Geral

30 de 07 de 2022, 09:00

Cultura

É um pássaro? É um avião? Não, é uma passarola!

ACERT apresenta este sábado, em Tondela, o espetáculo comunitário “A Passarola”, baseado na obra “Memorial do Convento”, de José Saramago

passarola

Fotógrafo: D.R./ACERT

A megalomania, o egoísmo, a imaginação, o engenho e o amor são os principais ingredientes do novo espetáculo da ACERT, “A Passarola”, que estreia este sábado à noite em Tondela.

O espetáculo encenado pela companhia Trigo Limpo é baseado no livro “Memorial do Convento”, de José Saramago, numa peça que comemora os 100 anos do nascimento do único Nobel da Literatura português.

Do encontro improvável do padre Bartolomeu de Gusmão, Baltazar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas e da construção e viagem da Passarola, surge um espetáculo de teatro de rua comunitário que terá a própria passarola como parte integrante do cenário, num registo semelhante a outros espetáculos de rua realizados pela ACERT.

Para o ator e encenador Pompeu José, trata-se de “uma adaptação livre de uma parte” do livro de Saramago focada mais “no cruzamento entre a construção da passarola em si mesma e, ao mesmo tempo, a construção do Palácio de Mafra, que era uma promessa do rei D. João V, que queria construir o convento se a rainha lhe desse um filho no prazo de um ano”.

“É uma leitura trágico-cómica, uma vez que tudo isto se passa no tempo da Inquisição, o que vem trazer grande pressão sobre Bartolomeu de Gusmão e cria uma grande tensão na construção da passarola que vai ser usada para a fuga de Bartolomeu, Blimunda e Baltazar”, explica.

Segundo Pompeu José, “A Passarola” terá o envolvimento comunitário de 40 pessoas, além dos elementos ligados à ACERT e de cinco músicos que irão tocar ao vivo a banda sonora da peça. “Visualmente, vai acontecer mesmo o voo da passarola, ou seja, há um elemento cénico que vai sobrevoar o palco”, acrescenta.

O encenador refere que a ideia por detrás deste novo espetáculo é refletir “sobre este cruzamento fortíssimo entre o imaginário e a realidade”.

“E, quando a realidade é tomada pelo imaginário, acontece o romance de José Saramago, que é lindíssimo. Mesmo para quem foi obrigado a ler em escola, acho que é muito mais gratificante vê-lo agora ao vivo e é mais fácil perceber toda a história que nos conta”, garante Pompeu José.

O espetáculo está marcado para começar às 22h00.