Cultura

Museus de Viseu lançam visitas virtuais. Mais de 30 atividades assinalam Dia Internacional

Câmara apresenta nova imagem para a rede de museus. Imagoteca Municipal vai ser reativada

Os museus municipais de Viseu vão lançar visitas virtuais e uma nova imagem de marca e comemorar o Dia Internacional dos Museus com mais de 30 atividades que vão decorrer entre os dias 18 e 21 de maio.

As novidades foram apresentadas esta terça-feira (dia 9) no Museu de História da Cidade. A vereadora da Cultura na Câmara, Leonor Barata, referiu que o objetivo passa por desafiar as pessoas a olhar para os museus de uma forma diferente com uma agenda “muito preenchida” de iniciativas.

“A programação é suficientemente inspiradora para que as pessoas possam visitar os museus. Aconselhamos as pessoas a aceitar este desafio para visitarem numa perspetiva que não costumamos associar a estes espaços porque os museus não são espaços fechados. São espaços abertos, de luz e de movimento, ao contrário da ideia que temos de que são todos muito estáticos e onde não se pode fazer barulho”, disse.

A Câmara também vai reativar a Imagoteca Municipal. Entre os principais destaques da programação está o Roteiro Refotografar Viseu, que “reaviva” o acervo fotográfico da cidade. “Vamos reativar a Imagoteca no sentido de continuar a preencher com novas fotografias e novos desafios para quem queira participar e colaborar connosco”, disse Leonor Barata.

A iniciativa organizada pelo Museu de História da Cidade está agendada para 20 de maio e desafia os participantes a percorrer o centro histórico para encontrar imagens tiradas na primeira metade do século XX e refotografá-las nos dias de hoje.

Outra das atrações é uma mesa-redonda sobre o bem-estar e a sustentabilidade nos museus, contando com a participação de um museólogo e um psiquiatra. O debate, que também irá refletir sobre a temática da saúde mental, está agendado para dia 18 no Museu Keil Amaral.

Já no Museu do Linho de Várzea de Calde, será inaugurada no dia 20 a exposição “Ecos da Ida e do Retorno”, em parceria com a Binaural Nodar, com obras artísticas, entrevistas etnográficas, fotografias e documentos sobre a emigração.

A agenda inclui ainda oficinas criativas nos museus do Linho de Várzea de Calde, História da Cidade e Almeida Moreira e na Casa da Ribeira, um percurso pelo Parque Linear do Pavia, um passeio geológico pelo Monte de Santa Luzia, visitas guiadas, curtas-metragens e aulas de desenho.

A programação comemorativa do Dia Internacional dos Museus faz parte de uma série de iniciativas que a autarquia viseense preparou para promover os espaços municipais e que mostram “um novo pensamento estrutural sobre a realidade dos museus”, num trabalho desenvolvido ao longo do último ano.

Museus com visitas virtuais
Uma das novidades são as visitas virtuais em formato 3D que, a partir do verão, vão permitir o acesso à distância aos museus municipais. “Não substitui a visita presencial, mas quem está longe, quem quer fazer um trabalho ou quem tem curiosidade consegue visitar virtualmente todos os nossos museus e consegue ter acesso a vídeos ilustrativos”, revelou Leonor Barata. As visitas virtuais estarão disponíveis no site www.visitviseu.pt.

A nova funcionalidade, acrescentou a vereadora da Cultura, pretende dar “uma imagem muito completa” dos museus de Viseu. “As visitas virtuais atingiram um boom durante a pandemia e muitos museus utilizaram essa estratégia para colmatar a falta de visitas presenciais. Mas não optámos por causa da pandemia, foi porque sentimos a necessidade de dar uma nova ferramenta para que as pessoas possam estudar, analisar e percecionar o museu de outra maneira”, justificou.

Os museus municipais também vão passar a ter uma nova imagem de marca uniformizada para que “se perceba que, apesar de serem todos diferentes, são todos ramos da mesma árvore”, anunciou Leonor Barata. Os novos logótipos serão implementados ao longo dos próximos meses.

Além disso, a partir de 18 de maio, serão disponibilizados novos materiais de divulgação com informações sobre todos os espaços museológicos e que “sirvam de ‘publicidade’ aos museus”. “Construímos um pequeno livro que junta toda a informação para que não esteja dispersa e que é constituído por pequenos fascículos dedicados a cada museu. Pensamos que isto pode ser importante na divulgação do que se vai fazendo”, explicou a vereadora da Cultura.

Museus abertos aos domingos no verão
Já no verão e a pensar nos turistas, os museus Almeida Moreira, Keil Amaral e de História da Cidade terão novo horário e estarão abertos aos domingos, de 15 de junho a 15 de setembro. A medida é justificada pela necessidade de “captar turistas” para estes três locais do centro histórico. “Sabemos que não temos uma procura exacerbada aos domingos, mas ainda assim vamos tentar promover várias atividades para ver se incluímos os nossos museus nos passeios da tarde de domingo”, admitiu Leonor Barata.

No entender da vereadora, ao domingo, “ou há programas muito específicos dentro dos museus, como uma oficina, uma mesa-redonda ou o lançamento de um livro”, ou então esse “não é um dia de visita”.

Mudanças que visam “articular a programação e as atividades dos diversos museus, que são muito específicos e com realidades muito particulares, e dar-lhes uma marca identitária que se perceba que cada um tem a sua especificidade, mas que todos fazem parte de uma grande rede municipal de museus”, acrescentou a vereadora.

“Os museus são espaços em que a memória é preservada, mas acreditamos que a memória não deve ser preservada de forma imutável e que a memória deve ser vivida e projetada para o futuro. Por isso é que os museus devem ter uma programação ativa e em rede. O que fazemos nos museus municipais é serviço público de alta qualidade porque, ao mesmo tempo que preservamos a nossa memória, costumes e identidades, estamos a formar os nossos cidadãos para que desenvolvam um espírito mais crítico e reflexivo sobre a própria realidade e o que são as exigências da vida no nosso território”, afirmou.

Na ótica de Leonor Barata, só facilitando “o encontro, a promoção e a divulgação” que a Câmara espera atingir o objetivo de “comunicar com as pessoas e pô-las a vir aos museus” que, de resto, terão uma programação em rede “com atividades para que cantemos a mesma música e estejamos harmonizados nas diversas propostas”.

Segundo a vereadora, os museus municipais mais visitados são o Museu do Quartzo, que é bastante visitado pelas escolas, e também a Quinta da Cruz e o Museu Almeida Moreira, sobretudo na primavera e no verão.

Museu do Quartzo "carece de um novo impulso", admite Fernando Ruas
Na apresentação esteve ainda o presidente da Câmara, Fernando Ruas, que frisou a importância da rede de museus municipais que considera ser única.

“Não tínhamos uma rede de museus, tínhamos apenas o Museu Grão Vasco e foi ao longo destes anos que conseguimos implementando esta rede de museus setoriais, alguns dos quais inéditos. Não conheço nenhum concelho com as nossas caraterísticas que tenha uma rede de museus com esta dimensão”, afirmou realçando ainda a importância da conservação do património e da promoção de nomes ligados à região. O autarca admitiu também que o Museu do Quartzo “carece de um novo impulso”.