentou no Teatro Viriato com o projeto musical "Trypas Corassão", é atriz, cantora, performer. Licenciada pela Universidade de Brasília e residente em Portugal desde 2018, integra nos seus processos artísticos as dores e as delícias de ser um corpo dissidente através da ideia do corpo político.

"As Três Irmãs" foi o projeto vencedor da quinta edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, atribuída pelo Teatro Viriato, pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), A Oficina/Centro Cultural Vila Flor (Guimarães) e O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo).

Criada em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu papel na história do teatro português, a bolsa é atribuída anualmente e está direcionada para jovens artistas e companhias emergentes. Foi entregue este ano a Sara Inês Gigante pelo projeto “Popular”, recebendo 24 mil euros de apoio para fazer o espetáculo.