Geral

11 de 09 de 2023, 16:09

Cultura

Documentário "Imaterial" apresenta narrativas e memórias de concelhos do distrito de Viseu

O filme foi realizado na sequência de um desafio lançado pelo Cine Clube de Viseu e procura registar as "vivências tradicionais" de várias regiões do distrito

Documentário "Imaterial"

Fotógrafo: José Pedro Pinto e Luís Brás / Cine Clube de Viseu

Um documentário do realizador Luís Brás que “dá voz” a narrativas, memórias e imagens de concelhos da região Dão Lafões, no distrito de Viseu, que correm o risco de ficar esquecidas, começa a ser apresentado no domingo.

Rãs, no concelho de Sátão, foi o primeiro local onde foi exibido “Imaterial – cinco itinerários do que fica”, seguindo-se Oliveira do Conde (Carregal do Sal), Tondela e Vila Nova de Paiva, com a presença da equipa do filme e dos seus protagonistas.

“Não é um registo arquivístico da questão da imaterialidade, é principalmente um registo que retrata muito bem as nossas vivências regionais”, afirmou Luís Brás.

O filme de 52 minutos, realizado na sequência de um desafio lançado pelo Cine Clube de Viseu, aproximará os espectadores de aspetos culturais e tradições da região, como o galramento de Molelos (Tondela), ex-votos, baldios, romarias e casas senhoriais, e interroga o que representa a imaterialidade deste património.

“As pessoas são muito apegadas a essas coisas imateriais e tratam-nas com muito carinho”, considerou Luís Brás. No entanto, lamentou, “às vezes há muita dificuldade, talvez pela desertificação do interior, em que isso chegue ao poder político e que se perceba que essa imaterialidade faz parte do futuro”.

“Se a perdermos, perde-se a nossa história, perde-se aquilo que nos fez chegar ao ponto em que estamos”, alertou o realizador. Luís Brás disse que “imaterialidade é uma palavra muito engraçada no âmbito cinematográfico, porque tudo o que se filma é material”. Exemplificou com os ex-votos, que “são bastante materiais, mas referem uma imaterialidade”.

“São as promessas que as pessoas fazem fisicamente, em quadros, e que depositam normalmente nas igrejas para agradecer uma cura ou algo que achem que tem fundamento religioso”, explicou, contando que, a este respeito, o documentário se foca na Festa de Nosso Senhor dos Caminhos, em Rãs.

O realizador frisou que “aquilo que é imaterial é a assunção daquilo que é o passado e que está prestes desaparecer”.