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20 de 05 de 2023, 08:00

Cultura

Emigração no olhar de seis artistas em exposição a partir deste sábado

Museu do Linho de Várzea de Calde, em Viseu, inaugura este sábado à tarde a exposição “Ecos da Ida e do Retorno”. Exposição multimédia contempla trabalhos feitos por seis artistas nacionais e internacionais que procuram refletir sobre a emigração e as memórias que dela advinham

exposição emigração

Fotógrafo: Binaural Nodar

O Museu do Linho de Várzea de Calde, em Viseu, inaugura este sábado (20 de maio) à tarde a exposição “Ecos da Ida e do Retorno”. A mostra, integrada na programação dos museus municipais de Viseu para o Dia Internacional dos Museus, foi preparada com a associação cultural Binaural Nodar.

A exposição multimédia contempla trabalhos feitos por seis artistas nacionais e internacionais que procuram refletir sobre a emigração e as memórias que dela advinham. Ana Rodríguez, André Araújo, Liliana Silva, Luís Costa, Niccolò Masini e Rafael Bresciani prepararam quatro obras artísticas que pensam e expressam a história da migração na região de Viseu e na freguesia de Calde, local do Museu do Linho.

André Araújo é o autor de “Vaza e o tempo não guarda”, onde o músico e artista multidisciplinar trabalhou a temática da emigração a partir do conflito entre o rural e o urbano.

Já Ana Rodríguez, Liliana Silva e Luís Costa prepararam “Sentidos da emigração na freguesia de Calde”, onde a equipa da Binaural fez entrevistas sonoras e recolheu registos fotográficos com antigos e atuais emigrantes originários da freguesia de Calde.

O italiano Niccolò Masini criou a instalação vídeo “Por bem a nossa casa vem”, com duração contínua de 10 minutos e que reflete sobre as linguagens e os significados da partida e do retorno através do desaparecimento.

O brasileiro Rafael Bresciani criou “Mares de Morros”, uma releitura da obra “Caminho pro Mar”, também da autoria deste artista que se inspirou na história de migração da sua família, que migrou da Itália para o Brasil, para depois voltar às origens depois de cinco gerações.

“Desde o final do século XIX até à atualidade, milhões de portugueses emigraram, procurando alternativas à pobreza, a uma economia de subsistência e/ou à falta de oportunidades de trabalho. Como tal, a emigração é simultaneamente parte da memória e do presente das regiões rurais portuguesas”, explica a Binaural.

A associação cultural lembra que, em cada aldeia, há ligações com pessoas que emigraram para diversos países como Brasil, Venezuela, Estados Unidos da América, França, Alemanha, Suíça ou Luxemburgo e acolhem pessoas originárias dos vários continentes.

“Existe um leque literalmente infinito de temas que é possível aprofundar quando se contacta diretamente com antigos e atuais emigrantes e com os seus descendentes, como a arquitetura, a economia, a língua, os sentidos de pertença e de inserção cultural dos que emigraram e dos seus descendentes, as perceções sobre a evolução dos lugares de destino e origem, o tipo de vinculação com o mundo rural, as narrações e os registos documentais familiares, a simbologia e semiótica afetiva, a gastronomia e tantos outros”, enaltece a associação.

“Ecos da Ida e do Retorno” foi concebida na sequência de dois ciclos de residências artísticas que decorreram em setembro e outubro do ano passado. A exposição é inaugurada às 15h30.