Diogo Paredes

15 de 11 de 2023, 10:00

Cultura

Adaptação de “Romeu e Julieta” em estreia no FINTA pela Companhia Teatro da Terra

A companhia de Lisboa vai estrear na ACERT aquela que é considerado uma das maiores dramaturgias da história. A versão da Teatro da Terra conta com encenação de Maria João Luís e adaptação de Fernando Villas-Boas

Fotógrafo: FINTA

A 29ª edição do Festival Internacional de Teatro da ACERT (FINTA) vai contar com uma estreia cuja fusão entre clássico e atual homenageiam um dos maiores dramaturgos da história. A estreia, contudo, não será feita pela Companhia Trigo Limpo, da ACERT, mas sim pela Companhia Teatro da Terra.

“Romeu e Julieta” terá uma nova interpretação, desta vez encenada por Maria João Luís e adaptada por Fernando Villas-Boas. “No festival, nós procuramos sempre ter uma oferta diversificada. A escolha deste espetáculo prende-se por um lado com a relação que o Trigo Limpo tem com o Teatro da Terra e neste caso em particular eles vieram cá estrear um espetáculo”, explicou ao Jornal do Centro Sandra Santos, responsável pela programação do FINTA. “A proposta deles foi o Romeu e Julieta e nós desde logo achámos que seria bastante interessante para a abertura do festival termos uma estreia e também um texto que é tão marcante em termos teatrais e que será adaptado aos dias de hoje. Ele [Fernando Villas-Boas] tenta manter de alguma forma o texto tal e qual como ele foi escrito, co a poética que ele tem, mas também oferecendo uma abordagem contemporânea”, contou a programadora.

Recontada várias vezes ao longo dos séculos, não apenas em teatro como em cinema e televisão, a história trágica de William Shakespeare narra o amor proibido entre os filhos de famílias rivais na cidade de Verona. Um casamento secreto entre os dois jovens apaixonados desencadeia uma série de acontecimento que culminam na morte de ambos. “É uma história que acaba sempre por ser transversal ao longo dos anos. Os amores impossíveis e toda essa temática acabam sempre por ser bastante atuais”, explicou.

“Achamos que é um espetáculo que irá agradar a toda a gente. É uma história que é conhecida por todos. Neste vão entrar jovens atores, muitos deles também conhecidos do público porque entram em muitas séries, em novelas e em filmes portugueses”, disse Sandra Santos. “Acaba por ser uma honra para nós podermos acolher essas companhias que venham estrear aqui, neste caso no âmbito do festival. É sempre muito mais complicado em termos técnicos, mas ainda bem que conseguimos conjugar as duas coisas.”

A peça foi escrita originalmente entre os anos de 1591 e 1595, numa altura em que William Shakespeare começava a sua carreira enquanto dramaturgo. Ao lado da peça “Hamlet”, esta é uma das mais emblemáticas peças do também poeta e ator britânico.

“O verso carregado de lirismo serve para compactar emoções, dar expressão aguda a traços do carácter das personagens e assim ajudar à construção de um tempo progressivamente comprimido. E aquela coincidência literária deve ser e pode ser plenamente aproveitada”, afirmou Fernando Villas-Boas em relação à dramaturgia de Shakespeare. “Esta versão acredita, portanto, no espetáculo verbal e no poder do seu ritmo em toda a máquina cénica.”

A cenografia ficou a cargo de Ângela Rocha e a criação musical e ilustração foram dirigidas por João Lucas. O desenho de luz foi orientado por Filipe Gomes, e a peça conta com a interpretação de nomes como Afonso Molinar, Bruno Ambrósio, Cátia Nunes e Filipe Gomes. Inês Curado, José Leite e Miguel Sopas fazem ainda parte do elenco.