Carlos Eduardo

10 de 02 de 2024, 18:05

Cultura

''Mais do que ler muito, é importante como contamos as histórias às crianças''

Adriana Alves lançou-se no mundo da literatura infantil e apresenta-nos o Bernardo. A personagem principal da história surge numa viagem literária que atravessa uma horta e o convívio próximo com os avós. Valores como empatia e amor estão numa narrativa contada com sabor a chocolate

Fazia falta falar sobre amor num livro infantil?
Sim. O leque de escolhas em termos de literatura infantil é vasto. Temos bastantes opções. No entanto, este tem um foco muito especial na relação entre avós e netos. É o fruto emocional que os meus avós deixaram na minha vida. É um livro dedicado à minha filha e que, à semelhança que tive com os meus avós, também tem uma relação de proximidade com os avós. Uma presença diária. Creio que isso só pode ser positivo para o crescimento e para o desenvolvimento da Benedita.

Que avós teve a Adriana?
Tive o avô Aníbal e a avó Dolores, paternos, que embora não vivessem tão próximos de mim, estavam muito presentes na minha vida. Eu era a neta que ia passar as férias a casa dos avós.

Era a neta mais velha?
Sempre a mais nova, nos dois casos. Somos uma família muito pequena. Só tenho dois primos direitos, um do lado do meu pai, outro do lado da minha mãe. E eu sou a única neta. Da parte materna, só conheci a minha avó Isabel, que perdi há quatro anos. Neste momento, já não tenho avós. Estarão certamente a olhar por mim. Infelizmente não conheci o meu avô materno. Já tinha falecido quando eu nasci.

Que ensinamentos lhe deixaram?
Eu costumo dizer que se tive uma infância feliz, aos meus avós o devo. Os avós eram o aconchego, o colo, a pomada das feridas, não só físicas, como emocionais. Os doces partilhados em segredo. Eram o contrário dos pais, que tendem a ser, carinhosamente, o exagero das recomendações. Os avós são mesmo a nossa herança emocional. Ensinaram-me o amor, o cuidado, uma presença que cura. Tenho a certeza que me transmitiram valores como o da capacidade de me colocar no lugar dos outros, reconhecer e identificar as emoções dos outros. A proximidade e a ligação às raízes, à aldeia… Tudo o que se pretendia que acontecesse com todas as crianças e que, infelizmente, não acontece. Felizmente, comigo aconteceu e sou muito grata aos meus avós e à minha família. É a base segura. E sinto isso. As relações de proximidade com a família contribuem muito para a nossa felicidade.

(Ler mais na edição impressa desta sexta-feira, 9 de fevereiro, do Jornal do Centro)