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Marco Ramos
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O Trigo Limpo Teatro ACERT apresenta na sexta-feira e no sábado na Guarda o espetáculo “25 de Abril: A Divina Surpresa”, que celebra o legado da revolução e o centenário de Eduardo Lourenço.
“É a nossa história do 25 de Abril enquadrada no pensamento de Eduardo Lourenço”, revelou à agência Lusa o encenador e diretor do ACERT, José Rui Martins.
O espetáculo, que estreia no Teatro Municipal da Guarda (TMG), foi criado para o encerramento da programação do centenário do nascimento do escritor e ensaísta Eduardo Lourenço e integra a programação do Guarda-Livros – 2.º Salão do Livro, que decorre na cidade de sexta-feira e até ao dia 26.
O “25 de Abril: A Divina Surpresa” foi construído a partir de uma história escrita pelo guardense Pedro Leitão.
O elenco do espetáculo é composto por atores do ACERT, do distrito da Guarda e também por participantes de ‘workshop’ promovido pelo grupo Aquilo Teatro.
Conta ainda com a participação do Grupo Coral de Maçainhas, da Guarda, e do Teatro Académico Gil Vicente.
De acordo com José Rui Martins, o espetáculo conta uma história ficcional, mas que se afasta do lugar-comum que caracteriza a Revolução de Abril.
O encenador aponta que a história contada associa-se ao pensador Eduardo Lourenço que falava sobre a sua terra numa perspetiva universalista.
“Eduardo Lourenço permitiu-nos que as personagens integrassem nas suas falas o seu pensamento. Está diluído nas ideias que as personagens estão a transmitir”, sustenta José Rui Martins.
Na peça não se pretende que Eduardo Lourenço “seja um personagem estereotipado, ainda que o seu pensamento e a sua história de vida possam povoar simbolicamente ‘o pó do tempo’”, salienta a sinopse do espetáculo.
O encenador desvendou que a história flui num ambiente rural num lugar chamado S. Pedro, num espaço que é o país noutra realidade sociopolítica. Existe um velho que tem o hábito de ir para junto dos cruzeiros e que é encarado como um sinal de esperança. Um grifo faz desaparecer este velho e assume-se como salvador da pátria.
“Diz às pessoas que não precisam de sonhar, porque ele sonharia com elas. Toda a narrativa se passa entre esta população e este grifo que tira o direito de sonhar”, descreve José Rui Martins.
Neste “universo do fantástico”, existe ainda um louco, que o grifo chama de estrangeiro, que fala as letras das canções de Zeca Afonso.
José Rui Martins salienta que a música surge como um elemento preponderante no espetáculo. Existe ainda um objeto proibido, que é o livro, uma rapariga, um carteiro e um cravo.
“Acompanhamos em S. Pedro a história de um povo proibido de sonhar e de uma rapariga que, vivendo as chagas da brutalidade e da repressão, busca forma de replantar o sonho através da lição retirada de um livro proibido que lhe chegou às mãos de forma inesperada”, relata a sinopse do espetáculo que sobe ao palco do Grande Auditório do TMG nos dias 17 e 18, pelas 21:30.
Depois da estreia, “25 de Abril: A Divina Surpresa” será apresentado a 25 em Tondela, no distrito de Viseu, e a 31, no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra.